Infâncias e a luta das mulheres: resistência plurais, feminismos e pedagogias descolonizadoras
DOI:
https://doi.org/10.12957/riae.2022.65323Palavras-chave:
Infâncias, Feminismos, Pedagogias descolonizadorasResumo
Este artigo traz interlocuções de pesquisas sobre infâncias, feminismos plurais e estudos decoloniais no âmbito do Gepedisc Culturas Infantis. Na primeira parte, apresenta um percurso de pesquisa e criação abordando a temática da cultura da violência, em uma perspectiva de análise interseccional, considerando o nó (Saffioti, 2015) que ata capitalismo-patriarcado, enredando classe, sexismo e racismo. Problematiza a cultura patriarcal (hooks, 2013) com suas pedagogias da crueldade (Segato, 2014) e aponta uma metodologia de pesquisa antropofágica na hipótese dos sinais remanescentes da cultura matriarcal (Andrade, 1990), através de poéticas e políticas da resistência em busca de pedagogias descolonizadoras. Nos interstícios do artigo, as vozes da poesia indígena ecoam com a poética de Márcia Wayna Kambeba, da etnia Omágua Kambeba.Na segunda parte, apresenta os resultados de uma pesquisa de doutorado acerca das formas de resistência das mulheres-mães que vivem com seus filhos e filhas na cidade de Manaus, capital do estado que concentra a maior população indígena do país. A pesquisa revela os efeitos da colonização na educação das crianças pequenininhas de 0 a 3 anos de idade, com foco nas questões de gênero e etnia, evidenciando a relação entre o processo de colonização e a forma como a colonialidade opera, criando entre os povos colonizados mecanismos de hierarquização que reforçam e reproduzem as desigualdades sociais, afetando o cuidado e a educação das crianças pequenininhas em ambientes urbanos.
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