Aspectos sociodemográficos e clínicos, nutricionais, participação social e limitação de atividade e consciência de risco de pacientes com hanseníase
DOI:
https://doi.org/10.12957/demetra.2025.83296Palavras-chave:
Hanseníase. Estado nutricional. Força Muscular. Insegurança Alimentar. Atividades Cotidianas.Resumo
Introdução: A hanseníase é uma doença tropical negligenciada, endêmica no Brasil e que possui aspectos de vulnerabilidade ligados à doença que são pouco explorados na literatura. Objetivo: Avaliar o perfil sociodemográfico, clínico e nutricional, a participação social e limitação de atividade e a consciência de risco de indivíduos com hanseníase de um ambulatório multiprofissional de hanseníase em Minas Gerais. Métodos: Foram analisados dados sociodemográficos, antropométricos, consumo alimentar, força de preensão palmar (FPP), questionário de Triagem para Risco de Insegurança Alimentar, Triagem de Limitação de Atividade e Consciência de Risco e Escala de Participação Social de uma amostra de conveniência de indivíduos acompanhados no ambulatório. Resultados: A amostra analisada incluiu 20 indivíduos, 60% do sexo masculino, maioria adulta, cor branca, casado(a), renda mensal entre 1 e 3 salários mínimos, 64,71% com a forma multibacilar, 85% com algum grau de limitação de atividade e 61% com restrição à participação. Houve prevalência de 40% de obesidade pelo Índice de Massa Corporal, com excesso de gordura (45%) quanto à área gordurosa do braço, baixa adequação da circunferência muscular do braço (80%) e risco de insegurança alimentarem 40%. Observou-se correlação positiva entre FPP maior e massa muscular total (p=0,028); do braço direito (p=0,008) e esquerdo (p=0,013). O consumo alimentar evidenciou perfil lipídico alterado, consumo abaixo do recomendado de retinol (95%), vitamina C (15%), ferro (35%) e zinco (20%). Conclusão: Evidenciou-se um perfil com vulnerabilidades sociodemográficas, limitações funcionais, excesso de peso e redução de massa muscular, risco para insegurança alimentar e inadequações nutricionais.
Downloads
Referências
1. World Health Organization(WHO). Ending the neglect to attain the Sustainable Development Goals: a road map for neglected tropical diseases 2021–2030 [Internet]. Geneva: WHO; 2021[Citado19 fev 2024] 30 p. Disponível em: https://www.who.int/publications/i/item/9789290228509
2. World Health Organization(WHO). Global leprosy (Hansen disease) update, 2022: new paradigm – control to elimination. Weekly epidemiological record [Internet]. Geneva: WHO; 2023 [Citado19 jan 2024].409-430 p. Disponível em: https://iris.who.int/bitstream/handle/10665/372812/WER9837-eng-fre.pdf?sequence=1
3. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente. Boletim Epidemiológico, Hanseníase. 2024 [Internet]. Número Especial. Brasília, DF; Jan. 2024 [Citado 04 mar 2024]. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/boletins/epidemiologicos/especiais/2024/be_hansen-2024_19jan_final.pdf
4. Dwivedi VD, Banerjee A, Das I, Saha A, Dutta M., Bhardwaj B, et al. Diet and nutrition: An important risk factor in leprosy. Microbial pathogenesis. 2019;137(1):103714. https://doi.org/10.1371/journal.pntd.0003766
5. Klowak M, Boggild AK. A review of nutrition in neuropathic pain of leprosy. Therapeutic Advances in Infectious Disease. 2022;9(1):1-19. https://doi.org/10.1177/20499361221102663
6. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Hanseníase [Internet]. Brasília: MS; 2022. [Citado18 jan 2024]. 1 ed. p. 152. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/h/hanseniase/publicacoes/protocolo-clinico-e-diretrizes-terapeuticas-da-hanseniase-2022
7. World Health Organization (WHO). Physical status: the use and interpretation of anthropometry. Technical Report Series, Geneva: WHO. 1995. 452 p.
