“ESCREVA A UM DETENTO, MUDE UMA VIDA”: UM ESTUDO SOBRE O CRONOTOPO DA PRISÃO “WRITE A PRISONER, CHANGE A LIFE”: A STUDY OF THE PRISON CHRONOTOPE
DOI:
https://doi.org/10.12957/pr.2024.81990Palavras-chave:
Cronotopo, Prisão, Pen palResumo
Este artigo propõe um olhar para o discurso de pessoas privadas de liberdade sob o ponto de vista do cronotopo, noção de tempo-espaço desenvolvida pelo filósofo russo Mikhail Bakhtin. O corpus de análise é constituído de quatro textos de apresentação de perfis de detentos inscritos em WriteAPrisoner.com, um site norte-americano que promove a troca de cartas entre detentos e pessoas de fora da prisão, através do programa conhecido como pen-pal (amigos por correspondência). Os textos dos detentos, entendidos como enunciados, são analisados com o objetivo de compreender as características do que chamamos de cronotopo da prisão, isto é, com vistas a estudar as relações espaçotemporais e alteritárias que surgem a partir da escrita dos aprisionados. Os resultados aqui apresentados fazem parte de uma pesquisa de caráter bibliográfico, exploratório, documental e com abordagem qualitativa do corpus de estudo. Assim, por meio da análise dos textos foi possível caracterizar o cronotopo da prisão como um tempo-espaço marcado por um ritmo lento e exaustivo, que pode (ou não) ser propício ao exercício do autoconhecimento por parte do detento, e que promove a imagem de um sujeito marcada por categorias retórico-jurídicas como inocência e culpabilidade, que exprimem a estreita relação entre o tempo, o espaço e o ser humano.
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