FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES E A HEGEMONIA DA MODERNIDADE: POR UM PARADIGMA DECOLONIAL À PEDAGOGIA DAS COMPETÊNCIAS
DOI:
https://doi.org/10.12957/riae.2023.76681Palavras-chave:
Política de Formação inicial de professores, Formação humana profissional, Competências docentes, Decolonialidade.Resumo
Situadas no cenário da formação de futuros professores, temos como objetivo discutir, neste artigo, a proposição neoliberal de uma pedagogia das competências à formação inicial de professores no Brasil e suas implicações teórico-didáticas. Nesse sentido, desenvolvemos uma pesquisa sob a abordagem qualitativa, do tipo documental e bibliográfica, a fim de analisarmos as prescrições curriculares dispostas na Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores no Brasil (BNC - FI, 2019). Ancoradas nos estudos que visam ao giro decolonial, em diálogo com o olhar emancipatório freireano para a formação de professores, nos assumimos como investigadoras que atuam na contramão do instituído, como forma de (re)existência às hegemonias da modernidade que determinam um paradigma da colonialidade do saber engendradas na educação. A pesquisa demonstra que a ênfase dada ao modelo de competências na formação de professoras(es) indica a retomada de problemáticas históricas no campo do ensino e da profissionalização do magistério, ligadas a secundarização da formação intercultural e humana.
Palavras-chave: Política de Formação inicial de professores; Formação humana profissional; Competências docentes; Decolonialidade.
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