SURDOS NA UNIVERSIDADE: QUESTÕES DE LETRAMENTOS, CULTURA E IDENTIDADE
Resumo
Este artigo aborda eventos e práticas de letramento de surdos universitários, a partir de uma visão múltipla de letramento. A presença do surdo no ensino superior exige a tessitura de um novo paradigma de discurso acadêmico, fundamentado em uma percepção fora do logocentrismo, e a ruptura da percepção de letramento como unicamente relacionado ao texto escrito. Desse modo, explanar-se-á sobre o afastamento do modelo autônomo de letramento, ao se reconhecer a capacidade e a diversidade das práticas de letramento do aluno surdo, o que implica a compreensão de um indivíduo com potencial de aprendizagem, de modo indistinto do ouvinte, cujo processo de cognição transita por caminhos diversos. A supressão da audição e a condição visuoespacial da Libras orientam um modo de apreensão da realidade fortemente marcado pela visualidade. Assim, busca-se refletir sobre uma lacuna importante no que concerne ao ensino superior de surdos: respeitá-los como falantes de Libras e aceitar seus usos e práticas específicas da Língua Portuguesa, o que pressupõe o reconhecimento de formas desviantes de padrões estabelecidos como únicos e verdadeiros. Propõe-se a reflexão acerca da premência de reconhecer o surdo enquanto membro de um grupo com língua e cultura específicas, respeitando a sua singularidade de participar do mundo por intermédio da Libras, e compreendendo a sua experiência visual, que denota uma maneira peculiar de ver e de estar no mundo, traduzida em determinados comportamentos cognitivos e sociais a perfazer a sua identidade.
Palavras-chave
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PDFDOI: https://doi.org/10.12957/pr.2015.18429
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