corpos leitores: infância e escola
DOI :
https://doi.org/10.12957/childphilo.2018.36043Mots-clés :
Corpo, Leitura literária, Educação das infânciasRésumé
A escrita aproxima leitura literária e infância escolarizada para destacar a literatura integrada às artes, como arte da palavra na Educação Básica. A abordagem filosófica da leitura enquanto experiência tecida no vínculo entre texto e leitor, corpo e alma, silêncio e escuta, contribui para estreitar relações entre corpo e leitura literária, para confabular sentidos outros de leitura espreitando experiências de infâncias, de arte e de dimensão educativa da estesia da leitura literária. A interlocução entre Jean- Luc Nancy, Maurice Merleau- Ponty, Ricardo Piglia e Walter Kohan permite pensar a relação das crianças com a dimensão educativa da leitura e como esta pode ser vivida/experienciada. Considerar a leitura como experiência, como distintos modos de encarnar a palavra, exige detenção para repensarmos como a educação se coloca frente às infâncias. Essa detenção implica considerar o potencial que a leitura literária pode guardar como experiência afetiva nas infâncias e de que forma uma prática fundamentalmente intelectual como a leitura pode afetar nossos sentidos e ressoar em nossos corpos, além de provocar nosso pensamento. As artes e entre elas a literatura, configuram o acontecimento da dimensão estésica privilegiada de um corpo irredutivelmente diverso em seus acessos sensíveis – sensorial, sentimental, sensual, sensato. A presença de cada arte é única e heterogênea, o que as faz se comunicarem, colocando-as em contato e afetando-as. Talvez, o exercício da leitura literária seja menos um exercício de escolarizar sensibilidades e padronizar singularidades e mais um modo de acolher a estesia da alteridade na experiência de sentir sentidos de mundo.