“SEI EXPLICAR DA MINHA CABEÇA, MAS NÃO SEI COLOCAR NO PAPEL”: ESCRITA DE “REDAÇÕES MODELO ENEM” COM JOVENS QUE VIVENCIARAM CONFLITOS COM A LEI / "I CAN EXPLAIN FROM MY HEAD, BUT I CAN'T PUT IT ON PAPER": WRITING "ENEM MODEL ESSAYS” WITH JUVENILES WHO HAV

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.12957/pr.2024.82598

Palabras clave:

Letramentos críticos, Redação Modelo ENEM, Ensino de Língua Portuguesa, Vulnerabilidade Social, Jovens em conflito com a lei

Resumen

O artigo apresenta fundamentos, procedimentos, práticas e resultados de uma investigação que objetivou construir uma proposta de ensino de escrita voltada para a prova de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). A pesquisa desenvolveu-se no campo de um projeto de extensão universitária que, em convênio com o Tribunal de Justiça estadual, atua junto a jovens com histórico de conflito com a lei. Combinou-se a Pesquisa-Ação Socialmente Crítica (Tripp, 2005) à Análise de Conteúdo (Bardin, 2011) e o estudo fundou-se em estudos contemporâneos sobre os letramentos (Street; 2003, 2014; Gee, 2012; Janks, 2016; Kalantzis, Cope e Pinheiro, 2020). Associou-se o exercício da autoria e da criticidade ao desenvolvimento de práticas de escrita na variedade padrão da Língua Portuguesa, almejando-se contribuir para a superação do desencontro entre os conhecimentos dos/das participantes e aqueles exigidos no exame. Observou-se que a estandardização da escrita no gênero textual redação modelo ENEM, cuja estrutura induz à repetição de um formato previamente estabelecido, limita a autoria e o desenvolvimento de perspectivas críticas acerca dos temas abordados. Mesmo assim, constatou-se que o desenvolvimento de práticas de ensino de Língua Portuguesa pautadas nos letramentos sociais e críticos com jovens que vivenciaram conflitos com a lei pode contribuir para o desenvolvimento de conhecimentos e capacidades ligadas à escrita, embora tenham-se alcançado resultados limitados com relação à eventual aprovação no exame, tendo em vista as desigualdades educativas e as exclusões culturais que afetam a classe popular, somadas ao atual desenho excludente da prova de redação do ENEM.

Biografía del autor/a

Karina Rivelli Gonçalves Lima, Grupo de Pesquisa Formação de Professores, Linguagens e Justiça Social

Graduada em Letras pela Faculdade de Formação de Professores da UERJ, Mestre em Letras pelo Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística (PPLIN/FFP-UERJ). Membro do Grupo de Pesquisa Formação de Professores, Linguagens e Justiça Social. Professora de Língua Portuguesa,

Citas

BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. In: ¬¬______. Estética da criação verbal. Tradução de Paulo Bezerra. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2011, p. 63-283.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Tradução de Luís Antero Reto e Augusto Pinheiro. São Paulo: Edições 70, 2011, p. 49.

BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). A redação no Enem 2020: cartilha do participante. Brasília: INEP, 2020

BRONCKART, J. P. Atividade de linguagem, textos e discursos. Por um interacionismo sócio-discursivo. Trad. Anna Rachel Machado e Péricles Cunha, São Paulo: Educ,1999.

CHARTRAND, S. G., ÉMERY-BRUNEAU, J.; SÉNÉCHAL, K. Caractéristiques de 50 genres: pour développer les compétences langagières en français. 2. ed. Québec: Didactica, 2015.

COPE, B; KALANTZIS, M. (Ed.). Multiliteracies: literacy learning and the design of social futures. London: Routledge, 2000.

FELPI, L (Org.). Cartilha Redação a Mil: 3.0 – 24 das 28 redações nota 100 no Enem 2020. São Paulo: Rio Branco, 2021, p. 8-17. Disponível em: <https://pt.calameo.com/read/005876988604b5f78252d>. Acesso em: 17 fev. 2022.

FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987, p. 38.

GEE, J. P. Social linguistics and literacies: ideology in discourses. 4. ed. New York: Routledge, 2012.