8. Organización Panamericana de la Salud (OPAS). Encuesta Multicéntrica Salud Bienestar y Envejecimiento (SABE) en América Latina y el Caribe: informe preliminar. 36ª Reunión del Comité Asesor de Investigaciones en Salud. Kingston. Washington, DC: OPAS. 2001. 19 p.
9. Blackburn GL, Thornton PA. Nutritional Assessment of the Hospitalized Patient. Med Clin North Am. 1979;63(5):1103-15. https://doi.org/10.1016/S0025-7125(16)31663-7
10. Stewart A, Marfell-Jones M, Olds T, Ridder H. International Society for the Advancement of Kinanthropometry.Padrões Internacionais para Avaliação Antropométrica. 1. ed. Guardalupe, Spain: ISAK; 2011. 115 p.
11. Gurney JM, Jelliffe DB. Arm anthropometry in nutritional assessment: nomogram for rapid calculation of muscle circumference and cross-sectional muscle and fat areas. Am J ClinNutr. 1973;26(9):912-5. https://doi.org/10.1093/ajcn/26.9.912
12. Frisancho AR. Anthropometric standards for the assessment of growth and nutritional status. Ann Arbor, MI: The University of Michigan Press; 1990. 189 p.
13. Lean MEJ, Han TS, Morrison CE. Waist circumference as a measure for indicating need for weight management. Bmj. 1995;311(6998):158-161. https://doi.org/10.1136/bmj.311.6998.158
14. Cruz-Jentoft AJ, Bahat G, Bauer J, Boirie Y, Bruyère O, Cederholm T, et al. Sarcopenia: revised European consensus on definition and diagnosis. Age and ageing. 2018;48(1):16-31. https://doi.org/10.1093/ageing/afy169
15. Brasil.Ministério da saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Insegurança Alimentar na Atenção Primária à Saúde Manual de Identificação dos Domicílios e Organização da Rede [Internet].1 ed. Brasília: MS; 2022. [Citado 04 mar 2024]. 20 p. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/instrutivo_inseguranca_alimentar_aps.pdf
16. Padovani RM, Amaya-Farfán J, Colugnati FAB, Domene SMA. Dietary reference intakes: aplicabilidade das tabelas em estudos nutricionais. Revista de Nutrição. 2006.19(1):741-760. https://doi.org/10.1590/S1415-52732006000600010
17. Izar COM, Lottenberg AM, Giraldez VZR, Santos Filho RD, Machado RM, Bertolami A, Assad MHV, et al. Sociedade Brasileira de Cardiologia. Posicionamento sobre o Consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular – 2021. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. 2021;116(1):160-212. http://dx.doi.org/10.36660/abc.20201340.
18. Matos AMF. Epidemiologia da Hanseníase e sua distribuição espacial por determinantes sociais em Juiz de Fora 1995-2015 [dissertation on the Internet]. Juiz de Fora: Universidade Federal de Juiz de Fora; 2017. [Citado19 abr 2024].83 p. Disponível em: https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/6100/1/alinemotafreitasmatos.pdf.
19. Rocha MCN, Nobre ML, Garcia LP. Características epidemiológicas da hanseníase nos idosos e comparação com outros grupos etários, Brasil (2016-2018). Cadernos de Saúde Pública. 2020;36(9):e00048019. https://doi.org/10.1590/0102/311X00048019
20. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim Epidemiológico, Hanseníase [Internet]. Número Especial. Brasília, DF; Jan. 2023 [Citado18 jan 2024].56 p. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/boletins/epidemiologicos/especiais/2023/boletim_hanseniase-2023_internet_completo.pdf
21. Seixas MB, Loures LF, Mármora CHC. Perfil sociodemográfico e clínico dos pacientes em atendimento fisioterapêutico no Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz [Internet]. Hu Revista 2015 [Citado19 fev 2024];41(1 e 2):7-13. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/hurevista/article/view/14035.
