CONVERSAS SOBRE FEMINILIDADES NA PANDEMIA: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS ANTISSEXISTAS A PARTIR DA SÉRIE “CONFISSÕES DE ADOLESCENTE”
DOI:
https://doi.org/10.12957/redoc.2022.62637Palavras-chave:
Pandemia. Gênero. Feminilidades. Conversas Online.Resumo
A pandemia lançou o mundo num cenário caótico e imprevisível provocando mudanças inimagináveis. A educação teve um impacto considerável, pois o isolamento social, uma das medidas necessárias para conter o novo corona vírus, vem se estendendo no país desde março de 2020. Neste contexto, as aulas presenciais foram suspensas e as redes buscaram alternativas para darem continuidade à formação em formato remoto. Este artigo traduz análises realizadas sobre as percepções das diversas feminilidades na escola, a partir de um trabalho pedagógico interdisciplinar desenvolvido por duas professoras, uma de Língua Portuguesa e outra de Ciências, em turmas do 8º ano do ensino fundamental de uma escola pública do Município do Rio de Janeiro, no período da pandemia. O objetivo é investigar as construções sociodiscursivas de alunos e alunas sobre os significados de “ser mulher” hoje. Adotando a conversa como procedimento metodológico de uma pesquisa qualitativa, tivemos, como mote, a série “Confissões de Adolescente” (1994), obra que foi a disparadora de debates, via Whatsapp, o que nos levou à netnografia, como metodologia secundária. O objetivo era acessar os discursos de alunos e alunas no sentido de indagar a noção essencializada do “ser mulher”, questioná-la e (re) significar as noções de feminilidades e, mesmo, de masculinidades, entendendo que gênero é um conceito relacional. Os achados inscrevem-se, também, na visibilidade de práticas pedagógicas insurgentes no cotidiano escolar, indicando que adolescentes (re)significam experiências e repensam os processos de constituição de subjetividades que constroem masculinidades e feminilidades, contribuindo, assim, para uma formação antissexista e antimachista.
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