O Gótico-Naturalismo em Rodolfo Teófilo

Júlio França, Marina Sena

Resumo


Reconhecido por ser o mestre do Naturalismo no Ceará, Rodolfo Teófilo retratou, em suas obras ficcionais, a seca e a fome no Nordeste durante o século XIX. Boa parte de suas narrativas são ambientadas no sertão devastado pelas secas – sobretudo aquelas ocorridas em 1877 e 1879 –, dando forma a espaços ficcionais atrozes, miseráveis e ermos. Suas personagens, inseridas em tal espaço, configuram-se como indivíduos que vivenciam os horrores da fome, e por elas são gradativamente transformados em criaturas animalizadas e instintivas, que progressivamente perdem seus atributos humanos. Seu estilo de prosa é contaminado pela forte orientação cientificista que caracterizava a escola da qual fazia parte, fazendo com que descrevesse as cenas mórbidas e de teor sexual com riqueza de detalhes. Por conta disso, o escritor foi acusado pela crítica da época, e pela historiografia novecentista, de ter construído “descrições excessivas” e de ter cometido exageros narrativos. O presente artigo propõe uma leitura de seu romance Os Brilhantes (1895), de modo a demonstrar como os supostos desvios ou exageros de Teófilo em relação ao Naturalismo estariam relacionados à tradição da literatura gótica. Nossa hipótese de trabalho é a de que há, no discurso ficcional do autor, uma confluência entre ambas as poéticas – a gótica e a naturalista.



Palavras-chave


Naturalismo; Gótico; Rodolfo Teófilo.

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DOI: https://doi.org/10.12957/soletras.2015.19568

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