22. Alves ACR, Lemos GS, de Paiva PDR. Perfil socioeconômico dos pacientes atendidos pelo Centro de Referência em Reabilitação da Hanseníase da Zona da Mata Mineira. HU Revista. 2017;43(2):99-104. https://doi.org/10.34019/1982-8047.2017.v43.2640
23. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Censo Demográfico 2022: População e Domicílio [Citado 08 mar 2024]. Disponível em: https://censo2022.ibge.gov.br/panorama/.
24. Pescarini JM, Strina A, Nery JS, Skalinski LM, Andrade KVF, Penna MLF, et al. Socioeconomic risk markers of leprosy in high-burden countries: A systematic review and meta-analysis. PLoS Neglected Tropical Diseases. 2018;12(7):e0006622. https://doi.org/10.1371/journal.pntd.0006622
25. Teixeira CSS, Medeiros DS, Alencar CH, Ramos Júnior AN, Heukelbach J. Aspectos nutricionais de pessoas acometidas por hanseníase, entre 2001 e 2014, em municípios do semiárido brasileiro. Ciência & Saúde Coletiva. 2019;24(1):2431-2441. https://doi.org/10.1590/1413-81232018247.19642017
26. Oliveira MP, Sousa JR, Araujo RS, Aarão TLS, Quaresma JAS. Protein profile of leprosy patients with plantar ulcers from the Eastern Amazon region. Infectious Diseases of Poverty. 2017;6(1):1-8. https://doi.org/10.1186/s40249-017-0318-y
27. Bruschi KR, Labrêa MGA, Eidt LM. Avaliação do estado nutricional e do consumo alimentar de pacientes com hanseníase do ambulatório de dermatologia sanitária. Hansenologia Internationalis: hanseníase e outras doenças infecciosas. 2011;36(2):53-61. https://doi.org/10.47878/hi.2011.v36.36211
28. Garcia ICO. Avaliação nutricional e caracterização sócio-demográfica de portadores de hanseníase-SP [dissertation on the Internet]. São Paulo: Universidade de São Paulo. 2006. 44 p. https://doi.org/10.11606/D.6.2006.tde-26092022-152139
29. Lages D dos S, Kerr BM, Bueno I de C, Niitsuma ENA, Lana FCF. A baixa escolaridade está associada ao aumento de incapacidades físicas no diagnóstico de hanseníase no Vale do Jequitinhonha. HU Revista. 2019;44(3):303-9. https://doi.org/10.34019/1982-8047.2018.v44.14035
30. Montenegro RMN, Molina MDC, Moreira M, Zandonade E. Avaliação nutricional e alimentar de pacientes portadores de hanseníase tratados em unidades de saúde da grande Vitória, Estado do Espírito Santo. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. 2011;44(1):228-231. https://doi.org/10.1590/S0037-86822011005000016
31. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Radar social. Brasília: IPEA. 2005. [Citado 04 mar 2024]. 144 p. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/radar_social.pdf
32. Lopes VAS, Rangel EM. Hanseníase e vulnerabilidade social: uma análise do perfil socioeconômico de usuários em tratamento irregular. Saúde em Debate. 2014;38(1):817-829. https://doi.org/10.5935/0103-1104.20140074
33. Nascimento DDS, Ramos Jr AN, Araújo ODD, Macêdo SFD, Silva GVD, Lopes WMPS, et al. Limitação de atividade e restrição à participação social em pessoas com hanseníase: análise transversal da magnitude e fatores associados em município hiperendêmico do Piauí, 2001 a 2014. Epidemiologia e Serviços de Saúde. 2020;29:e2019543. https://doi.org/10.5123/S1679-49742020000300012
34. Silva SR, de Souza SN, Santana MFS, Domingos AM, Martins NDS, de Paula HL, et al. Assessment of neuropathic pain, functional activity limitation and quality of life of people affected by leprosy in an endemic area in Northeast Brazil: a cross-sectional study. Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene. 2023;117(6),451-459. https://doi.org/10.1093/trstmh/trac133
35. Oktaria S,Hurif NS, Naim W, Thio HB, Nijsten TEC, Richarduset JH. Dietary diversity and poverty as risk factors for leprosy in Indonesia: A case-control study. PLOS Neglected Tropical Diseases. 2018;12(3):1-15. https://doi.org/10.1371/journal.pntd.0006317
