quem são os autênticos intranquilos da contemporaneidade?
DOI:
https://doi.org/10.12957/childphilo.2018.25235Palavras-chave:
Atenção, Educação, Psiquiatria, NeurociênciaResumo
O que leva um corpo a prestar atenção em determinado elemento e não em outro? O que afecta um corpo afecta os demais? O que faz um corpo querer envolver-se com um certo signo, situação ou problemática? Por que os corpos respondem diferentemente aos signos e aos contextos de ensino?
Abordando, principalmente, o pensamento de Henri Bergson e Gilles Deleuze, os autores problematizam, neste ensaio, o conceito de atenção, propondo um diálogo entre educação, psiquiatria, filosofia e neurociências; investigam os conceitos de “reconhecimento automático” e de “reconhecimento atento”, construídos por Henri Bergson; e discutem implicações do diagnóstico e tratamento do Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, a partir de estudos dos conceitos de “atenção” e de “aprender”.
Tratar as possíveis “dificuldades” para a concentração em sala de aula como “dificuldades” e “dispersões” pode ser uma atitude incompatível com os aprendizados da ordem da criação e do pensamento, e um desconhecimento acerca da atuação da atenção.
Nesse sentido, a ênfase dada pelas mídias ao Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, a popularização e banalização de conceitos nosológicos complexos em literatura de entretenimento — onde muitas vezes se elevam determinadas categorias diagnósticas de consistência questionável ao status de epidemias a ser combatidas — podem contribuir para a medicalização da população. Isso, por sua vez, pode concorrer para a mortificação da capacidade cartográfica dos corpos — a capacidade de transitar e selecionar o que aumenta a potência de pensar, experimentar e viver.