JANKS, H. Panorama sobre letramento crítico. In: JESUS, D. M. de; CARBONIERI, D (Org.). Práticas de Multiletramentos e Letramento Crítico: outros sentidos para a sala de aula de línguas. Campinas: Pontes Ed., 2016. p. 21-39.

KALANTZIS, M.; COPE, B. Literacies. New York: Cambridge University Press,

KALANTZIS, M.; COPE, B.; PINHEIRO, P. Letramentos. Campinas: Unicamp, 2020.

KLEIMAN, A. B. (Org.). Os significados do letramento: uma nova perspectiva sobre a prática social da escrita. Campinas: Mercado de Letras, 1995.

KRETOVICS, J. R. Critical literacy: challenging the assumptions of mainstream educational theory. Boston: Journal of Education, v. 167, 1985. p. 50-62.

LIMA, K. R. G. Letramentos críticos e redação para o ENEM: desafios no ensino de língua portuguesa para pessoas em vulnerabilidade social. 2022. 60 f. Dissertação (Mestrado em Letras e Linguística) – Faculdade de Formação de Professores, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, São Gonçalo, 2023.

MARCUSCHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.

MENEZES DE SOUZA, L. M. Para uma redefinição de letramento crítico: conflito e produção de significação. In: MACIEL, R. F. ARAÚJO, V. de A. (Org.). Formação de professores de línguas: ampliando perspectivas. Jundiaí: Paco Editorial, 2011.

MOITA LOPES, L. P. Linguística Aplicada e vida contemporânea: problematização dos construtos que têm orientado a pesquisa. In: ______. (Org.). Por uma Linguística Aplicada Indisciplinar. São Paulo: Parábola Editorial, 1. ed. 6º reimpressão, 2018. p. 22-108.

OLIVEIRA, Marcia Lisbôa Costa de (org.). A experiência Letrajovem: oficinas de linguagem com crianças, adolescentes e adultos em vulnerabilidade social. Araraquara: Letraria, 2020.

OLIVEIRA, M. L. C. de; Lima, K. R. G. . (2022). “Fala da gente, sabe?”: cenas de leitura do conto “Rolézim”, de Geovani Martins, com jovens em vulnerabilidade social: Olhares: Revista Do Departamento De Educação Da Unifesp, 10(1). Disponível em: https://doi.org/10.34024/olhares.2022.v10.14505 Acesso em 30 fev. 2024.

SCHNEUWLY, B.; DOLZ, J. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas: Mercado de Letras, 2010.

STREET, B. What‟s “new” in New Literacy Studies? Critical approaches to literacy in theory and practice. Current Issues in Comparative Education. Londres: Columbia University, v. 5 (2), 2003, p. 77-91.

STREET, B. Letramentos sociais: abordagens críticas do letramento no desenvolvimento, na etnografia e na educação. Tradução de Marcos Bagno. São Paulo: Parábola Editorial, 2014, p. 44-172.

TRIPP, D. Pesquisa-ação: uma introdução metodológica. Educação e pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 3, p. 443-466, set./dez. 2005.

Publicado

2024-04-30

Cómo citar

Lima, K. R. G., & Oliveira, M. L. C. de. (2024). “SEI EXPLICAR DA MINHA CABEÇA, MAS NÃO SEI COLOCAR NO PAPEL”: ESCRITA DE “REDAÇÕES MODELO ENEM” COM JOVENS QUE VIVENCIARAM CONFLITOS COM A LEI / "I CAN EXPLAIN FROM MY HEAD, BUT I CAN’T PUT IT ON PAPER": WRITING "ENEM MODEL ESSAYS” WITH JUVENILES WHO HAV. Pensares Em Revista, (30), 171–197. https://doi.org/10.12957/pr.2024.82598

Número

Sección

DOSSIÊ 30 - DA VOZ DE PRISÃO ÀS FALAS POR LIBERTAÇÃO: PRÁTICAS ARTÍSTICAS E EDUCACIONAIS EM CONTEXTOS DE RESTRIÇÃO DE LIBERDADE / DOSSIER 30 - FROM THE VOICE OF IMPRISONMENT TO DISCOURSES FOR LIBERATION: ARTISTIC AND EDUCATIONAL PRACTICES IN CONTEXTS OF RESTRICTED FREEDOM