OMISSÕES, HERANÇAS E VESTÍGIOS: IMPLICAÇÕES IDEOLÓGICAS DA BRANQUITUDE NO VESTIBULAR INTERNO DA UFJF
DOI:
https://doi.org/10.12957/riae.2025.76185Palavras-chave:
Lei 10.639/2003, Branquitude, Ensino de História, Avaliação, Pism.Resumo
A Lei 10.639/2003, entre tantas outras contribuições, fizera das questões raciais um tópico cobiçado pelos pesquisadores e pesquisadoras do Ensino de História. Os trabalhos desenvolvidos pela maioria destes profissionais insistem, entretanto, em submeter somente sujeitos negros à condição de objeto de análise. Na contramão dessas produções, a atual pesquisa tem como objetivo examinar as implicações ideológicas da branquitude no que se ensina (e como se ensina) em História. Tendo em vista o lugar privilegiado das avaliações nesse processo (MARTINS, 2020), selecionamos as questões de História do Programa de Ingresso Seletivo Misto (Pism) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) como fonte desta investigação. Foram mobilizados, para tal tarefa, autores e autoras que, em seus estudos, compreendem a branquitude como uma construção histórica capaz de produzir privilégios sistemáticos e socialmente normalizados (BENTO, 2002; LEÃO, 2020; SCHUCMAN, 2014). Ao fim do escrito, demonstramos quais as narrativas elaboradas pelo Pism ao tratar da temática mencionada.
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