ESCREVIVÊNCIAS DE RESISTÊNCIA: INTERSECCIONALIDADE E NECROPOLÍTICA NO CONTO 'MARIA', DA COLETÂNEA OLHOS D’ÁGUA, DE CONCEIÇÃO EVARISTO

Resumo

Este artigo apresenta uma análise do conto Maria, da coletânea Olhos D’água (2014), de Conceição Evaristo, derivada do projeto de monografia A Interseccionalidade e a Docência Literária em Três Contos de Olhos D’Água, de Conceição Evaristo. A pesquisa articula reflexões teóricas e interpretações pessoais dos autores e dos participantes do clube de leitura online Escrevivências Ciberfeministas. O estudo examina como o conto Maria evidencia as dinâmicas de resistência e marginalização das mulheres negras no Brasil, a partir dos marcadores interseccionais de gênero, raça e classe. Os conceitos de interseccionalidade (Crenshaw, Akotirene) e de necropolítica (Mbembe), são centrais para compreender como diferentes opressões se cruzam, tornando certas vidas mais vulneráveis à violência e ao abandono. Essa lógica se manifesta na trajetória da protagonista, evidenciando a criminalização dos corpos negros, a exploração e a exclusão naturalizadas pela sociedade. Além de destacar a potência da escrita de Conceição Evaristo na denúncia das desigualdades e na valorização da resistência e da identidade negra, a pesquisa enfatiza o clube de leitura como espaço essencial de debate crítico e pertencimento. A troca coletiva entre os leitores amplia as possibilidades de interpretação e engajamento com a obra, reafirmando a literatura como instrumento de luta e conscientização social.