devir-violão: um desafio (à filosofia e à educação) da infância
DOI :
https://doi.org/10.12957/childphilo.2024.78495Mots-clés :
ensino de filosofia, filosofia com crianças, infância, educação, devirRésumé
Este artigo busca ressoar um percurso de sensibilização vivido por um professor que descobre a força desestabilizadora e inspiradora da infância das crianças durante as aulas de filosofia. Ao investigar a (im)possibilidade das crianças fazerem filosofia, vemos semelhanças com a experiência de tocar violão, o qual transformamos em um personagem conceitual para nos ajudar a (re)pensar o ensino de filosofia para crianças. Ensaiamos, neste texto, formas de explorar os sentidos que se desprendem de experiências vividas entre a infância e a filosofia a partir de encontros vividos em salas de aula, para encontrarmos/criarmos possibilidades de alimentarmos essa investigação ao invés de pôr fim a ela. Um exercício que nos possibilita encontrar/construir formas mais acolhedoras, sensíveis e inventivas de fazer, viver e habitar a educação entre a infância e a filosofia na escola. Deparamo-nos, assim, com ideia (conceito-corpo) de devir-violão, a qual trabalhamos a partir dos encontros com Gilles Deleuze e Jean-Luc Nancy. Vida. É disso que se trata este texto; e pesquisa, pois, no que diz respeito à educação, essas duas coisas se confundem, acontecem juntas, co-partilham percursos, são inseparáveis; do mesmo modo que não podemos separar o som do arrepio que causam em nossa pele. O texto é, antes de tudo, um convite a nos colocarmos à escuta daquilo que nos toca, não para explicar ou fundamentar nossas práticas, mas sim para descobrir e inventar sentidos: ser em-com-outros, entre educação, filosofia, infâncias e escolas.
Téléchargements
Références
AGAMBEN, Giorgio. Infância e história: destruição da experiência e origem da história. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2005.
DELEUZE, Gilles; PARNET, Claire. Diálogos. Lisboa: Relógio D’Água Editores, 1996.
FERRARO, Giuseppe. A escola dos sentimentos: da alfabetização das emoções à educação afetiva. Rio de Janeiro: NEFI, 2018.
GALLO, Sílvio. mínimo múltiplo comum. In: RIBETTO, Anelice (Org.). Políticas poéticas e práticas pedagógicas (com minúsculas). 1. ed. Rio de Janeiro: Lamparina, FAPERJ, 2014.
KOHAN, Walter Omar. Infância. Entre educação e filosofia. 1. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.
KOHAN. Uma educação da filosofia através da infância. In: KOHAN, Walter (Org.). Ensino de Filosofia: perspectivas. 1. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.
LARROSA, Jorge. Tremores: escritos sobre experiência. 1. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2014.
MARTON, Silmara Lídia; RODRIGUES, Allan de Carvalho. The teacher’s childhood: lived curriculums in the awakening of experience. childhood & philosophy, 14(30), 385–405.
MASSCHELEIN, Jan; SIMONS, Maarten. A pedagogia, a democracia, a escola. 1. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2014.
MAYER, Rui Carlos. Letras Canibais: um escrito de crítica ao humanismo em educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.
NANCY, Jean-Luc. À escuta. Belo Horizonte: Edições Chão da Feira, 2014.
RANCIÈRE, Jacques. O mestre ignorante: cinco lições sobre a emancipação intelectual. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.
SHAFER, R. Murray. O ouvido pensante. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1991.