o lugar dos bebês no confronto com o adultocentrismo: possibilidades a partir da cartografia e da filosofia da diferença
DOI:
https://doi.org/10.12957/childphilo.2024.81050Palavras-chave:
filosofia da infância, bebês, adultocentrismo, cartografia, devir-criançaResumo
Este artigo constitui-se como um ensaio para pensar práticas pedagógicas com bebês a partir de uma filosofia da infância que não esteja moldada por discursos adultocêntricos. O debate em torno do enfrentamento do adultocentrismo tem historicamente se concentrado mais sobre as crianças do que sobre os bebês. O presente artigo busca lançar questões a respeito de se pensar os bebês não a partir da visibilidade dos seus rótulos, marcados por uma visão cronológica, mas a partir de uma concepção que permita perceber as suas ações e os seus desenvolvimentos desde a sua diferença imanente. Subdividido em seções que envolvem a perspectiva do devir-criança de Gilles Deleuze e a concepção de cartografia de Gabriela Tebet, também nos permite imaginar outros cenários para a infância e uma possibilidade de perceber os bebês como protagonistas. Buscamos, assim, a compreensão de novas percepções com os bebês, buscando repensar a relação que travamos com eles. Pensar os bebês a partir de um discurso devir-criança é estudar as redes que constituem a infância a fim de compreender os movimentos entre os planos de imanência e de organização dos bebês. Não é estudar o indivíduo, assim como não é estudar nenhuma verdade objetiva dada a priori. Desse modo, o pesquisador processa os novos espaços e percorre caminhos em busca de conhecer quem são esses sujeitos que surgem como forma de ruptura. Propomos colocar em questão as ideias que envolvem a infância explorando os ideais pedagógicos modernos que a marcaram, na busca de vivenciar a infância e na compreensão de uma prática pedagógica com bebês capaz de ser um tempo de alegria e de intensidade da vida.
Downloads
Referências
ABRAMOWICZ, A.; TEBET, G. Afinal, o que querem os bebês? Debates em Educação, v. 13, n. 33, p. 377–390, 2021.
BARROS, G.; MUNARI, S. R.; ABRAMOWICZ, A. Educação, Cultura e Subjetividade: Deleuze e a Diferença. Reveduc, v. 11, n. 1, p. 108-124, 2017.
DELEUZE, G. O que é a filosofia? Tradução de Bento Prado Jr. e Alberto Alonzo Muñoz. Rio de Janeiro: Editora 34, 1992.
DELEUZE, G. A imanência: uma vida… Publicado originalmente em Philosophie, n. 47, p. 3-7, 1995. Tradução de Tomaz Tadeu da Silva.
DELEUZE, G. O que as crianças dizem. In: DELEUZE, G. Crítica e Clínica. Tradução de Peter Pelbart. São Paulo: Ed. 34, 1997. p. 73-79.
DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Félix. Mil Platôs. Capitalismo e Esquizofrenia. São Paulo: Editora 34, 1997. v. 4.
FONTANEL, B.; D'HARCOURT, C. L'épopée des bébés: une histoire des petits d'hommes. Paris: Ed. de La Martinière, 2010.
KASTRUP, V. O devir-criança e a cognição contemporânea. Psicologia: reflexão e crítica, v. 13, p. 373-382, 2000.
KOHAN, W. Infância. Entre educação e filosofia. Belo Horizonte: Autêntica, 2005a.
KOHAN, W.. A infância da Educação: o conceito devir-criança. Revista Educação Pública, v. 2, n. 1, 2005b.
LEAL, B. Leituras da infância na poesia de Manoel de Barros. In: KOHAN, W. (org.). Lugares da infância: filosofia. Rio de Janeiro: Lamparina, 2018.
PRADO FILHO, K.; TETI, M. M. A cartografia como método para as ciências humanas e sociais. Barbarói, n. 38, p. 45-49, 2013.
ROLNIK, S. Cartografia Sentimental contemporâneas do desejo. São Paulo: Estação Liberdade, 1989.
TEBET, G. Bebês, Cartografia e Máquinas de Individuações. Alegrar, n. 16, 2015.
TEBET, G. Territórios de infância e o lugar dos bebês. Educação em foco, p. 1007-1030, 2018.
TEBET, G.; MORAES, K.; COSTA, J. Entre errâncias e afe(c)tos: o desafio de cartografar bebês. In: Galoá. (org.). 6ª Conferência Internacional sobre Geografias das Crianças, da Juventude e das Famílias. 1. ed. Campinas: Galoá, 2019, v. 1, p. 1-10.