VIRADA CURRICULAR NO MATO GROSSO E NA BAHIA: ALTERNATIVAS PEDAGÓGICAS COM OS KILOMBOS NOSSA SENHORA APARECIDA DO CHUMBO E DE BOITARACA

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/riae.2022.66469

Palavras-chave:

Virada Curricular, Alternativas Pedagógicas, Kilombos Nossa Senhora Aparecida do Chumbo e Boitaraca, Pesquisa Engajada

Resumo

Defendemos uma virada curricular a partir da perspectiva intercultural Kilombola que tem como centralidade a história oral sendo essa uma camada expressiva de uma  tecnologia de repactuação social  inadiável justamente pela perspectiva monocultural de currículo ainda em vigor. Partimos da ideia de que parece não se tratar mais de uma opção para os grupos marginalizados, mas sim de viabilizarmos reconexões visando o equilíbrio social, indo além do campo simbólico. Exploramos aspectos etnográficos nas imersões que realizamos em dois Kilombos contemporâneos estando esses em Mato Grosso e na Bahia. Trabalhamos com a noção de pesquisa engajada pela gravidade e riscos eminentes já enfrentados tanto nos espaços da educação básica quanto na educação escolar kilombola.

Biografia do Autor

Mille Caroline Rodrigues Fernandes, Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA/USP)

Pós-doutoranda em Educação (IEA/USP). Doutora em Educação e Contemporaneidade (PPGEduc/UNEB). Foi Bolsista PDSE/CAPES no Instituto Superior de Ciências da Educação-ISCED/Luanda. Formada em Pedagogia; Professora de História da África (Ensino Fundamental II/Município de Nazaré/BA). Professora Colaboradora no Departamento de Línguas e Literaturas Africanas-ISCED/Luanda e na Cátedra de Estudios Afro-Andinos de La Universidad Andina Simón Bolívar-UASB/Quito. Pesquisadora do Grupo Memória da Educação na Bahia (PPGEduc/UNEB) e do Grupo de Pesquisa Formação de Professores/as, Currículo(s), Interculturalidade e Pedagogias Decoloniais (GFPPD/UNIRIO). Membro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPED) e da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN). 

Luciano da Silva Pereira, da Rede de Estado de Educação de Mato Grosso (SEDUC-MT), Cuiabá, MT, Brasil

Doutor no Programa de Pós-Graduação em Educação (UNIRIO). Formado em Pedagogia e em Geografia. Professor com experiência no Ensino Superior e Escola Básica no Estado do Mato Grosso. Pesquisador dos Grupos: Formação de Professores/as, Currículo (s), Interculturalidade e Pedagogias Decoloniais (GFPPD/UNIRIO); e do Grupo de Pesquisa em Educação Quilombola (GEPEQ/UFMT).

Referências

ACHINTE, Adolfo Albán. Pedagogías de la Re-existencia: Artistas indígenas y afrocolumbianos. In: MIGNOLO, Walter; PALERMO, Zulma. Arte y estética en la encrucijada descolonial. Buenos Aires: Ediciones Del Signo, 2009.

ALTUNA, Raul Ruiz de Asúa. Cultura Tradicional Bantu. Lisboa: Paulinas Editora, 2014.

ANJOS, Rafael Sanzio Araújo dos. As geografias oficial e invisível do Brasil: algumas referências. Geousp – Espaço e Tempo (Online), v. 19, n. 2, p. 375-391, ago. 2015. ISSN 2179-0892.

ANJOS, Rafael Sanzio Araújo dos. A Geografia, a África e os Negros Brasileiros. In: MUNANGA, Kabengele. Superando o Racismo na escola. 2ª Edição. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005.

ANJOS, Rafael Sanzio Araújo dos. Geografia, Cartografia e o Brasil africano: algumas representações. Revista do Departamento de Geografia – USP, vol. Especial Cartogeo, p. 332-350, 2014.

