Saúde Discente: revisão integrativa de um debate em construção

Authors

DOI:

https://doi.org/10.12957/sustinere.2025.92964

Keywords:

Saúde mental, Estudante universitário, Ensino superior, Educação, Psicologia

Abstract

Este artigo apresenta uma revisão integrativa acerca da produção de conhecimento científica brasileira quanto à relação saúde e estudante universitário(a), enfocando o público de graduandos(as) e pós-graduandos(as). A amostra final de 36 artigos, através da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), levou em consideração o período de 1995 a 2018. Os pontos em destaque se colocam na observação de que as publicações mais frequentes, a partir de 2014, demonstram maior interesse da área da Psicologia, com predominância das(os) autoras(es) dos trabalhos publicados e área dos periódicos e concentração de publicações da Região Sudeste. A maioria das pesquisas priorizaram uma abordagem quantitativa, incluindo aquelas que apresentam as(os) estudantes como fontes primárias, chamando atenção para ausência do debate sobre questões de gênero, raça, etnia, classe social, na relação com o contexto da produção de saúde e/ou adoecimento. A pesquisa aponta que há um modo de produção de conhecimento que direciona a centralidade de discursos sobre a saúde em seus aspectos biologizantes, curativistas, tecnológicos e focados nos indivíduos, desconsiderando a criação de intervenções e políticas públicas que possam subverter tal contexto.

Author Biographies

Raphaella Fagundes Daros, Universidade Federal Fluminense (UFF)

Psicóloga graduada pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Mestre em Atenção á Saúde Coletiva pela UFES. Doutora em Psicologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF) na linha de pesquisa: Subjetividade, Política e Exclusão Social. Iniciou a carreira docente no Departamento de Administração da UFES, seguindo em algumas universidades privadas, mais especificamente no Departamento de Psicologia e outros cursos da área da Saúde. Entre os anos de 2015 e 2016 atuou como professora do setor de Psicologia Social da UFF . Atuou como consultora/pesquisadora na Equipe Técnica do Trabalho Social do PAC - Favelas- RJ ( Programa de Aceleração do Crescimento - Governo Federal ) desenvolvendo atividades de pesquisa e capacitação ligadas ao fomento do Desenvolvimento Local Na área de Saúde Coletiva, atuou como pesquisadora ligada a alguns projetos do IMS e LAPPIS, na UERJ, além da atuação como consultora e pesquisadora vinculada à OPAS/OMS, onde realizou pesquisas no âmbito da Saúde Suplementar em parceria com a Agência Nacional de Saúde (ANS) Atua na clínica psicoterápica corporal desde 2000, incluindo atividades de coordenação de grupos e supervisão. Atualmente realiza o pós-doutorado no Programa de Pós-Graduação em Psicologia Institucional da UFES. 

Janaína Mariano César, Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)

Professora do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Espírito Santo. Doutora em Educação pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e Mestre em Psicologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF/RJ). Professora do Programa de Pós-graduação em Psicologia Institucional da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES/PPGPSI). Pesquisadora na vinculação com a Rede de Estudos de Práticas Conectivas em Políticas Públicas (Conectus/UFES). Faz parte do Grupo de Trabalho (GT) Subjetividade Contemporânea da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia (ANPEPP). Dedica-se à atuação e estudos relacionados aos Processos de Produção de Subjetividade, Processos formativos e educacionais, Pesquisa-intervenção, Práticas em Análise Institucional. 

Filipe Azevedo Souza, Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)

Psicólogo pela FAESA - Centro Universitário. Psicólogo, professor e mestre em Psicologia Institucional pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia Instituicional, vinculado à Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) na linha de pesquisa "Políticas públicas, trabalho e processos formativos-educacionais". Atualmente atua em Doutorado no mesmo programa, onde investiga sobre as produções de subjetividades e territórios existenciais no ensino superior público em meio as violências do cotidiano universitário.

References

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS DIRIGENTES DAS INSTITUIÇÕES FEDERAIS DE ENSINO SUPERIOR (ANDIFES). V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos(as) Graduandos(as) das IFES – 2018. Brasília: Andifes, 2019. Disponível em: https://www.andifes.org.br/wp-content/uploads/2019/05/V-Pesquisa-Nacional-de-Perfil-Socioeconomico-e-Cultural-dos-as-Graduandos-as-das-IFES-2018.pdf. Acesso em 15 de outubro de 2021.

BOLSONI-SILVA, A. T.; LOUREIRO, S. R. O impacto das habilidades sociais para a depressão em estudantes universitários. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, v. 32, n. 4, p. 1-8, 2016. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0102.3772e324212. Acesso em 02 maio de 2025.

BRASIL. Decreto nº 7.234, de 19 de julho de 2010. Dispõe sobre o Programa Nacional de Assistência Estudantil - PNAES. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/decreto/d7234.htm. Acesso em 02 maio de 2025.

BRASIL. Lei nº 14.914, de 3 de julho de 2024. Institui a Política Nacional de Assistência Estudantil (PNAES). Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, 3 jul. 2024. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/lei-n-14.914-de-3-de-julho-de-2024-569928638. Acesso em 9 de janeiro de 2025.

BLEICHER, T.; OLIVEIRA, R. C. N. Políticas de assistência estudantil em saúde nos institutos e universidades federais. In: Psicologia Escolar e Educacional, v. 20, n. 3, 2016, p. 543-549. Disponível em: SciELO Brasil - Políticas de assistência estudantil em saúde nos institutos e universidades federais Políticas de assistência estudantil em saúde nos institutos e universidades federais. Acesso em 03 maio de 2025.

CAMPOS, G. W. de S. Saúde Paidéia. São Paulo: Hucitec, 2003.

