A LEI Nº 10.639/03 E AS DISPUTAS DOS CONTEÚDOS CURRICULARES NA EDUCAÇÃO BÁSICA
DOI:
https://doi.org/10.12957/riae.2023.72547Keywords:
Currículo integrado, Educação integral, Institutos Federais, Lei nº 10.639/03, MNU.Abstract
O intuito deste artigo é contribuir para compreender o processo que resultou na criação da Lei nº 10.639/03. Essa lei determina a presença dos conteúdos História e Cultura Afro-brasileira no currículo oficial da Rede de Ensino Básico do Brasil. Utilizamos como procedimento metodológico a revisão bibliográfica acerca do Movimento Negro Unificado (MNU) e outros movimentos sociais que despontaram no final da década de 1970. O nosso lugar de fala é o da perspectiva da formação integral, cuja proposta está materializada na Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica e na oferta do Ensino Médio Integrado ao Ensino Técnico dos Institutos Federais de Educação Profissional, Científica e Tecnológica. Nesse sentido, o artigo localiza a referida lei e a proposta de formação integral nos IFs, nas lutas e resistências que contribuíram para que, atualmente, questionemos o currículo escolar eurocentrado. Após introduzir, abordamos a natureza dos IFs, da formação integral e do currículo integrado. Na seção seguinte, desenvolvemos uma síntese das lutas sociais que resultaram na Lei nº 10.639/03 e, em seguida, abordamos o fenômeno social racismo nas suas formas e concepções. A última seção problematiza currículo, sociedade e racismo, para, nas considerações finais, afirmarmos que só entenderá o Brasil quem estiver disposto a compreender a questão racial, problema indissociável de todas as nossas questões estruturais.
References
ALMEIDA, S.L. Racismo estrutural. São Paulo: Sueli Carneiro; Editora Jandira, 2021. 256p.
ALTHUSSER, L. Aparelhos ideológicos de Estado. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1985. 127p.
ALVES, D. S. et al. (orgs.). Promovendo igualdade racial: para um Brasil sem racismo. Brasília: SEPPIR, 2016. 126p.
BARBOSA, M. Entrevista à Dennis Oliveira. Revista Fim do Mundo, Marília, n. 4, p. 375-382, jan.-abr. 2021.
BRAUNS, E.; SANTOS, G.; OLIVEIRA, J.A. de. (orgs.).Movimento Negro Unificado: a resistência nas ruas. São Paulo: Edições Sesc e Fundação Perseu Abramo, 2019. 208p.
BOURDIEU, P. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1989. 311p.
CARDOSO, M. O movimento negro em Belo Horizonte: 1978-1998. Belo Horizonte: Mazza, 2002. 232p.
CARNEIRO, S. A construção do outro como não-ser como fundamento do ser. 2005. Tese (Doutorado em Educação) –Universidade de São Paulo, Faculdade de Educação, São Paulo, 2005.
CASTRO, C.A. Movimento socioespacial de cursinhos alternativos e populares: a luta pelo acesso à universidade no contexto do direito à cidade. 2011. Tese (Doutorado em Geografia) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Geociências, Campinas, 2011.
CASTRO, C.A; PLÁCIDO, R.L; SCHENKEL, C.A. História socioespacial do trabalho no Brasil, educação profissional tecnológica e a questão regional. Revista Labor, Fortaleza, v. 1, n. 24, p. 331-355, 2020. Disponível em: <http://www.periodicos.ufc.br/labor/article/view/44200/162282>. Acesso em: 5 jan. 2023.
CUNHA JR., H. Contexto, antecedente e precedente: curso pré-vestibular do Núcleo da Consciência Negra na USP. In: ANDRADE, R.M.T.; FONSECA, E. F. (orgs.). Aprovados: cursinho popular e população negra. São Paulo: Selo Negro, 2002. p. 17-33.
DOMINGUES, P. Movimento negro brasileiro: alguns apontamentos históricos. Tempo, v. 12, p. 100-122, 2007.
FERNANDES, F. A revolução burguesa no Brasil: ensaio de interpretação sociológica. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1974. 473p.
GORENDER, J. O escravismo colonial. 4. ed. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2010. 650p.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil. Estudos e Pesquisas – Informação Demográfica e Socioeconômica, n. 41, 2019. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101681_informativo.pdf>. Acesso em: 22 nov. 2022.
