Presença de desertos alimentares em um distrito sanitário de uma capital brasileira: um estudo descritivo e exploratório sobre a distribuição espacial de estabelecimentos comerciais de alimentos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/demetra.2023.69252

Palavras-chave:

Ambiente Alimentar, Disponibilidade de Alimentos, Comercialização de alimentos, Desertos Alimentares

Resumo

Introdução: O ambiente alimentar que a comunidade está inserida pode influenciar, positiva ou negativamente no acesso à alimentação de qualidade e consequentemente na sua saúde. Objetivo: Identificar a presença de desertos alimentares em um distrito sanitário de uma capital brasileira. Métodos: Estudo descritivo, transversal e exploratório, utilizando dados secundários de diferentes fontes institucionais para mapear a distribuição espacial de estabelecimentos de comercialização de alimentos: restaurantes, padarias, supermercados, minimercados/mercearias, hortifrutigranjeiros, vendedores ambulantes e lanchonetes/fastfood. Os estabelecimentos foram agrupados nas categorias in natura, ultraprocessados e mistos, de acordo com a predominância do tipo de alimentos comercializados. Para a análise, a densidade de estabelecimentos in natura juntamente com os mistos por mil habitantes (usuários cadastrados nos centros de saúde) foram calculadas.  Resultados: Foram investigados 111 estabelecimentos, sendo 20% que comercializavam alimentos in natura (saudáveis), 27% alimentos ultraprocessados (não saudáveis) e 53% considerados mistos. Conclusões: Foram observadas áreas que podem ser consideradas desertos alimentares, locais onde há pouca (ou ausência) de oferta de alimentos in natura, e por consequência dificultando o acesso a alimentos saudáveis.

Biografia do Autor

Kelly da Silva Pazzinato, Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis

Bacharel em Nutrição.Especialização em Saúde da Família pela Residência Multiprofissional da Escola de Saúde Pública de Florianópolis, SC

Elizabeth Nappi Corrêa, Universidade Federal de Santa Catarina

Doutora em Nutrição, Professora Colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Nutrição da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil.


Liliana Paula Bricarello, Universidade Federal de Santa Catarina

Doutora em Nutrição, Professora Adjunta do Departamento de Nutrição, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil.


Lidiamara Dornelles de Souza, Universidade Federal de Santa Catarina

Mestra em Nutrição, Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Nutrição da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil.


Sara Cavalcanti Mendes Vaz, Universidade Federal de Santa Catarina

Mestra em Nutrição, Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Nutrição da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil.


Maria Beatriz Carolina da Silva, Universidade Federal de Santa Catarina

Bacharel em Nutrição, Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Nutrição da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil.


Francisco de Assis Guedes de Vasconcelos, Universidade Federal de Santa Catarina

Doutor em Ciências, Professor Permanente do Programa de Pós-Graduação em Nutrição da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil.


Referências

Araújo ML, Nascimento DR, Lopes MS, Passos CM, Lopes ACS. Condições de vida de famílias brasileiras: estimativa da insegurança alimentar. Rev. Bras. Estud. Popul 2020; 37(e0110): 1-17. https://doi.org/10.20947/S0102-3098a0110

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa de orçamentos familiares 2017-2018: avaliação nutricional da disponibilidade domiciliar de alimentos no Brasil / IBGE, Coordenação de Trabalho e Rendimento. Rio de Janeiro: IBGE, 2020. 61 p.

Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (REDE PENSSAN). VIGISAN: Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil. Rio de Janeiro: Rede Penssan; 2021.

Claro RM, Santos MAS, Oliveira TP, Pereira CA, Szwarcwald CL, Malta DC. Consumo de alimentos não saudáveis relacionados a doenças crônicas não transmissíveis no Brasil: Pesquisa Nacional de Saúde, 2013. Epidemiol. Serv. Saúde 2015; 24(2):257-265. https://doi.org/10.5123/S1679-49742015000200008

Swinburn B, Vandevijvere S, Kraak V, Sacks G, Snowdon W, Hawkes C, Barquera S, Friel S, Kelly B, Kumanyika S, L’abblé M, Lee A, Lobstein T, Ma J, Macmullan J, Mohan S, Monteiro C, Neal B, Rayner M, Sanders D, Walker C. Monitoring and benchmarking government policies and actions to improve the healthiness of food environments: a proposed Government Healthy Food Environment Policy Index. Obesity Rev 2013; 1: 24-37. https://doi.org/10.1111/obr.12073

