O LIVRO-OBJETO INFANTIL CONTEMPORÂNEO: HIBRIDIZAÇÃO E MULTIMODALIDADE

hybridization and multimodality

Resumo

O propósito deste artigo é analisar publicações que se destinam potencialmente a um público leitor infantil,de um formato editorial que vem se tornando recorrente no campo da literatura para crianças e jovens no Brasil: o livro-objeto. Trata-se de um livro verbo-visual, ou exclusivamente visual, de formato e/ou design incomuns, que provoca a interação física do leitor. Três recentes publicações são tomadas como corpus – Tatá (MATSUMOTO, 2020), Os irmãos (AUERBACH, 2021) eSalsicha (CHACON, 2022) –, não só por serem categorizadas como livros-objeto, mas também por apresentarem estreitas conexões com o livro ilustrado. Nesse sentido, pretende-se discutir como as produções editoriais denominadas livros-objeto, que nas últimas duas décadas despontam no mercado editorial brasileiro, podem ser definidas, inclusive e especialmente, por sua hibridização com o livro ilustrado. Para isso, analisa-se sua constituição multimodal, especialmente no que diz respeito à relação que se estabelece entre as parcelas visual e verbal dos livros, bem como à sua materialidade, conformada pelo design, pela engenharia de papel e pelos peritextos editoriais. Esta reflexão fundamenta-se, sobretudo, nosestudos acerca do livro-objeto (KÜMMERLING-MEIBAUER; MEIBAUER, 2019 [2017], RAMOS, 2020, 2019, 2017; SILVA, 2017), do livro ilustrado (HUNT, 2010; NIKOLAJEVA, 2008; LINDEN, 2011) e da multimodalidade (KRESS, 2010). Os resultados da análise comprovam o investimento de algumas editoras brasileiras voltadas para a produção de livros para crianças neste formato que é revelador de um grande potencial criativo e inventivo.