CANGUILHEM, G. O normal e o patológico. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2002.

CAPONI, S; DARÉ, P. Neoliberalismo e sofrimento psíquico: A psiquiatrização dos padecimentos no âmbito laboral e escolar. Mediações-Revista de Ciências sociais, v. 25, n. 2, p. 302-320, 2020. Disponível em: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/mediacoes/article/view/39721. Acesso em 1 de maio de 2025.

CARA, D. Contra a barbárie, o direito à educação. In: CÁSSIO, F. Educação contra a barbárie: por escolas democráticas e pela liberdade de ensinar. 1. Ed. São Paulo: Boitempo, 2019.

CHAVES, J. C.; SILVEIRA, F. A. Ensino superior e política de assistência estudantil: repensando a formação universitária. In: Rev. Educ. e Cult. Contemp., v.15 n.40, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.5935/2238-1279.20180055. Acesso em 02 maio de 2025.

CRENSHAW, K. A intersecionalidade na discriminação de raça e gênero. In: Cruzamento: raça e gênero. Unifem, Brasília, 2004.

DUNKER, C. et. al. Para uma arqueologia da psicologia neoliberal brasileira. In: DUNKER, C; SILVA JUNIOR, N.; SAFATLE, V. Neoliberalismo como gestão do sofrimento psíquico. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2020.

EMMERICH, C. T. As lutas contra a violência e a saúde de mulheres: apontando caminhos para a integralidade. Dissertação. Vitória (ES): Universidade Federal do Espírito Santo; 2022.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Censo 2022: proporção da população com nível superior completo aumenta de 6,8% em 2000 para 18,4% em 2022. Agência de Notícias IBGE, Rio de Janeiro, 27 dez. 2023. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/42742-censo-2022-proporcao-da-populacao-com-nivel-superior-completo-aumenta-de-6-8-em-2000-para-18-4-em-2022. Acesso em: 1 de maio de 2025.

LARA, M. G. O ignorado adoecimento mental dos estudantes universitários. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, Laboratório de Conexões Intermidiáticas (Labcon), 2017. Disponível em: http://labcon.fafich.ufmg.br/o-ignorado-adoecimento-mental-dos-estudantes-universitarios/. Acesso em 31 outubro de 2021.

LARROSA, J. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Revista Brasileira de Educação, Campinas, n. 19, p. 20-28, jan./abr. 2002. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbedu/a/Ycc5QDzZKcYVspCNspZVDxC/?format=pdf&lang=pt. Acesso em 06 de maio de 2025.

MENDES, K. D. S.; SILVEIRA, R. C. de C. P.; GALVÃO, C. M. Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto & Contexto – Enfermagem, Florianópolis, v. 17, n. 4, p. 758-764, 2008. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-07072008000400018. Acesso em 06 de maio de 2025.

NEVES, M. Y. R.; ATHAYDE, M.; MUNIZ, H. P. Notas sobre saúde mental e trabalho docente a partir de uma investigação com professoras de escolas públicas. In: NEVES, M. Y. R. et al. (org.). Labirintos do trabalho: interrogações e olhares sobre o trabalho vivo. Rio de Janeiro: DP&A, 2004. p. 302-321.

NOGUERA, R. Afro-anarquismo: malandragem e preguiça. São Paulo: Edições N-1, 2020. Disponível em: https://n-1edicoes.org/101. Acesso em: 9 abr. 2024.

OLIVEIRA, C. T.; CARLOTTO, R. C.; VASCONCELLOS, S. J. L.; DIAS, A. C. G. Adaptação acadêmica e coping em estudantes universitários brasileiros: uma revisão de literatura. Revista Brasileira de Orientação Profissional, São Paulo, v. 15, n. 2, p. 177-186, 2014. Disponível em: https://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-33902014000200008. Acesso em 06 de maio de 2025.

PIZZA, S. N.; SIQUELLI, S. A. A política nacional de assistência estudantil (PNAES) e o debate sobre sua consolidação jurídica. Revista Ensaios Pioneiros, v. 8, n. 1, 2024. Disponível em: https://revistaensaiospioneiros.usf.edu.br/ensaios/article/view/442. Acesso em 03 de maio de 2025.

RATIER, R. Escola e afetos: um elogio da raiva e da revolta. In: CÁSSIO, F. Educação contra a barbárie: por escolas democráticas e pela liberdade de ensinar. 1. Ed. São Paulo: Boitempo, 2019.

SELIGMANN-SILVA, E. Desgaste mental no trabalho dominado. Rio de Janeiro: UFRJ; Cortez, 1994.

SILVA, F. H.; CÉSAR, J. M.; BARROS, M. E. B. (Orgs.). Saúde e trabalho na educação: desafios do pesquisar. Vitória: EDUFES, 2016.

VENCIO, L. M. A. A Política de Assistência Estudantil e o governo Bolsonaro: uma revisão bibliográfica de 2019 a 2022. In: Humanidades & Tecnologia, v. 56, 2025. Disponível em: 10.5281/zenodo.14862005. Acesso em 03 maio 2024.

ZILIOTTO, D. M.; DUTRA, M. E. T.; VITAL, R. S. Adoecimento psíquico de universitárias(os): reflexões a partir da produção científica nacional. Rev. Eletrônica Pesquiseduca. Santos, v.16, n.41, 2024, p. 139-159. Disponíveis em: https://doi.org/10.58422/repesq.2024.e1657. Acesso em 04 de maio de 2025.

Published

2025-09-16

How to Cite

Daros, R. F., César, J. M., & Souza, F. A. (2025). Saúde Discente: revisão integrativa de um debate em construção . Revista Sustinere, 13, 298–321. https://doi.org/10.12957/sustinere.2025.92964