Pitt E, Gallegos D, Comans T, Cameron C, Thornton L. Exploring the influence of local food environments on food behaviours: a systematic review of qualitative literature. Public Health Nutr 2017; 20(13):2393-405. https://doi.org/10.1017/S1368980017001069

Askari, M, Heshmati, J, Shahinfar, H, Tripathi, N, & Daneshzad, E. (2020). Ultra-processed food and the risk of overweight and obesity: a systematic review and meta-analysis of observational studies. International Journal of Obesity, 1-12. https://doi.org/10.1038/s41366-020-00650-z

Pagliai, G, Dinu, M, Madarena, MP., Bonaccio, M, Iacoviello, L, & Sofi, F. Consumption of ultra-processed foods and health status: a systematic review and meta-analysis. The British Journal of Nutrition, 1-11. https://doi.org/10.1017/S0007114520002688

Monteiro CA, Cannon G, Levy R, Moubarac JC, Jaime P, Martins AP, Canella D, Louzada M, Parra D. Nova - The star shines bright. World Nutr 2016; 7 (1-3):28–38.

Brasil. Ministério da Saúde (MS). Guia Alimentar para a População Brasileira Brasília: MS; 2014.

Miller WC, Rogalla D, Spencer D, Zia N, Griffith BN, Heinsberg HB. Community adaptations to an impending food desert in rural Appalachia, USA. Rural & Remote Health 2016; 16(4):1–12. https://doi.org/10.22605/RRH3901

Silva, FMO; Novaes, TG.; Ribeiro, AQ; Longo, GZ.; Pessoa, MC. Fatores ambientais associados à obesidade em população adulta de um município brasileiro de médio porte. Cad. Saúde Pública, v. 35, n. 5, 2019. https://doi.org/10.1590/0102-311X00119618

Helbich M, Schadenberg B, Hagenauer J, Poelman M. Food deserts? Healthy food access in Amsterdam. Applied Geography 2017, 83:1-12. https://doi.org/10.1016/j.apgeog.2017.02.015

Wiki J, Kingham S, Campbell M. Accessibility to food retailers and socio-economic deprivation in urban New Zealand. N Z Geog 2019;75:3–11. https://doi.org/10.1111/nzg.12201

Wagner J, Hinton, L, McCordic C, Owuor S, Capron G, Arellano SG. Do Urban Food Deserts Exist in the Global South? An Analysis of Nairobi and Mexico City. Sustainability 2019; 11:1963. https://doi.org/10.3390/su11071963

Testa A, Jackson D, Semenza D, Vaughn M. Food deserts and cardiovascular health among young adults. Public Health Nutrition 2021; 24(1):117-124. https://doi.org/10.1017/S1368980020001536

Neumeier S, Kokorsch M. Supermarket and discounter accessibility in rural Germany– identifying food deserts using a GIS accessibility model, Journal of Rural Studies 2021; 86:247-261. https://doi.org/10.1016/j.jrurstud.2021.06.013

Pessoa MC, Mendes LL, Teixeira Caiaffa C, Malta CD, Velásquez-Meléndez G. Disponibilidade de lojas de alimentos e consumo de frutas, legumes e verduras em uma área urbana brasileira. Nutrición Hospitalaria 2015;31(3):1438-1443. https://doi.org/10.1590/1413-81232017222.12202015

Corrêa EM, Padez CMP, Abreu AH, Vasconcelos FAG. Distribuição geográfica e socioeconômica de comerciantes de alimentos: um estudo de caso de um município no Sul do Brasil. Cad. Saúde Pública 2017; 33(2):1-14. https://doi.org/10.1590/0102-311X00145015

Honório OS, Pessoa MC, Gratão LHA, Rocha LL, Castro IRR, Canella DS, Horta PM, Mendes LL. Social inequalities in the surrounding areas of food deserts and food swamps in a Brazilian metropolis. Int J Equity Health 2021; 20:168. https://doi.org/10.1186/s12939-021-01501-7

Leite MA, Assis MM., Carmo AS, Nogueira MC, Netto MP, Mendes LL. Inequities in the urban food environment of a Brazilian city. Food Sec 2021; 13:539–549. https://doi.org/10.1007/s12571-020-01116-w

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Censo Demográfico 2010. Acesso em 20 de setembro de 2021. Disponível em https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sc/florianopolis/panorama.

