TECENDO RESISTÊNCIAS LGBTQIAPN+ NA EDUCAÇÃO:
a construção de atos de currículo na cibercultura contra os silenciamentos.
DOI:
https://doi.org/10.12957/periferia.2024.85923Palavras-chave:
Currículo; , Sexualidade; , Cibercultura; , Multirreferencialidade; , Pesquisa-formação.Resumo
O presente estudo relata as itinerâncias do processo de pesquisa desenvolvido em uma Escola de Ensino Fundamental e Médio, a partir da perspectiva de professores-pesquisadores-formadores. O objetivo é questionar o currículo escolar e discutir a temática LGBTQIAPN+ no cotidiano do espaço educacional (Alves, 2019), promovendo atos de currículo (Macêdo, 2011) que contribuam para a autoformação e a formação dos estudantes, com o uso de mídias digitais e a construção de dispositivos autorais. A pesquisa adotou a metodologia da pesquisa-formação na cibercultura (Santos, 2019), que viabilizou a construção de atos de currículo voltados para a discussão de uma temática frequentemente silenciada na escola: a sexualidade. O trabalho foi desenvolvido por meio do projeto Cine da Diferença e de rodas de conversa, que estimularam a criação de materiais autorais, como cards no Canva e vídeos no TikTok, posteriormente postados na página do Instagram @juntos_e_diferentes. Os resultados evidenciaram que o debate sobre a diferença (Paraíso, 2023) começou a se consolidar no ambiente da sala de aula, especialmente por meio do dispositivo “Juntos_e_Diferentes”, que questiona a cisheteronormatividade. As produções dos estudantes fortaleceram sua participação ativa na construção de novas práticas curriculares, culminando na criação da página no Instagram, que funciona como espaço de compartilhamento e reflexão. Verificou-se que o currículo escolar ainda se apresenta como um artefato rígido, resistente a rupturas. No entanto, foi possível identificar avanços, ainda que iniciais, na direção de um currículo rizomático (Deleuze; Guattari, 1995), formativo (Macêdo, 2011) e voltado para a diferença (Paraíso, 2023), articulado à cibercultura (Santos, 2019). Esses avanços apontam para a possibilidade de construção de novas tessituras curriculares que contemplem a diversidade e promovam uma educação mais inclusiva.
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