Educação alimentar e nutricional como prática emancipatória: por uma práxis popular e engajada
DOI:
https://doi.org/10.12957/demetra.2024.77420Resumo
Este ensaio teórico visou trazer uma reflexão crítica sobre as aproximações entre as ideias de bell hooks e Paulo Freire em contribuição para a construção de uma Educação Alimentar e Nutricional (EAN) popular e engajada. A metodologia adotada foi a análise das obras desses autores, buscando compreender suas interseções e suas especificidades, sem a pretensão de esgotá-las. A pedagogia engajada proposta por hooks, aliada à pedagogia libertadora de Freire, buscam transformar não só a educação, mas a sociedade, tendo os sujeitos como protagonistas de seu próprio processo de aprendizagem e emancipação. Essas abordagens, ao serem incorporadas na EAN, podem ser promotoras de uma alimentação mais saudável, levando em consideração as questões de raça, gênero, cultura e poder presentes nas desigualdades alimentares nos mais diversos territórios. A EAN popular e engajada também se relaciona com a promoção da segurança alimentar e nutricional, respeitando a diversidade cultural e fomentando a participação política das pessoas e sua autonomia no processo de tomada de decisões relacionadas à alimentação e à saúde. Além disso, a formação de profissionais de saúde comprometidos com essa abordagem é fundamental para promover mudanças significativas nos paradigmas educacionais e na compreensão de lacunas importantes existentes na formação dos profissionais de saúde, no que se refere aos conteúdos do campo das ciências sociais e humanas. No contexto atual, marcado pelo fortalecimento do agronegócio e pela perda da diversidade alimentar, a EAN popular e engajada se mostra como um caminho para defender as culturas alimentares, lutar pela soberania alimentar e por uma alimentação mais diversa e sustentável.
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