ANJOS, Rafael Sanzio Araújo dos. Cartografia e Cultura: territórios dos remanescentes de quilombos no Brasil. Comunicação apresentada no VIII Congresso Luso-Afro-brasileiro de Ciências Sociais. Coimbra: Centro de Estudos Sociais, Faculdade de Economia, Universidade de Coimbra, setembro, p. 1-22, 2004. Disponível em: < https://www.ces.uc.pt/lab2004/pdfs/rafaelsanzio.pdf>. Acesso em: 10 de fev. de 2022.

ARBOLEDA QUIÑONEZ, Santiago. Defensa Ambiental, Derechos Humanos y ecogenoetnocidio afrocolombiano. Pesquisa em Educação Ambiental, v. 13, n. 1, p. 10- 27, 2018. Disponível em:<http://www.periodicos.rc.biblioteca.unesp.br/index.php/pesquisa/article/view/13480> Acesso em: 10 de fev. de 2022.

ARBOLEDA QUIÑONEZ, Santiago Arboleda. Le han florecido nuevas estrellas al cielo: suficiencias íntimas y clandestinización del pensamiento afrocolombiano. 2011. 410f. Tese (Doctorado en Estudios Culturales Latinoamericanos) – Universidad Andina Simón Bolívar, Quito/Ecuador, 2011.

BÂ, Amadou Hampâté. A tradição viva. In: KI-ZERBO, Joseph. (org.). História geral da África: Metodologia e pré-história da África, 2. ed., v. 1. Brasília: UNESCO, 2010.

BRASIL. Resolução N. 1, de 17 de junho de 2004, do CNE/MEC, que “institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro- Brasileira e Africana”. Disponível em: < http://etnicoracial.mec.gov.br/images/pdf/cne_resolucao_1_170604.pdf>. Acesso em: 10 de fev. de 2022.

BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola na Educação Básica. Resolução CNE/CEB nº 8, de 20 de novembro de 2012. Brasília, Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, 21 de novembro de 2012, Seção 1, p. 26. Disponível em: < http://www.crmariocovas.sp.gov.br/Downloads/ccs/concurso_2013/PDFs/resol_federal_8_12.pdf>. Acesso em: 10 de fev. de 2022.

BRASIL. Presidência da República. Lei n. 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras providências. Brasília, 2003. Disponível em: < http://etnicoracial.mec.gov.br/images/pdf/lei_10639_09012003.pdf>. Acesso em: Acesso em: 10 de fev. de 2022.

CANDIDO, Mariana P. O limite tênue entre liberdade e escravidão em benguela durante a era do comércio transatlântico. Revista Afro-Ásia , Salvador, n. 47, pág. 239-268, 2013. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0002-05912013000100007&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 10 de fev. de 2022.

CASTILHO, S. D. de; PEREIRA, L. da S. Trajetória de vida e estratégia de superação de uma professora do Quilombo Chumbo – Poconé-MT. Revista de Educação Pública, [S. l.], v. 27, n. 65/2, p. 591-611, 2018. Disponível em: <https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/educacaopublica/article/view/6885>. Acesso em: Acesso em: 10 de fev. de 2022.

CARNEIRO, Aparecida Sueli. A Construção do Outro como Não-Ser como fundamento do Ser. 339f. Tese (Doutora em Educação junto à Área Filosofia da Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de São Paulo – FEUSP, São Paulo, 2005.

CARNEIRO, Sueli. Préfácio. In: RATTS, Alex. Eu Sou Atlântica: sobre a trajetória de vida de Beatriz Nascimento. São Paulo: Instituto Kuanza – Formação, Intervenção e Pesquisa em Educação, Raça, Gênero e Juventude. Imprensa Oficial, 2006.

CARRIL, Lourdes de Fátima Bezerra. Os desafios da educação quilombola no Brasil: o território como contexto e texto. Revista Brasileira de Educação. v. 22, n. 69, abr./jun., p. 539-564, 2017.

COUTO, José Geraldo. "Ôrí" é uma grande tradução da cultura afro-brasileira. Folha de São Paulo, São Paulo, 22 de maio de 2009. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2205200918.htm>. Acesso em: 10 de fev. de 2022.

