Tinha uma escola no meio do caminho: a implicância como estratégia de combate antirracista para (re)existir nas escolas
DOI:
https://doi.org/10.12957/sustinere.2025.92968Parole chiave:
Implicância, Análise de Implicação, Escola, Esperançar, RacismoAbstract
Este artigo discorre sobre o conceito de implicância criado a partir de uma pesquisa sobre o trabalho de uma psicóloga negra no contexto escolar. Primeiramente, é feito um resgate do conceito de análise de implicação, sendo apresentada como um dispositivo ético e metodológico de escuta de si, do corpo que ingressa e atravessa espaços que estão marcados pela colonização e também pela escuta do outro, que também se insere em um contexto histórico. A implicância, contudo, dá um salto além em relação à análise de implicação, uma vez que não se trata apenas de se reconhecer como partícipe na rede institucional, mas como um agente de transformação. Uma psicologia implicante se recusa a habitar somente uma salinha dentro da escola, pois entende que ela nunca será um território neutro. Para além da queixa, implicar com a escola envolve implicar-se com a escola, implicância que não se dá somente no plano conceitual, mas sobretudo nas memórias infanto-juvenis de corpos negros violentados e estigmados pela escola e que, por escolhas ou circunstâncias da vida, acabam se vendo trabalhando em uma escola, como se essa fosse uma pedra no meio caminho. Trata-se de um exercício ético, político e antirracista, uma vez que o que está em jogo não é a manutenção de determinada realidade, mas a sua transformação. Implicar com as instituições é não ceder espaço ao conformismo institucional, que busca a todo custo não mexer nos problemas ditos estruturais em uma escola, neste caso, do racismo e machismo.
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