O EXERCÍCIO DO CUIDADO-PARTICIPATIVO: PROBLEMATIZANDO AS PRÁTICAS ADULTOCÊNTRICAS COM TRABALHADORAS(ES)
DOI:
https://doi.org/10.12957/riae.2025.75452Palavras-chave:
cuidado da criança, proteção da criança, participação social, etarismo, processos grupais.Resumo
Este artigo problematiza a lógica adultocêntrica que hegemonicamente atravessa as infâncias no Brasil, assim como as políticas públicas a elas destinadas. Para isso, como antídoto, busca ressaltar as noções de cuidado e participação nas práticas de trabalho com crianças. O estudo apresentado é fruto de uma pesquisa-intervenção realizada durante a pandemia de Covid-19. Utilizou conceitos-ferramenta da Análise Institucional, em conversa com os estudos feministas acerca do cuidado e com o campo da Sociologia da Infância. A ferramenta metodológica que compõe este trabalho é a Roda de Conversa, dispositivo grupal de acolhimento e partilha, que contou com a participação de trabalhadoras(es) de diferentes políticas públicas: educação, saúde e assistência social, direcionadas às infâncias no estado do Espírito Santo. Os encontros foram registrados em diário de pesquisa, ferramenta que permitiu acessar analisadores presentes nos cotidianos de trabalho. O texto aponta para o exercício de um cuidado-participativo, que é possível na disposição para o encontro com as crianças como corresponsáveis e cuidadoras de seus processos de vida e relações com adultos, possibilitando a instauração de modos de vida singulares e não previstos nos modelos adultocêntricos.Referências
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