Narrativas acerca do leprosário na Ilha do Pacuio em Porto Seguro: estruturas de poder sobre o Mal de Hansen, degredo e abandono sócio-político-sanitário
DOI:
https://doi.org/10.12957/sustinere.2017.29590Palavras-chave:
Leprosário, Ilha do Pacuio ou dos Aquários, Porto Seguro, Degredo, Punição Sanitário-SocialResumo
Este trabalho resultou de pesquisa de campo em torno das Narrativas acerca do leprosário na Ilha do Pacuio ou dos Aquários em Porto Seguro: o degredo como vigilância e punição sanitário-social. Durante a investigação in loco, foram feitas entrevistas e aplicados questionários para compreender o objeto de estudo. Para a investigação, foram utilizados instrumentos de coleta via áudio, recorreu-se à memória dos entrevistados como dispositivo de compreensão e de análise das transformações diatópico-culturais que o espaço investigado sofreu ao longo do tempo. A partir das entrevistas com os habitantes da região, de consultas a arquivos públicos e a documentos históricos, buscou-se analisar os processos de ressignificação territorial e de subjetividades sobre a Ilha por meio das narrativas memoriais dos idosos no tangente à existência, transformações utilitárias e identitárias ocorridas na Ilha ao longo das últimas décadas. Para a análise dos dados coletados, optou-se por apoiar-se nos princípios dos estudos da memória com a mediação dos aportes conceituais da Antropologia, da Filosofia e da Sociologia, com base em teóricos como Michael Foucault, Michael Pollak e Maurice Halbwachs, dentre outros. De forma objetiva, os resultados alcançados trazem à tona os capítulos silenciados da história da Ilha do Pacuio, a partir de uma análise que apresenta como o referido lócus serviu de leprosário, para o degredo, a vigilância e a punição sanitário-social até transformar-se na ilha dos Aquários, espaço de diversão, turismo e lazer na atualidade.Referências
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