o devir-deficiente da pedagogia: notas para uma antropologia filosófico-educacional da plasticidade
DOI:
https://doi.org/10.12957/childphilo.2016.22922Parole chiave:
devir-deficiente, plasticidade, antropotécnicas, formação humanaAbstract
Esse ensaio problematiza os processos formativos enquanto processos antropotécnicos, almejando contribuir com o debate acerca dos sentidos imanentes aos discursos que visam promover e difundir múltiplos aparatos para inclusão das diferenças. O argumento central defende que o abandono da reflexão em torno da noção de plasticidade tem privado a filosofia da educação de pensar os processos de exposição das vidas que não se deixam dobrar aos códigos normativos vigentes, ocultando um possível devir-deficiente da própria pedagogia. O devir-deficiente da pedagogia passa pelas manifestações expressivas das formas que explodem e que se fazem catástrofe. A plasticidade configura-se então como condição de possibilidade e como uma ameaça aos humanismos domesticadores. Seguindo as reflexões de Peter Sloterdijk e Catherine Malabou, a plasticidade é pensada como um indicativo de que toda vida humana se constitui como um acidente incontornável, sendo a deficiência apenas um limite nas tentativas biopolíticas de reconstituir um modelo ideal ou totalizante do humano. Assim, os deficientes podem guardar algumas lições inquietantes acerca de nossas máximas pedagógicas, apontando uma disposição ético-política para pensar a formação humana para além da noção de perfectibilidade. Dessa ótica, o devir-deficiente da pedagogia pode colocar em questão os arcanos quase esotéricos da reflexão pedagógica ocidental.