O DIREITO À MORADIA ADEQUADA E A ADPF 828-DF: UMA ANÁLISE A PARTIR DO PROCESSO ESTRUTURAL

Autores

  • Silvia Gomes Noronha Universidade Federal do Pará
  • Luly Rodrigues da Cunha Ficher Universidade Federal do Pará
  • Gisele Santos Fernandes Góes Universidade Federal do Pará

DOI:

https://doi.org/10.12957/redp.2023.79583

Resumo

A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 828-DF foi proposta perante o Supremo Tribunal Federal pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), acompanhado de outros partidos políticos e diversas instituições, entidades e movimentos da sociedade civil organizada, com pedido de concessão de medida cautelar em face de atos do poder público relativos às desocupações, despejos e reintegrações de posse, diante do cenário pandêmico e da continuidade de tramitação de processos judiciais e administrativos que culminam em despejos e remoções forçadas coletivas. O artigo busca analisar, por meio de revisão teórica sobre processos estruturais, em que medida a quarta tutela provisória incidental na ADPF 828 pode ser vista como decisão estruturante e pode contribuir com o acesso ao direito à moradia adequada no período pós-pandêmico. Como metodologia de pesquisa, foi realizada uma abordagem qualitativa para estudo da decisão, que estabeleceu um regime de transição para a progressiva retomada de execução de decisões envolvendo despejos e remoções em ações coletivas, além de análise documental e revisão bibliográfica narrativa. Concluiu-se que a decisão, apesar de possuir pontos que podem ser considerados como negativos e omissos, também foi um marco e paradigmática por representar uma mudança de percepção na Corte por meio do estabelecimento de mecanismos participativos e colaborativos, na medida em que determinou a criação de uma Comissão de Conflitos Fundiários no âmbito dos Tribunais Estaduais e Regionais para apoio operacional aos juízes e também a obrigatoriedade de realização de inspeções judiciais e audiências de mediação, que devem ser prévias a qualquer ordem de desocupação coletiva, o que representa um leque de características estruturantes que podem possibilitar que o conflito social seja tratado de forma dialógica com a participação de todos os atores envolvidos e que seja alcançada a promoção do direito à moradia, podendo impactar na implantação de políticas públicas de regularização fundiária no país.

Biografia do Autor

Silvia Gomes Noronha, Universidade Federal do Pará

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Direito e Desenvolvimento na Amazônia (PPGDDA) da Universidade Federal do Pará. Especialista em Direitos Fundamentais pela Universidade Federal do Pará. Defensora Pública do Estado do Pará, Titular da 2ª Defensoria Pública de Defesa da Moradia. Belém, Pará, Brasil.

Luly Rodrigues da Cunha Ficher, Universidade Federal do Pará

Doutora em Direito pela UFPA e Universidade de Paris XIII em regime de cotutela. Mestre pela UFPA. Professora Adjunta do Instituto de Ciências Jurídicas da UFPA (Graduação e Pós-Graduação). Advogada. Pesquisadora associada do Laboratoire Caribeen des Sciences Sociais (CNRS-França).  Belém, Pará, Brasil.

Gisele Santos Fernandes Góes, Universidade Federal do Pará

Doutora (PUC-SP). Mestre (UFPA). Professora (UFPA). Procuradora Regional do Trabalho (8ª Região). Belém, Pará, Brasil.

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Publicado

2023-10-16 — Atualizado em 2023-10-16

Versões

Como Citar

Gomes Noronha, S., Rodrigues da Cunha Ficher, L., & Santos Fernandes Góes, G. (2023). O DIREITO À MORADIA ADEQUADA E A ADPF 828-DF: UMA ANÁLISE A PARTIR DO PROCESSO ESTRUTURAL. Revista Eletrônica De Direito Processual, 24(3). https://doi.org/10.12957/redp.2023.79583