Intersetorialidade em Educação e Saúde na atuação de psicólogas(os) na educação básica no Ceará
DOI:
https://doi.org/10.12957/sustinere.2025.92972Palavras-chave:
Intersetorialidade, Psicologia escolar, Saúde, CearáResumo
Até a década de 1990 as relações entre Psicologia e Educação materializaram-se em práticas prioritariamente individualizantes, sem tensionamentos às condições produtoras de desigualdade e exclusão no território escolar. Ideais de normalização e ajustamento estavam no centro da cena escolar, alinhavando concepções de saúde e subjetivação. Neste artigo procura-se analisar como a intersetorialidade entre Educação e Saúde comparece atualmente na atuação de psicólogas(os) vinculadas(os) a rede municipal e estadual de educação básica do Ceará. Para tal, realizou-se um recorte da pesquisa “Atuação de psicólogas(os) escolares e educacionais no Ceará: concepções, desafios e inovações nas políticas públicas de educação básica”. Metodologicamente, tem-se como corpus 82 respostas obtidas pela aplicação de questionário online. Quanto aos resultados, os órgãos da saúde se destacaram por sua maior presença, ao serem citados em todas as 10 temáticas abordadas no questionário. Quanto à atuação intersetorial com órgãos da saúde, as temáticas mais frequentemente trabalhadas foram saúde mental, inclusão de PCDs, gênero e sexualidade e medicalização/patologização. Estudantes e professores são os atores escolares a quem mais se direcionam as ações das(os) psicólogas(os). No que se refere às estratégias, há uma convivência entre trabalhos grupais, sobretudo rodas de conversas, atendimentos individuais e encaminhamentos. Muito embora não seja possível inferir sobre o cotidiano da intersetorialidade educação-saúde, as análises são pistas de como as estratégias mencionadas pelas(os) psicólogas(os) tensionam a setorização das políticas públicas e a terceirização do trabalho sobre as demandas escolares atreladas ao fenômeno da queixa escolar.
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