denúncias e pronúncias: estudos afroperspectivistas sobre infâncias e educação das relações étnico-raciais

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/childphilo.2020.48335

Palavras-chave:

afroperspectividade, denúncias, étnico-raciais, infância, pronúncias.

Resumo

O horizonte dos desafios deste breve estudo afroperspectivistaestá na articulação entre educação das relações étnico-raciais e os estudos da infância. As questões geracionais da infância não estão dissociadas da racialização. Portanto, o racismo é um fenômeno que precisa ser enfrentado nos contextos infantis. Este ensaio faz algumas denúncias acerca de situações de racismo que afligem crianças no Brasil. Para além das denúncias que se fazem necessárias e incontornáveis. Este artigo-ensaio destaca o que aqui denominamos de pronúncias. Através das pronúncias postulamos que é importante propor caminhos antirracistas. A filosofia afroperspectivistaopera através de uma trama na qual a Infância – enquanto conceito filosófico – é a chave existencial e política para promoção da afrotopia. Levando em conta o debate feito pelo economista senegalês Felwine Sarr, a afrotopia é tomada como possibilidade real. Numa abordagem afroperspectivista, a conjectura é de que precisamos denegrir e infancializar a vida para construir um afrotopos. Um aspecto que merece destaque é a ideia de que o projeto Ocidental promove a adultidade, o que implica na colonização da vida e do mundo. A nossa hipótese é de que através da promoção da infância podemos ter as condições necessárias para sociedades antirracistas. No final do artigo-ensaio sugerimos um estatuto afroperspectivista da infância como indicador pró-ativo de promoção de outras realidades.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

renato noguera, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Professor do Departamento de Educação e Sociedade, e, do

Programa de Pós-Graduação em Filosofia

Referências

ALMEIDA, Silvio Luiz de. O que é racismo estrutural? Belo Horizonte: Letramento, 2018

ALVARES, Claude. Science, development and violence: The revolt against modernity. Oxford & Nova Deli: Oxford University Press, 1994.

ANDRADE, Oswald de. A utopia antropofágica. São Paulo: Globo, 2011

BÂ, Amadou Hampaté. “A Tradição Viva”. In. KI-ZERBO, J. (Org.). História Geral da África I: metodologia e pré-história da África. 2. ed. rev. Brasília: UNESCO, 2010.

CAVALLEIRO, Eliane dos Santos. Do silêncio do lar ao silêncio escolar: racismo, preconceito e discriminação na educação infantil. 6. ed. São Paulo: Contexto, 2012

DIOP, Cheikh Anta. A unidade cultural da África negra. Tradução: Silvia Cunha Neto. Luanda: Edições Mulembra, 2014.

ESTEVA, Gustavo. “Más allá del desarrollo: La buena vida”. América Latina en Movimiento, 445, pp. 1-5, 2009

FREIRE, Paulo. Conscientização: teoria e prática da libertação. 3ª Ed. São Paulo: Moraes, 1980.

_____________. Educação como prática da liberdade. 23ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999.

HALE, Thomas A. Griots and Griotes: Masters of words and music. Bloomington: Indiana University Press, 2007.

KOHAN, Walter. “Vida e Morte da Infância, entre o Humano e o Inumano” .Educ. Real., Porto Alegre, v. 35, n. 3, set./dez., 2010, p.125-138

LATOUCHE, Serge. Sobrevivir al desarrollo: De la descolonización del imaginario económico a la construcción de una sociedad alternativa (2ª ed.). Barcelona: Icaria, 2009.

MOREIRA, Adilson. O que é racismo recreativo? Belo Horizonte: Letramento, 20

NOGUERA, Renato. “‘Antes de saber para onde vai, é preciso saber quem você é’: tecnologia griot, filosofia e educação” Problemata: R. Intern. Fil. V. 10. n. 2 (2019), p. 258-277

_______________. “Denegrindo a filosofia: o pensamento como coreografia de conceitos afroperspectivistas”. In Griot – Revista de Filosofia, Amargosa, Bahia – Brasil, v.4, n.2, dezembro/2011, pp. 1-19.

_________________. “Infância em afroperspectiva: articulações entre sankofa, ndaw e terrixistir” Revista Sul-Americana de Filosofia e Educação – RESAFE, n.31, mai-out 2019, pp.53-70

PEREIRA, Amílcar Araújo. O mundo negro: relações raciais e a constituição do movimento negro contemporâneo no Brasil. Rio de Janeiro, Pallas/Faperj, 2013.

REIS, João José e SILVA, Eduardo. Negociações e Conflito; a resistência negra no Brasil escravista. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

RODHAIN, Florence; LLENA, Claude. “Le mythe du développement durable” Préventique Sécurité. Janvier-février 2006 - 47 N°85, pp.41-47.

SACHS, Wolfgang (Org.). The development dictionary: A guide to knowledge as power. Londres & Nova Iorque: Zed Books, 1992.

SANTOS, Boaventura Sousa. “Para além do pensamento abissal: Das linhas globais a uma ecologia dos saberes”. In SANTOS, Boaventura & MENESES, Maira Paula (Orgs.), Epistemologias do Sul. Coimbra: Almedina/CES, 2010, p.23-71.

SARMENTO, Manuel Jacinto. “Sociologia da Infância: Correntes e Confluências” In SARMENTO, Manuel Jacinto e GOUVÊA, Maria Cristina Soares de (org.) Estudos da Infância: educação e práticas sociais. Petrópolis. Vozes, p.17-39, 2008.

SARR, Felwine. Afrotopia. Tradução Brasil: n-1 edições, 2019.

SARR, Felwine. Afrotopia. Paris: Philippe Rey, 2016 a.

SARR, Felwine. “Développement: toute une terminologie à revoir”. Brennpunkt Drëtt Welt, 296, pp. 7-9, 2016 b

SCHUMAN, Lia V. “Sim, nós somos racistas: um estudo psicossocial da branquitude paulistana” Psicologia & Sociedade, 26 (1), pp.83-94.

SIROTA, Regine. “L’enfant dans la sociologie de l’éducation: un fantôme ressuscité?” Revue de L’Institut de Sociologie. Université Livre de Bruxelles. 1994, p. 147-163.

Downloads

Publicado

2020-08-25

Como Citar

NOGUERA, Renato. denúncias e pronúncias: estudos afroperspectivistas sobre infâncias e educação das relações étnico-raciais. childhood & philosophy, Rio de Janeiro, v. 16, n. 36, p. 01–22, 2020. DOI: 10.12957/childphilo.2020.48335. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/childhood/article/view/48335. Acesso em: 1 maio. 2025.

Edição

Seção

dossier: estudos da infância: politizações e estesias