napité. uma aproximação de filosofia com crianças em um contexto indígena

Resumo

No trabalho a seguir, irá se expor e explorar uma experiência realizada com a comunidade tojolabal Napité, no município de Las Margaritas, Chiapas, México. Em um contexto de educação não formal e por debaixo da aparência de um simples “jogo”, se desenvolveram múltiplas atividades com diferentes repercussões. Tendo em conta a dificuldade que as comunidades indígenas têm para a expressão e a defesa de seus pensamentos individuais ou coletivos, se buscou uma aproximação lúdica, pedagógica e filosófica, que permitiu alcançar alguns resultados dentro desse objetivo didático. A análise das expressões dos meninos tem o propósito de mostrar como uma prática, de filosofia com crianças, relativamente breve em tempo, pode gerar resultados notáveis na abertura e expressão do pensamento crítico. O pensamento crítico e filosófico nos envolve e nos abre como parte inseparável da nossa humanidade pensante. O que temos feito nesse espaço é nada mais do que potencializá-lo por meio de oficinas estimulantes e divertidas, e analisar sua manifestação. Contra a idéia incomunicável e retrógrada de que a filosofia se faz presente somente quando se fecha dentro dos muros universitários, aqui reforçamos a visão oposta que há quarenta anos Lipman começou a delinear. É possível que a criação filosófica incipiente se desenvolva a partir de jogos, textos e atividades grupais, e isso pode se aprimorar se há um prolongamento de tempo. Ao mesmo tempo, se busca apresentar como, a partir dos meios alternativos ao programa ou ao método de filosofia para crianças em um sentido estrito, é possível desenvolver uma expressão filosófica primitiva. Nesse trabalho de campo foram utilizadas propostas como a didática lúdica com a qual trabalha Mónica Kac e evidentemente, também, as bases e objetivos do conjunto conceitual-metodológico-prático da filosofia com crianças. Este não é mais que um caso breve, porém que busca refletir ou fazer eco em nós mesmos sobre a infinita gama de possibilidades que nos habilita, não somente as propostas de filosofia com crianças, mas também o simples acontecimento de fazer uma aula em um contexto formal ou não.