a emergência do sujeito cerebral e suas implicações para a educação
DOI:
https://doi.org/10.12957/childphilo.2016.22996Resumo
O objetivo neste artigo é compreender a emergência dos discursos em torno do “sujeito cerebral” e seus eventuais vínculos com a biopolítica contemporânea e as formas de condução da conduta dos indivíduos que são instados a estarem à altura das demandas competitivas do mercado de trabalho, a investirem em si mesmos, a se tornarem pequenos empreendedores de si mesmos. O que parece ficar evidente nos discursos acerca do “sujeito cerebral” é a certeza de que se poderá corrigir e potencializar capacidades e habilidades dos indivíduos, em função de torná-los mais produtivos e eficientes. Há uma clara relação entre os modos como se caracteriza e se deve investir na constituição desse “sujeito cerebral” e o investimento em capital humano. Numa sociedade estruturada pela lógica do desempenho, torna-se evidente que os processos de medicalização, orientados pelos critérios da eficiência cerebral, visam a aumentar a performance no trabalho, nos processos de aprendizagem, criando uma espécie de “mais valor comportamental” e um “superávit de desempenho.” É também com base nessa lógica de desempenho que se define ou se busca reparar os cérebros ineficientes (sujeitos ineficientes/deficientes).