crianças e guerra: as balas perdidas!
DOI:
https://doi.org/10.12957/childphilo.2020.48358Palavras-chave:
Criança negra. Biopolítica. Necropolítica. Participação política.Resumo
Este artigo constitui-se em um ensaio que busca responder quais crianças na contemporaneidade têm sido alvo e mortas “sem querer”, “ao acaso” pelo Estado brasileiro. Para buscar entender o lugar das crianças nesta “guerra” nos apoiamos, nos autores, entre outros: Achille Mbembe, Maurizio Lazzarato e Peter Pál Pelbart. A construção do texto foi realizada em seis partes. Utilizou-se os conceitos de biopolítica, biopoder e necropolítica em um primeiro momento, procurando mostrar o tipo específico de poder que é exercido na contemporaneidade. Compreendeu-se o biopoder não como um conceito militar, da guerra ou da política somente, mas também, em relação a uma guerra “biológica” (Lazzarato, 2016), contra os negros, contra algumas sexualidades, contra algumas mulheres e contra algumas crianças. Buscou-se mostrar de que maneira a construção da ideia universal de criança, exclui crianças que não pertencem a esta representação, em geral, difundida incessantemente como sendo uma imagem única de criança. Esta difusão de criança única, universal se faz por meio de inúmeras formas discursivas, audiovisuais, imagéticas etc., e desta forma exclui as crianças negras e todas àquelas que fazem desviar, ou “fugir” a maneira hegemônica de representar, pensar e escrever sobre o que é uma criança. Por fim, verificamos que as crianças mortas são negras e pobres e buscamos mostrar a importância da participação política das crianças nas cenas sociais.
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