REFORMAS CURRICULARES: COMO DESCONSTRUIR A SUBALTERNIDADE?

Autores

  • Reinaldo Matias Fleuri Instituto Federal Catarinense (IFC)

Palavras-chave:

Reforma Curricular. Subalternidade. Educação. Poder Disciplinar

Resumo

Um dos temas que vem sendo debatido nas pesquisas em Educação é o do fracasso escolar e o das reformas curriculares do ensino fundamental, notadamente a implantação dos ciclos. As pesquisas indicam que, embora as propostas curriculares tenham sido objeto de estudo, muito pouco se tem discutido sobre os seus fundamentos. De modo particular, defrontamo-nos com o paradoxo de que as reformas reproduzem os mesmos problemas estruturais que se propõem a superar. Esta constatação nos incitou a buscar alguns referenciais epistemológicos para entender esta contradição emergente na organização escolar. Tomamos como referencia inicial a teoria de Michel Foucault sobre o saber-poder disciplinar, que nos ajuda a entender como, na escola da modernidade, fabrica-se a individualidade produtiva, mas dócil. Neste contexto institucional, múltiplos processos de resistência engendram movimentos de reformas. Somente os movimentos que se organizam de modo coletivo e ativo podem resultar em transformação estrutural. Entretanto, ao produzir sistemicamente a individualidade e a docilidade, as relações disciplinares reconstituem a sujeição nos processos socioculturais. Para superar os processos de sujeição é preciso reconhecer e desconstruir os dispositivos disciplinares, pautados segundo um modelo de vigilância que é unidirecional, unidimensional, unifocal e objetivista. Fomos buscar em Paulo Freire elementos para compreender as dimensões fundamentais (teórico-metodológicas e, sobretudo, epistemológica)s que nos ajudem a a compreender como promover a dialogicidade nas relações pedagógicas, a assumir a complexidade da prática educacional, de modo especial a formar educadores capazes de promover a mediação educacional como relação entre sujeitos criativos e críticos. Com isso, esperamos indicar perspectivas consistentes reformas curriculares do ensino fundamental que viabilizem a superação estrutural do fracasso escolar.

Biografia do Autor

Reinaldo Matias Fleuri, Instituto Federal Catarinense (IFC)

Doutor em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (1988), realizou estágios de pós-doutorado na Università degli Studi di Perugia, Itália (1996), na Universidade de São Paulo (2004) e na Universidade Federal Fluminense (2010). Como Professor Titular da Universidade Federal de Santa Catarina, até 2011, coordenou o Núcleo de Pesquisa Mover - Educação Intercultural e Movimentos Sociais (UFSC/CNPq). Presidiu a "Association International pour la Recherche Interculturelle" (ARIC), na gestão 2007-2011. Participa desde 1992 do Grupo de Trabalho de Educação Popular da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Educação (ANPEd), tendo sido membro do Comitê Científico desta Associação no período de 2000 a 2002. Faz parte do Instituto Paulo Freire. É pesquisador do CNPq (1C). Desde 2012, atua como Professor Visitante Nacional Sênior (CAPES) junto ao Instituto Federal Catarinense (Blumenau/Camboriú) e presta consultorias ao INEP. Publicou artigos e livros sobre epistemologia, educação popular, educação intercultural, movimentos sócias e formação de educadores. Email: fleuri@pq.cnpq.br

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Publicado

16-10-2014

Como Citar

Fleuri, R. M. (2014). REFORMAS CURRICULARES: COMO DESCONSTRUIR A SUBALTERNIDADE?. Revista Teias, 16(40), 99–117. Recuperado de https://www.e-publicacoes.uerj.br/revistateias/article/view/24553

Edição

Seção

Artigos de Demanda Contínua