KAFKA, APREENSÃO, RECONHECIMENTO E PARALELOS COM AS VIVÊNCIAS QUEER

Autori

  • Mariana Fernandes de Cintra Egger Universidade do Estado do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.2005/cj.v10i1.85427

Parole chiave:

Direito e literatura, Franz Kafka, Teoria Queer, Enquadramentos, Filosofia do Direito

Abstract

A partir da análise da obra de Franz Kafka, e a partir de sua representação do sentimento de culpa e de instâncias de autopoliciamento, busquei apontar paralelos entre as experiências e os conflitos internos de seus personagens e as aquelas de grupos marginalizados, nominalmente da comunidade LGBTQIA+. A partir dos relatos de Paul Preciado, que compara a “jaula” a que foi confinado por sua identidade como homem trans à jaula de Pedro Vermelho em Um Relato Para Uma Academia, é possível aferir o peso da passabilidade nos processos de apreensão e reconhecimento. A respeito desses processos, a obra da filósofa Judith Butler foi utilizada como marco teórico principal. Partindo de suas análises acerca das normas de reconhecimento e dos enquadramentos, essenciais para que o Poder identifique um indivíduo como sujeito (e, portanto, possuidor de direitos), procurei demonstrar o papel desses enquadramentos na produção de um “homossexual ideal”, que é percebido o suficiente para ser reconhecido, mas não o suficiente para aumentar sua vulnerabilidade a violências. A conclusão é de que esses paradoxos de sujeição intensificam um processo de julgamento interno, em que o indivíduo exerce os papeis de acusador e de defesa em relação a si mesmo, resultando em um autopoliciamento permanente da expressão de si. É essa angústia e necessidade de administração das percepções de si aparece de forma quase uniforme nas obras principais de Kafka. 

Downloads

I dati di download non sono ancora disponibili.

Biografia autore

Mariana Fernandes de Cintra Egger, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Mariana Fernandes de Cintra Egger é Mestranda na linha de Teoria e Filosofia do Direito pelo PPGD-UERJ. Residente jurídica da Procuradoria do Estado do Rio de Janeiro (PGERJ). Fundadora e organizadora do Clube de Leitura Virginia Woolf, vinculado ao Projeto Escola Livre de Direito e Filosofia do Grupo Pragmatismos. Bacharel em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Áreas de interesse: direito e literatura, filosofia do direito, estudos de gênero e teoria queer.

Riferimenti bibliografici

BUTLER, J. A Vida psíquica do poder: teorias da sujeição. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2018.

BUTLER, J. Quadros de guerra: quando a vida é passível de luto? Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2020.

DELEUZE, G. Guattari, F. Kafka: por uma literatura menor. Belo Horizonte: Autêntica, 2022.

KAFKA, F. Carta ao Pai. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.

KAFKA, F. O Processo. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

KAFKA, F. O veredicto e na colônia penal. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

KAFKA, F. Um relato para uma academia. In: Essencial Franz Kafka. Tradução, seleção e comentários de Modesto Carone. São Paulo: Penguin/Companhia, 2013. Ebook.

LAPOUJADE, D. As existências mínimas. São Paulo: n-1 Edições. 2017.

MONTOTO, Claudio César. Um olhar na culpa kafkiana. Revista Leitura, v. 1, n. 27, p. 129–141, 2019. Disponível em: https://seer.ufal.br/index.php/revistaleitura/article/view/7537. Acesso em: 10 jan. 2024.

PRECIADO, P. Eu sou o monstro que vos fala. Cadernos PET Filosofia, Curitiba, v.22, n.1, 2022, pp. 278-331.

Pubblicato

2024-06-30

Come citare

DE CINTRA EGGER, Mariana Fernandes. KAFKA, APREENSÃO, RECONHECIMENTO E PARALELOS COM AS VIVÊNCIAS QUEER. Contexto Jurídico, Rio de Janeiro, v. 10, n. 1, p. 12, 2024. DOI: 10.2005/cj.v10i1.85427. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/contexto/article/view/85427. Acesso em: 2 mag. 2025.

Fascicolo

Sezione

Dossiê - Direito e Arte