a que convida o convite ao filosofar?
DOI:
https://doi.org/10.12957/childphilo.2021.54168Palavras-chave:
convite, consumar, filosofar, escola públicaResumo
Na chamada da childhood & philosophy escutamos um convite ao filosofar. Mas o que nos convida a viver um convite ao filosofar? De que modos um convite ou (re)convites do filosofar nos colocam em suspensão de sentidos e nos atravessam, a ponto de nos convidarem a sustentá-lo? São estas as perguntas que inquietam duas professoras que se aventuraram a abrir-se para o convite de filosofar com crianças e, que agora, se abriram ao convite de pensar e escrever em conjunto. De certa maneira, a escrita deste ensaio-experiência testemunha outros modos de pensar e viver a prática educativa, por meio dos atravessamentos que experienciamos como professoras e os outros sujeitos praticantes (crianças e adultos, professores e alunos) que nos abre o convite a viver de outras maneiras mais inventivas, e por isso mais infantis, dentro da escola pública, numa aceção de escola como scholé (Masschelein; Simmons, 2013). Este ensaio-experiência pensa a que convida o convite ao filosofar e que condições são importantes para sustentar o convite ao filosofar e oferecemo-lo como um caminho. Pensamos o conceito de convite a partir de duas perguntas das crianças quando nos (re)convidam após terem sido, por nós, convidadas a filosofar na escola. Para pensar a sustentação do convite das crianças partimos do conceito heideggeriano consumar (Heidegger, 1987), dialogamos com a proposta por uma pedagogia da pergunta (Freire; Faundez, 1985), e com a igualdade das inteligências (Rancière, 2005). Este ensaio-experiência é um convite a pensar na pergunta: a que convida o convite ao filosofar?
Referências
Carrol, L. Alice: as aventuras de Alice no País das Maravilhas. Tradução de Maria Luiza X. de A. Borges. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor Ltda. 2010.
Costa-Carvalho, Magda. “Caminhos para impensar a filosofia” in Filosofia para Crianças: a (im)possibilidade de lhe chamar outras coisas. Rio de Janeiro: NEFI edições (coleção ensaios), p. 233-244 (2020).
Gomes, V. C. A. D. Dialogar, conversar e experienciar o filosofar na escola pública: encontros e desencontros. Rio de Janeiro: NEFI. Coleção Teses e Dissertações, 6, 2017.
Haynes, J.; Murris, K. “The Provocation of an Epistemological Shift in Teacher Education trhough Philosophy with Children”, in Vansieleghem, N; Kennedy, D. Philosophy for Children in Transition – problems and prospects. Oxford: Wiley-Blackwell, p. 117-136 (2012).
Heidegger, Martin. Carta sobre o Humanismo. Lisboa: Guimarães Editores, 1987.
Freire, P.; Faundez, A. Por uma Pedagogia da Pergunta. Rio de Janeiro: RJ, Paz e Terra, 1985.
Kohan, W. Infância. Entre Educação e Filosofia. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.
Kohan, W. “Formação inventiva de professores em tempos de pandemia: o que um louco lúcido nos convida a pensar e escrever?” in Mnemosine Vol.16, nº1, p. 53-66 (2020)
Masschelein, J; Simmons, M. Em defesa da Escola: uma questão pública. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.
Nascimento, W. F. do. “Orientando uma educação antirracista” in Entre apostas e heranças: contornos africanos e afro-brasileiros na educação e no ensino de filosofia no Brasil. Rio de Janeiro: NEFI edições (coleção ensaios), p. 65-72 (2020).
Rancière, Jacques. O mestre ignorante: cinco lições sobre a emancipação intelectual. Belo Horizonte: Autêntica. 2005.
Vieira, P.A. “Intersubjetividade: um olhar sobre a comunidade de investigação filosófica”, in childhood & philosophy, Rio de Janeiro, v. 15, jun. 2019, p. 243-262.