movimentos e efeitos da palavra: uma reflexão sobre as narrativas de/sobre crianças no contexto escolar
DOI:
https://doi.org/10.12957/childphilo.2024.85862Abstract
A escola é um lugar onde as crianças compartilham o espaço-tempo com seus pares, outros sujeitos que compõem seu cotidiano e, por vezes, pesquisadoras que vão a campo com suas inquietações. Para a produção deste artigo, foi utilizado como material-base o relatório de campo desenvolvido durante uma oficina realizada com crianças do 1º ano do ensino fundamental, matriculadas em uma escola municipal localizada na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro. A partir das falas, não falas e outras formas de expressão protagonizadas por estudantes, professora e pesquisadoras, buscamos entender o lugar da palavra na elaboração de narrativas por e sobre as crianças no contexto escolar. Além dos/as autores/as do campo dos estudos da infância, apoiamo-nos em textos literários e poéticos, por fornecerem elementos que nos permitem situarmo-nos no mundo a partir de perspectivas diversas. Como exercício de reflexão sobre os movimentos e efeitos da palavra, traçamos três linhas de análise: a palavra que anseia brecha e escuta; as palavras impostas, mal endereçadas, limitantes; e, por último, as narrativas inventadas que viram de ponta-cabeça. Além de provocar educadores/as a olharem para suas práticas pedagógicas e mediações, desafiamo-nos a pensar se há espaço na escola para a expressão livre e criadora, formadora de leituras de si e da vida.
Downloads
Riferimenti bibliografici
Alves, R. Escutatória. In: Alves, R. O amor que acende a lua. Campinas, SP: Papirus, 2003. p. 65-71.
Arendt, H. Entre o passado e o futuro. São Paulo: Perspectiva, 2007.
Bakhtin, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
Barros, M. Exercícios de ser criança. Rio de Janeiro: Salamandra, 1999.
Bondía, J. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Revista Brasileira de Educação, n. 19, p. 20-28, 2002. https://doi.org/10.1590/S1413-24782002000100003
Brougère, G. Brinquedo e cultura. São Paulo: Cortez, 1995.
Burman, E. Criança como método como um recurso para interrogar crises, antagonismos e agências. Estudos e Pesquisas em Psicologia, v. 22, n. 4, p. 1296-1312, 2022. https://doi.org/10.12957/epp.2022.71743
Byrne, R. Este livro comeu meu cão. São Paulo: Panda Books, 2015.
Carvalho, M. P. Ensino, uma atividade relacional. Revista Brasileira de Educação, n. 11, p. 17-32, 1999. http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-24781999000200003
Castro, L. A subjetividade sob dominação: um diálogo entre ‘the intimate enemy’ de Nandy e ‘nervous conditions’ de Dangarembga. Psicologia Política, v. 19, n. 46, p. 646-663, 2019. http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rpp/v19n46/v19n46a19.pdf
Corsaro, W. A. Sociologia da infância. Porto Alegre: Artmed, 2011.
Evaristo, C. A gente combinamos de não morrer. In: EVARISTO, C. Olhos d’água. Rio de Janeiro: Pallas, 2016. p. 99-109.
Freud, S. Escritores criativos e devaneios (1908). In: FREUD, S. Obras Completas. Rio de Janeiro: Imago, 1976. p. 79-85.
Girardello, G. Crianças inventando mundos e a si mesmas: ideias para pensar a autoria narrativa infantil. childhood & philosophy, v. 14, n. 29, p. 71-92, 2018. https://doi.org/10.12957/childphilo.2018.30576
Kohan, W. O. A infância da educação: o conceito devir-criança. Revista Educação Pública, v. 2, n. 1, 2005. https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/2/1/a-infancia-da-educacao-o-conceito-devir-crianca
Liebel, M. Infancias dignas, o cómo descolonizarse. Peru: IFEJANT, 2019.
Macedo, N. M. R. et al. Encontrar, compartilhar e transformar: reflexões sobre a pesquisa-intervenção com crianças. In: Pereira, R. M. R.; Macedo, N. M. R. (Orgs.). Infância em pesquisa. Rio de Janeiro: Nau, 2012. p. 87-107
Montes, G. La frontera indómita. In: G. Montes. En torno a la construcción y defensa del espacio poético (s./p.). México: FCE, 1999.
Montes, G. El corral de la infancia. Buenos Aires: Secretaría de la Educación Pública, 2002
Olarieta, B. F. O sol e as laranjas. ou sobre o lugar onde as crianças e a poesia se encontram. Childhood & Philosophy, v. 9, n. 17, p. 11-23, 2013. https://www.e-publicacoes.uerj.br/childhood/article/view/20666/14993.
Olarieta, B. F. Filosofar com as crianças: um trabalho sobre o excesso das palavras. childhood & philosophy, v. 13, n. 26, p. 21-34, 2017. 10.12957/childphilo.2017.26655
Pereira, R. M. R.; Gomes, L. O.; Silva, C. F. S. A infância no fio da navalha: construção teórica como agir ético. ETD – Educação Temática Digital, v. 20, n. 3, p. 761-780, 2018. 10.20396/etd.v20i3.8649227
Ricoeur, P. Tempo e narrativa. In: RICOEUR, P. A configuração do tempo na narrativa de ficção. São Paulo: Martins Fontes, 2011.
Rocha, R. Marcelo, Marmelo, Martelo. São Paulo: Moderna, 1999.
Rockwell, E. Los niños en los intersticios de la cotidianeidad escolar: ¿resistencia, apropiación o subversión? In: Arata, N.; Escalante, J. C.; Padawer, A. (Orgs.). Vivir entre escuelas: relatos y presencias. Antología esencial. Buenos Aires: CLACSO, 2018. p. 239-264.
Rufino, L. Pedagogia das encruzilhadas. Rio de Janeiro: Mórula, 2019.
Rufino, L. Ponta-cabeça: educação, jogo de corpo e outras mandingas. Rio de Janeiro: Mórula, 2023.
Silva, C. F. S.; Gomes, L. O. Participação política e infância: como as crianças brasileiras se posicionam e se fazem presentes em seus contextos sociais. Arquivos Analíticos de Políticas Educativas, v. 31, n. 30, 2023. https://doi.org/10.14507/epaa.31.7346
Silva, C. F. S.; Luciano, G. C. O. A pandemia e o “inseto da sorte”: as mudanças e os deslocamentos subjetivos e coletivos realizados pelas crianças. In: Pereira, R. R. M.; Gomes, L. O.; Patrícia, C. (Orgs.). Infância e pandemia sentimentos e utopias de crianças da região metropolitana do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Nau Editora, 2023. p. 145-164.
Soares, D. As trajetórias possíveis do banzo. São Paulo: Ofícios Terrestres, 2023.