FAKE NEWS, MENTIRA ORGANIZADA E EDUCAÇÃO: UMA REFLEXÃO A PARTIR DO PENSAMENTO DE HANNAH ARENDT

Autores

  • Carlos Eduardo Gomes Nascimento Universidade Federal da Bahia

DOI:

https://doi.org/10.12957/redoc.2020.47553

Palavras-chave:

Fake news, mentira organizada, Hannah Arendt.

Resumo

A partir do pensamento de Hannah Arendt, o artigo busca compreender o fenômeno das fake news, relacionando-o com o conceito de mentira organizada. Hannah Arendt, pensadora judia, testemunhou tempos sombrios do regime totalitário na Alemanha em meados do século XX. A obra da pensadora chama à atenção que, mesmo findo os regimes totalitários, os riscos da manipulação da realidade espreitam a vida política contemporânea. Identifica-se, assim, as fake news como uma prática da propaganda de massa, oriunda de uma ideia totalitária. As fake news, informações intencionalmente fabricadas e compartilhadas em mídias digitais surgem como instrumento de manipulação social e política, incidindo sobre a educação. Mesmo não tendo um caráter político, para Arendt, a educação tem a responsabilidade de apresentar aos novos a realidade e história de um mundo comum. Conclui-se, que ainda assim diante de todos os riscos políticos, a educação pode ser um modo de resistência à mentira organizada e às fake news.

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Publicado

2020-04-30

Como Citar

NASCIMENTO, Carlos Eduardo Gomes. FAKE NEWS, MENTIRA ORGANIZADA E EDUCAÇÃO: UMA REFLEXÃO A PARTIR DO PENSAMENTO DE HANNAH ARENDT. Revista Docência e Cibercultura, [S. l.], v. 4, n. 1, p. 243–263, 2020. DOI: 10.12957/redoc.2020.47553. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/re-doc/article/view/47553. Acesso em: 28 mar. 2024.