ENTRE LINGUAGENS: INTERMIDIALIDADE E A CONSTRUÇÃO DE SENTIDO EM A INVENÇÃO DE HUGO CABRET

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/pr.2024.87551

Palavras-chave:

Intermidialidade, Leitura Literária., Formação de leitores., Literatura infantojuvenil, Narrativa imagética.

Resumo

O presente texto analisa o livro A invenção de Hugo Cabret, de Brian Selznick (2007), a partir da teoria da intermidialidade. A obra combina imagens e texto alfabético em uma narrativa que se aproxima da cinematografia, utilizando duas linguagens que se complementam sem que uma se sobreponha à outra. Diferente de textos infantis tradicionais, em que as imagens geralmente exemplificam o texto escrito, os desenhos de Selznick assumem um papel essencial na narrativa, integrando-a de forma indissociável. A história se desenrola por meio de imagens e palavras que, juntas, constroem os significados, remetendo a um efeito de movimento semelhante ao da narrativa cinematográfica. Essa característica transforma o livro em uma experiência visual e textual única, ressaltando o papel das ilustrações como elementos narrativos autônomos e imprescindíveis. Para esta análise, adota-se a teoria da intermidialidade, proposta por Claus Clüver (2006), que examina a interação entre diferentes meios na construção de significados. Além disso, considera-se a perspectiva de Maria Helena Martins (2003), que defende que a leitura não se restringe ao texto alfabético, mas envolve experiências multissensoriais. A análise revela que A invenção de Hugo Cabret transcende as fronteiras entre imagem e texto, oferecendo uma leitura híbrida e inovadora. Como resultado, a obra amplia os horizontes da literatura infantojuvenil, desafiando os modelos tradicionais de narrativa e proporcionando ao leitor uma experiência interpretativa rica e multifacetada.

Biografia do Autor

Simone Maria Bacellar Moreira, Uerj

 Doutora em Estudos Linguísticos pela UFF. Professora no Departamento de Letras e do Programa do Mestrado Profissional em Letras da FFP-UERJ. Atuação nas áreas de Formação de Leitores, Letramentos e Leitura. Membro do Grupo de Pesquisa "Linguagem e Sociedade" (CNPq-UERJ) e do "Formação de professores, linguagens e justiça social" (CNPq-UERJ). Coordenadora do Projeto de Prodocência “Círculos de Letramentos – Narrativas de Vivência” da UERJ-FFP.

Elaine Cristina Carvalho Duarte, Uerj

Doutora em Literatura pela UnB. Experiência na área de Letras, atuando com temas como língua portuguesa e literatura, educação e tecnologia, metodologias ativas, multiletramentos, decolonialidade e intermidialidade. Experiência como professora do Ensino Básico e  Superior. Professora contratada do departamento de Letras FFP/Uerj. Tutora de Literatura Brasileira no curso de Letras da UFF/Cederj. Subcoordenadora do grupo de pesquisa e extensão, Escrevendo com(o) professores, vinculado ao Lalin da UFOP/Mariana. 

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Publicado

2024-12-17

Como Citar

Moreira, S. M. B., & Duarte, E. C. C. (2024). ENTRE LINGUAGENS: INTERMIDIALIDADE E A CONSTRUÇÃO DE SENTIDO EM A INVENÇÃO DE HUGO CABRET. Pensares Em Revista, (32), 31–52. https://doi.org/10.12957/pr.2024.87551

Edição

Seção

DOSSIÊ 32: LEITURA, LEITOR, LEITURABILIDADE, COMPREENSÃO LEITORA EM PERSPECTIVA TRANSLACIONAL/ DOSSIER 32: READING, READER, READABILITY, READING COMPREHENSION IN A TRANSLATIONAL PERSPECTIVE