MESA DE BISBILHOS ESCONDIDOS

Resumo

Uma questão norteou a pesquisa da qual apresentamos uma de suas proposições: As linguagens artísticas, em qualquer uma das suas modalidades, contribuem para a construção de um olhar sensível, pensante, ativo e interdisciplinar dos docentes? Tendo como metodologia a a/r/tografia (Irwin, 2008), muitas proposições artísticas foram realizadas em grupos diversos com professores em formação continuada. Neste artigo, apresenta-se uma dessas proposições - mesa de bisbilhos escondidos - especialmente inventada para provocar a reflexão dos estudantes do curso de Pedagogia sobre o trabalho com projetos. Essas mesas são compreendidas como um lugar de provocação para pensar a partir de materialidades oferecidas.  Para conectar com a prática de sala de aula, a mesa foi inspirada em um projeto desenvolvido durante a pandemia de modo online com um grupo de crianças de quatro anos por uma educadora de uma escola particular. A leitura do livro de poemas “escondidos” gerou muitas ações e jogos que envolveram as crianças e seus familiares. Do mesmo modo, preparar uma mesa de escondidos para futuros pedagogos, trouxe à tona o conceito de objeto propositor que nasce de Lygia Clark, uma artista propositora. Objetos escondidos em pequenas e grandes caixas causaram estranhamento e convidaram para explorar, pensar e compartilhar descobertas. Procurando entre os escondidos, a compreensão do que pode ser um projeto e objetos propositores, e a percepção da importância dos mediadores culturais foi compartilhada por meio de sussurros, sutilezas e miudezas que conseguiram dar pistas de como trabalhar com projetos. O resultado desta proposição, assim como em outras, evidenciou que a teoria pode transbordar na prática que move corpos sensíveis e pensantes e contribuir para a construção de um olhar sensível, pensante, ativo e interdisciplinar dos docentes.