fragmentos — os ventos, os amigos, a estrada
Palavras-chave:
friendship, thought, philosophyResumo
Passeios esquizos, fendidos, um pouco de ar, vento, estradas, e passos sugerem um aprendizado, uma amizade, memórias, fabulações, devires, segredos de viajantes de diferentes tribos. E toda uma diagramática é concebida para capturar as relações de forças e ressaltar, no percurso e no percorrido, linhas, fluxos e composições. Da vida, fragmentos de pensamentos desgarram-se. Dos pensamentos, possibilidades de vida desprendem-se. E, continuamente, a experimentação de uma vida suscita outros modos de pensamento e desencadeia novas maneiras de viver. A conexão entre vida, pensamento, passeios esquizos, amizade, devires e fabulações duplica forças e abre os corpos ao incomensurável de si e do mundo. Não obstante, nesta conduta de vida, neste modo de orientar-se e transitar pelo mundo, não há nenhum transcendente autorizado a dizer o que é certo e o que é errado. Somente cada corpo pode mapear os próprios caminhos, compulsar as próprias fibras, e decifrar os próprios signos. Cabe a cada um inventar suas próprias pisadas, escolher para onde remar seu barco e aprender a identificar qual vento é bom e favorável à sua navegação. Há muitos modos de percorrer um caminho, tantos quantos caminhos há. Acreditar em um desenvolvimento ordenado do caminhar, em um procedimento de caráter central e exato, é acreditar que existe o caminho, e, como indicou Zaratustra, o caminho não existe; existem, sim, muitos caminhos e meios de transpô-los. Maneira tal que uma experimentação de si requer um artesão de si. E tornar-se um artesão de si é fazer de si uma viagem que não termina nunca; é tornar-se sensível aos veios do próprio corpo; é desfazer o Eu para ir atrás das próprias matilhas, das amizades e dos encontros que aumentam a potência de agir, viver, pensar, sentir; é conjugar as forças do próprio corpo com as forças de outros corpos; é fazer fibra com outros corpos, fazer rizoma, e entrar em um devir-amigo; é atender às amizades trazidas pelo vento, pelo acaso, e junto com o amigo experimentar potências da percepção, da sensação, da memória e do pensamento. A amizade se faz condição para pensar, como bem testemunharam Gilles Deleuze e Félix Guattari, Maurice Blanchot e Georges Bataille.Downloads
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Publicado
2012-06-10
Como Citar
FERNANDES, Rosana aparecida; OLIVEIRA, José menna. fragmentos — os ventos, os amigos, a estrada. childhood & philosophy, Rio de Janeiro, v. 8, n. 15, p. 221–232, 2012. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/childhood/article/view/20745. Acesso em: 2 maio. 2025.
Edição
Seção
literatura