Atlas Brasil. Atlas de desenvolvimento humano no Brasil. Acesso em 20 de setembro de 2021. Disponível em: http://www.atlasbrasil.org.br/.

Neves J, Rech CR, Vasconcelos FAG, Benedet J, Retondario A, Rossi CE, Corrêa EM, Bricarello LP, Alves MA, Manta SW, Marchi AP, Willrich, GB, Martins ML, Silva ML, Vargas M, Ferreira V. Manual de coleta de dados secundários para geoprocessamento de equipamentos e serviços de alimentação, atividade física, assistência social e saúde no município de Florianópolis – SC. Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Ciências da Saúde. 2016.

Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional. Mapeamento dos Desertos Alimentares no Brasil. Estudo Técnico. CAISAN, 2018.

Louzada MLC, Martins AP, Canella DS, Baraldi LG, Levy RB, Claro RM, Moubarac JC, Cannon G, Monteiro CA. Ultra-processed foods and the nutritional dietary profile in Brazil. Rev Saude Publica 2015;49:38. https://doi.org/10.1590/S0034-8910.2015049006132

Louzada MLC, Ricardo CZ, Steele EM, Levy RB, Cannon G, Monteiro CA. The share of ultra-processed foods determines the overall nutritional quality of diets in Brazil. Public Health Nutr 2018; 21(1):94-102. https://doi.org/10.1017/S1368980017001434

Cooksey-Stowers K, Schwartz MB, Brownell,KD. Food Swamps Predict Obesity Rates Better Than Food Deserts in the United States. Int J Environ Res Public Health 2017;14(11):1366. https://doi.org/10.3390/ijerph14111366

Maimaiti M, Ma X, Zhao X, Jia M, Li J, Yang M, Ru Y, Yang F, Wang N, Zhu S. Multiplicity and complexity of food environment in China: full-scale field census of food outlets in a typical district. Eur J Clin Nutr 2020; 74(3):397-408. https://doi.org/10.1038/s41430-019-0462-5

Dubowitz T, Zenk SN, Ghosh-Dastidar B, Cohen D, Beckman R, Hunter G, Steiner ED, Collins RL. Healthy food access for urban food desert residents: examination of the food environment, food purchasing practices, diet, and body mass index. Public Health Nutrition 2015; 18(12):2220–2230. https://doi.org/10.1017/S1368980014002742

Walker E, Keane CR, Burke JG. Disparities and access to healthy food in the United States: A review of food deserts literature. Health & Place 2010; 16:876-884. https://doi.org/10.1016/j.healthplace.2010.04.013

Costa ACB, Bezerra MS, Pinheiro DD, Garcia RLS, Sousa LCM, Goes PA. Hábitos de compra e consumo de alimentos em famílias com menores de cinco anos em um município do nordeste brasileiro. Revista Ciência Plural 2020; 6(3): 154-173. http://dx.doi.org/10.21680/2446-7286.2020v6n3ID20335

Almeida LB, Scagliusi, FB, Duran AC, Jaime PC. Barriers to and facilitators of ultra-processed food consumption: perceptions of Brazilian adults. Public Health Nutrition 2017; 21(1): 68–76. https://doi.org/10.1017/S1368980017001665

Chum A, Farrell E, Vaivada T, Labetski A, Bohnert A, Selvaratnam I, Larsen K, Pinter T, O'Campo P. The effect of food environments on fruit and vegetable intake as modified by time spent at home: a cross-sectional study. BMJ Open 2015; 5(6). https://doi.org/10.1136/bmjopen-2014-006200

Silva FMO, Novaes TG, Ribeiro AQ, Longo GZ, Pessoa MC. Fatores ambientais associados à obesidade em população adulta de um município brasileiro de médio porte. Cad. Saúde Pública 2019; 35(5). https://doi.org/10.1590/0102-311X00119618