MUNANGA, K. Uma abordagem conceitual das noções de raça, racismo, identidade e etnia.Palestra proferida no III Seminário Nacional Relações Raciais e Educação. [S. l.]: [s. n.], 2003. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=7FxJOLf6HCA&ab_channel=Am%C3%ADlcarIf%C3%A9>. Acesso em: 17 set. 2022.
NITSCHKE, A.; PLÁCIDO, R. L.; PITT, H.O núcleo docente básico na construção curricular do ensino médio integrado em um instituto federal: avanços e limites. Reflexão e Ação, Santa Cruz do Sul, v. 29, n. 3, p. 41-56, set.-dez. 2021. Disponível em: <https://online.unisc.br/seer/index.php/reflex/article/view/16362>. Acesso em: 2 jan. 2023.
OLIVEIRA, F. Crítica à razão dualista: o ornitorrinco. São Paulo: Boitempo Editorial, 2003. 150p.
PACHECO, E. M. Os institutos federais: uma revolução na educação profissional e tecnológica. Natal: Editora do IFRN, 2010. 28p.
PEREIRA, A. A. O movimento negro brasileiro e a lei nº 10.639/2003: da criação aos desafios para a implementação. Revista Contemporânea de Educação, v. 12, n. 23, p. 13-30, 2017.
PEREIRA, A. A. Movimento negro brasileiro: aspectos da luta por educação e pela “reavaliação do papel do negro na história do Brasil” ao longo do século XX. In:Simpósio Nacional de História, 26., 2011, São Paulo. Anais [...]. São Paulo: ANPUH, 2011. Disponível em: <http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/14/1300639227_ARQUIVO_MovimentonegronoBrasil-ANPUH2011.pdf>. Acesso em: 5 jan. 2023.
PLÁCIDO, R.;BENKENDORF, S.;TODOROV, D. Porosidade e permeabilidade: uma abordagem mesoanalítica em história das instituições escolares a partir da Cultura Escolar. Metodologias e Aprendizado, v. 4, p. 83-196, 2021. Disponível em: <https://doi.org/10.21166/metapre.v4i.2221>. Acesso em: 9 jan. 2023.
PODER 360. Criticado, “Estadão” troca foto de mão negra segurando arma. Poder 360, 27 nov. 2022. Disponível em: <https://www.poder360.com.br/midia/criticado-estadao-troca-foto-de-mao-negra-segurando-arma/>. Acesso em: 5 jan. 2023.
RACIONAIS: das ruas de São Paulo pro mundo. Direção: Juliana Vicente. São Paulo: Produtora Preta Portê Filmes, 2022.
RAMOS, M. Possibilidades e desafios na organização do currículo integrado. In: FRIGOTTO, G.; CIAVATTA, M.; RAMOS, M. (orgs.).Ensino médio integrado:concepção e contradições. São Paulo: Cortez, 2005. p. 106-127.
RAMOS, M. Concepção do ensino médio integrado. [S. l.]: [s. n.], 2008. Disponível em: <http://forumeja.org.br/go/sites/forumeja.org.br.go/files/concepcao_do_ensino_medio_integrado5.pdf>. Acesso em: 9 jan. 2023.
RAMOS, M. Possibilidades e desafios na organização do currículo integrado. In:FRIGOTTO, G.; CIAVATTA, M.; RAMOS, M. (orgs.). 3. ed. São Paulo: Cortez, 2012. p. 107-128.
SADER, E. Quando novos personagens entram em cena: experiências, falas e lutas dos trabalhadores da Grande São Paulo, 1970-80. São Paulo: Paz e Terra, 1988. 327p.
SANTOS, M. O espaço do cidadão. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2007. 176p.
SAVIANI, D. Pedagogia Histórico-Crítica: primeiras aproximações. Campinas: Autores Associados, 2003. 153p.
SAVIANI, D. Educação: do senso comum à consciência filosófica. 15. ed. Campinas: Autores Associados, 2004.
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Copyright (c) 2023 Nilson de Souza Leal, Cloves Alexandre Castro

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Authors retain copyright to their work, are permitted to publish and distribute their work online (e.g., in institutional repositories or on their personal page) at any point before or during the editorial process, as this may generate productive changes, as well as increasing the impact and citation of published work.
The acceptance of the text implies the authorization and exclusivity of the Revista Interinstitucional Artes de Educar regarding the right of first publication, the published works are simultaneously licensed with a Creative Commons Attribution-Non Commercial 4.0 International License