KAFKA, APREENSÃO, RECONHECIMENTO E PARALELOS COM AS VIVÊNCIAS QUEER
DOI:
https://doi.org/10.2005/cj.v10i1.85427Keywords:
Direito e literatura, Franz Kafka, Teoria Queer, Enquadramentos, Filosofia do DireitoAbstract
A partir da análise da obra de Franz Kafka, e a partir de sua representação do sentimento de culpa e de instâncias de autopoliciamento, busquei apontar paralelos entre as experiências e os conflitos internos de seus personagens e as aquelas de grupos marginalizados, nominalmente da comunidade LGBTQIA+. A partir dos relatos de Paul Preciado, que compara a “jaula” a que foi confinado por sua identidade como homem trans à jaula de Pedro Vermelho em Um Relato Para Uma Academia, é possível aferir o peso da passabilidade nos processos de apreensão e reconhecimento. A respeito desses processos, a obra da filósofa Judith Butler foi utilizada como marco teórico principal. Partindo de suas análises acerca das normas de reconhecimento e dos enquadramentos, essenciais para que o Poder identifique um indivíduo como sujeito (e, portanto, possuidor de direitos), procurei demonstrar o papel desses enquadramentos na produção de um “homossexual ideal”, que é percebido o suficiente para ser reconhecido, mas não o suficiente para aumentar sua vulnerabilidade a violências. A conclusão é de que esses paradoxos de sujeição intensificam um processo de julgamento interno, em que o indivíduo exerce os papeis de acusador e de defesa em relação a si mesmo, resultando em um autopoliciamento permanente da expressão de si. É essa angústia e necessidade de administração das percepções de si aparece de forma quase uniforme nas obras principais de Kafka.
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