infância, impulso e devir criativo. aproximações nietzscheanas
DOI:
https://doi.org/10.12957/childphilo.2020.48342Palavras-chave:
nietzsche, infância, vontade de poder, vitalismo.Resumo
No pensamento nietzscheano há uma tensão permanente entre a cultura e a vida; ambas se movem, muitas vezes, em contraditórias direções. Segundo Nietzsche, sempre ganha a cultura, pois tem a seu lado a dimensão apolínea, quer dizer, esse modo definido, claro, refinado em que se expressa, compreende e transmite o narrado. Contudo, a forma-bela é apenas um modo de aparecer do profundamente transcendental, é a ponta de um iceberg gigantesco chamado vida. Nietzsche é um pensador vitalista, aposta na expressão plenamente humana, consistente em querer, por amor a si mesmo, o mesmo que quer a vida, ou seja, encaminhando suas ações na direção da suspensão dos juízos acerca daquilo mais conveniente, mais adequado, politicamente correto, aquilo que se ajusta a um registro da cultura. A infância tem muita vida pressionando para sair, é a latência dionisíaca que não quer sucumbir ao compromisso apolíneo, é a vida sem nome, a força que devasta com todos os pedidos de forma. É uma vida e uma infância em tensão, uma infância que acreditamos conhecer e ao mesmo tempo uma infância que não será nunca esses nomes que lhes damos. Com frequência a captura e o encerramento mobiliza nosso interesse adulto, nos aproximamos da infância colocando-lhe nomes e atribuindo-lhe papéis, vamos dando uma forma ao informe. O impulso convertemos em pulso, em cadência, em registro, em tic-tac, Cronos aparece, o ser adquire forma permanente, o devir vai pouco a pouco desvanecendo.
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Referências
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