36. Anantharam P, EmersonLE, BilchaKD, FairleyJK, TesfayeAB. Undernutrition, food insecurity, and leprosy in North Gondar Zone, Ethiopia: A case-control study to identify infection risk factors associated with poverty. PLOS Neglected Tropical Diseases. 2021;15(6):e0009456. https://doi.org/10.1371/journal.pntd.0009456
37. Khandapani T, Mishra BK. Health problems and nutritional status of selected leprosy victims of Burla Town, Orissa, India. Curr Res J Soc Sci. 2010 [citado 23 dez 2024]. 2(6):350-7. Disponível em: https://maxwellsci.com/print/crjss/v2-350-357.pdf
38. Cunha EHM,Caciquinho B, Cominotti LL, Oliveira MNS, Avelar AC, Faria ES, et al. Associação entre percentual de gordura corporal e IL-10 plasmática em indivíduos portadores de hanseníase de área endêmica Brasileira. Brazilian Journal of Development. 2021;7(7):72220-72232. https://doi.org/10.34117/bjdv7n7-413
39. Kim W, Park HW, Hwang BK, Bae SO, Kim IK, Chung SG. Comparison of sarcopenic status between elderly leprosy survivors and general population. Archives of Gerontology and Geriatrics. 2014;58(1):134-139. https://doi.org/10.1016/j.archger.2013.07.013
40. Moreira D, Alvarez RRA. Avaliação da força de preensão palmar com o uso do dinamômetro Jamar em pacientes portadores de hanseníase atendidos em nível ambulatorial no Distrito Federal. Hansenologia Internationalis: hanseníase e outras doenças infecciosas. 2002;27(2):61-69. https://doi.org/10.47878/hi.2002.v27.36413
41. Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN). II VIGISAN: Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil. Brasília: Rede PENSAN; 2022.[ Citado 23 dec 2023] 66p. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/noticias/arquivos/2022/10/14/olheestados-diagramacao-v4-r01-1-14-09-2022.pdf
42. Wagenaar I, Muiden LV, Alam K, Bowers R, Hossain MA, Kispotta K, et al. Diet-related risk factors for leprosy: a case-control study. PLoS neglected tropical diseases. 2015;9(5):e0003766. https://doi.org/10.1371/journal.pntd.0003766
43. Khalid HN, Mostafa MI, Attia NS, Bazid HASE. Serum level of Selenium, Zinc, and Vitamin C and their relation to the clinical spectrum of leprosy. The Journal of Infection in Developing Countries. 2022;16(03):491-499. https://doi.org/10.3855/jidc.14832
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Fernanda Borges de Figueiredo, Liliany Fontes Loures, Mário Flávio Cardoso de Lima

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
DECLARAÇÃO DE RESPONSABILIDADE
Título do manuscrito: __________________________________________________________________
1. Declaração de responsabilidade
Certifico minha participação no trabalho acima intitulado e torno pública minha responsabilidade pelo seu conteúdo.
Certifico que o manuscrito representa um trabalho original e que nem este ou quaisquer outros trabalhos de minha autoria, em parte ou na integra, com conteúdo substancialmente similar, foi publicado ou foi enviado a outra revista.
Em caso de aceitação deste texto por parte de Demetra: Alimentação, Nutrição & Saúde, declaro estar de acordo com a política de acesso público e de direitos autorais adotadas por Demetra, que estabelece o seguinte: (a) os autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License, que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial neste periódico; (b) os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (p.ex., publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista; e (c) os autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (p.ex., em repositórios institucionais ou em sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
2. Conflito de interesses
Declaro não ter conflito de interesses em relação ao presente artigo.
Data, assinatura e endereço completo de todos os autores.