“PERDER A CABEÇA NÃO FAZ PARTE DO OFÍCIO”: CONCEPÇÕES DE CUIDADO NAS NARRATIVAS DE PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO
DOI:
https://doi.org/10.12957/riae.2024.72089Palavras-chave:
cuidado, profissionais da educação, infânciaResumo
O artigo aborda a temática do direito à educação, a partir das concepções de cuidado presentes nas práticas educacionais, sob a ótica das/os profissionais da Educação. O texto está estruturado em três itens. O primeiro aborda a opção metodológica da pesquisa: realização e análise de entrevistas semiestruturadas, por meio da escuta de relatos de histórias de vida, com aqueles que atuam nas creches, pré-escolas e escolas, escolhidos pelas práticas observadas, interações com as crianças e indicação das próprias crianças, visando conhecer, identificar e compreender as marcas do cuidar e ser cuidado nas suas narrativas, considerando o pressuposto de que o cuidado é construído nas relações e interações entre os sujeitos. O conceito de cuidado que orientou a pesquisa foi construído na aproximação com o conceito de diálogo de Martin Buber, que aponta horizontes para a construção de um olhar de reconhecimento, aceitação e compreensão do outro e possibilitou a criação das categorias de pesquisa, definidas como: cuidado autêntico, cuidado técnico, descuido disfarçado de cuidado e descuido. O segundo traz o histórico do atendimento à primeira infância no Brasil, situando desde os primeiros atendimentos à criança pequena até a consolidação do marco legal atual. O terceiro apresenta as narrativas das/os profissionais entrevistadas/os e suas concepções de cuidado de si, cuidado como ofício, cuidado técnico e cuidado autêntico. As considerações finais apontam para a necessidade de um trabalho de formação que conceba todos os profissionais em sua inteireza para que possam compreender a si mesmos e entrar em relação com o outro.Referências
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