Nogueira LR, Fontanelli MM, Aguiar BS, Failla, MA, Florindo AA, Leme AC, Barbosa JPS, Fisberg RM. Is the local food environment associated with excess body weight in adolescents in São Paulo, Brazil? Cad. Saúde Pública 2020; 36(2). https://doi.org/10.1590/0102-311X00048619

Yang W, Spears K, Zhang F, Lee , Himler HL. Evaluation of personal and built environment attributes to physical activity: a multilevel analysis on multiple populationbased data sources. Jour Obes 2012; 2012(3):548910. https://doi.org/10.1155/2012/548910

Patel O, Shahulhameed S, Shivashankar R, Tayyab M, Rahman A, Prabhakaran D, Tandon N, Jaacks LM. Association between full service and fast food restaurant density, dietary intake and over - weight/obesity among adults in Delhi, India. BMC Public Health 2017; 18(36). https://doi.org/10.1186/s12889-017-4598-8

Larson NI, Story MT, Nelson MC. Neighborhood environments: disparities in access to healthy foods in the U.S. Am J Prev Med 2009; 36(1):74 – 81. https://doi.org/10.1016/j.amepre.2008.09.025

Bueno MC, Cruz FT, Ruiz ENF. Ambientes alimentares na perspectiva de um município agrícola no norte do rio grande do sul. Ágora 2020; 22(2). https://doi.org/10.17058/agora.v22i2.15362

Caspi CE, Sorensen G, Subramanian SV, Kawachi I. The local food environment and diet: a systematic review. Health Place 2012; 18(5):1172-1187. https://doi.org/10.1016/j.healthplace.2012.05.006

Food and Agriculture Organization (FAO). The State of Food Insecurity in the World 2013.The multiple dimensions of food security. Rome, 2013.

Cummins S, Flint E, Matthews SA. New Neighborhood Grocery Store Increased Awareness of Food Access but Did Not Alter Dietary Habits or Obesity. Health Affairs 2014; 33(2):283–291. https://10.1377/hlthaff.2013.0512

Zhang YT, Laraia BA, Mujahid MS, Blanchard SD, Warton EM, Moffet HH, Karter AJ. Is a reduction in distance to nearest supermarket associated with BMI change among type 2 diabetes patients? Health Place 2016; 40:15-20. https://doi.org/10.1016/j.healthplace.2016.04.008

Costa BVL, Freitas PP, Menezes MC, Guimarães LMF, Ferreira LF, Alves MSCA, Lopes ACS. Ambiente alimentar: validação de método de mensuração e caracterização em território com o Programa Academia da Saúde. Cad. Saúde Pública 2018;34(9). https://doi.org/10.1590/0102-311X00168817

Menezes MC, Roux AVD, Costa BVL, Lopes ACS. Individual and food environmental factors: association with diet. Public Health Nutrition 2018; 21(15):2782-2792. https://doi.org/10.1017/S1368980018001623

Breyer B, Voss-Andreae A. Food Mirages: Geographic and Economic Barriers to Healthful Food Access in Portland, Oregon. Health & Place 2013; 24:131–139. https://doi.org/10.1016/j.healthplace.2013.07.008

Wilson JS, Kelly CM. Measuring the quality of public open space using Google Earth: a commentary. Am J Prev Med 2011;40(2): 276-277. https://doi.org/10.1016/j.amepre.2010.10.024

Ribeiro-Silva RC, Pereira M, Campello T, Aragão E, Guimarães JMM, Ferreira AJF, Barreto ML, Santos SMC. Implicações da pandemia COVID-19 para a segurança alimentar e nutricional no Brasil. Ciência e Saúde Coletiva 2020; 25(9). https://doi.org/10.1590/1413-81232020259.22152020

Publicado

2023-10-29

Como Citar

Pazzinato, K. da S., Corrêa, E. N., Bricarello, L. P., de Souza, L. D., Vaz, S. C. M., da Silva, M. B. C., & de Vasconcelos, F. de A. G. (2023). Presença de desertos alimentares em um distrito sanitário de uma capital brasileira: um estudo descritivo e exploratório sobre a distribuição espacial de estabelecimentos comerciais de alimentos. DEMETRA: Alimentação, Nutrição & Saúde, 18, e69252. https://doi.org/10.12957/demetra.2023.69252

Edição

Seção

Alimentação e Nutrição em Saúde Coletiva