linhas erráticas: cartografias de um outro modo de existir na (vida e) escola

Autores

  • luciana pires alves Universidade do Estado do Rio de Janeiro
  • carmen lúcia vidal pérez

DOI:

https://doi.org/10.12957/childphilo.2018.36041

Palavras-chave:

Estudos da Infância, Redes, Diferença

Resumo

O artigo busca discutir as ideias de Fernand Deligny e suas contribuições para pensar a (re)invenção da escola a partir das crianças (autistas ou não) que apresentam um outro modo de existir na escola e na vida: aquelas que habitam o cotidiano de nossas salas de aula com suas diferenças, em diálogo com Gilles Deleuze. No presente texto, trazemos duas experiências que estão se fazendo com crianças autistas ou não em escolas públicas na Região Metropolitana do Estado do Rio de Janeiro, uma em Niterói e outra na Baixada Fluminense. No esforço de abandonar as lógicas e práticas do “projeto pensado”, nos dispomos ao encontro inventivo, ou seja, aquele que cria o que acha, pois, o objetivo da rede não é a captura do objeto, mas o tecer das existências singulares. A presente interseção teórica nos possibilita estar com a criança no sentido de permitir, acompanhar, vagar com elas, isso constitui outra abordagem, Deleuze afirma que as crianças desejam constituir seus mapas, seus percursos pelo e entre o real e o virtual, sendo os adultos também meios a serem percorridos, logo na relação com elas não nos cabe interpretar seus enunciados, mas perceber e investir em seus e nossos deslocamentos.  Opositor ferrenho às instituições de todo tipo, Deligny faz uma crítica radical às concepções educacionais positivistas e rejeita a visão do autismo e da deficiência cognitiva como desvios patológicos de uma norma preexistente. Deligny via o autismo como uma produção singular de existência. Para ele não se trata de forçar os autistas (não falantes), com quem trabalhava, a se adequarem aos padrões da linguagem, mas inventar um modo que nos permitisse existir com eles, mesmo que isso significasse mudar nosso próprio modo de existir. Também, não se trata de “ressocializar” ou governar as crianças das favelas, em situação de rua ou de risco social, mas de um trabalho frágil de estar com elas em suas tessituras de lugares ou políticas de proximidade. Deligny e Deleuze apontam que estar com as crianças pode significar acompanhar, traçar, seguir com a diferença entorno da alteridade e das tentativas de um agir que não enquadre, que não contenha ou delimite a si e ao outro pelos contextos.

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Publicado

2018-09-13

Como Citar

alves, luciana pires, & pérez, carmen lúcia vidal. (2018). linhas erráticas: cartografias de um outro modo de existir na (vida e) escola. Childhood & Philosophy, 14(31), 575–594. https://doi.org/10.12957/childphilo.2018.36041

Edição

Seção

dossiê