FERNANDES, Mille Caroline Rodrigues. MBAÉTARACA: uma experiência de educação de jovens quilombolas no município de Nilo Peçanha/BA. 220f. Dissertação (Mestrado em Educação e Contemporaneidade) – Universidade do Estado da Bahia – UNEB/CAMPUS I, Salvador, 2013. Disponível em: <http://www.cdi.uneb.br/site/wp-content/uploads/2016/01/mille_caroline_rodrigues_fernandes.pdf>. Acesso em: 10 de fev. de 2022.

FERNANDES, Mille Caroline Rodrigues. De Angola à Nilo Peçanha: traços da Trajetória Histórica e da Resistência Cultural dos Povos Kongo/Angola na Região do Baixo Sul. 260f. Tese (Doutorado em Educação e Contemporaneidade) – Departamento de Educação, Universidade do Estado da Bahia, Salvador, 2020. Disponível em: <http://www.cdi.uneb.br/site/wp-content/uploads/2021/03/mille-fernandes-2020-compactado.png>. Acesso em: 10 de fev. de 2022.

GOMES, Flávio dos Santos. Um Recôncavo, dois Sertões e vários Mocambos: Quilombos na Capitania da Bahia (1575-1808). Revista História Social, Campinas/SP, n. 2, p. 25-54, 1995.

GOMES, Flávio dos Santos. Mocambos e Quilombos: uma história do campesinato negro no Brasil. São Paulo: Editora Claro Enigma, 2015.

GONZÁLEZ, Lélia. Racismo e sexismo na cultura brasileira. Revista Ciências Sociais Hoje, São Paulo: ANPOCS, n. 2, p. 223-244, 1984.

INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA (IPEA). Quilombos das Américas: articulação de comunidades afrorrurais: documento síntese. Brasília: Ipea: SEPPIR, 2012. Disponível em: < http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/2413/1/Livro_Quilombo%20das%20americas.pdf>. Acesso em: 10 de fev. de 2022.

LÁZARO, Rafael dos Santos. Currículo, Afro-latinidade e Formação do Professor de Espanhol: perspectivas decoloniais sobre práticas didático-pedagógicas insurgentes. 228f. Tese (Doutorado em Educação) – Departamento de Educação, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO/PPGDu), Rio de Janeiro, 2020.

MALDONADO-TORRES, Nelson. La Descolonización y El Giro Des-colonial. Revista Tábula Rasa. Bogotá-Colombia, n. 9, p. 61-72, julio/diciembre, 2008.

MENEZES, Jaci Maria Ferraz de. AS DUAS PEDAGOGIAS: Formas de educação dos escravos; mecanismos de formação de hegemonia e contra-hegemonia. Revista HISTEDBR On-line, Campinas, n. 28, p.145–163, dez. 2007.

MIRANDA, Cláudia; ARAÚJO, Helena Maria Marques. Memórias contra-hegemônicas e educação para as relações étnico-raciais: práticas decoloniais em contextos periféricos. Revista do Centro de Ciências da Educação. Florianópolis/SC. v. 37, n. 2, abr./jun. 2019.

MOURA, Clóvis. Rebeliões da Senzala: quilombos, insurreições, guerrilhas. Porto Alegre: Editora Mercado Aberto, 1987.

NASCIMENTO, Abdias do. O Quilombolismo. 2 ed. Brasília/Rio de Janeiro: OR Editor Produtor. 2002.

NASCIMENTO, Beatriz. O conceito de Quilombo e a Resistência Cultural Negra. Revista Afrodiáspora. ano 3, n. 6 e 7, p. 41- 49. 1985.

NASCIMENTO, Maria Beatriz. Ôri (Documentário). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=XJYct4MGuYk. Acesso em: 10 de fev. de 2022.

NIANE, Djibril Tamsir. Conclusão. In: NIANE, Djibril Tamsir (Org.). História Geral da África, IV: África do século XII ao XVI. 2.ed. Brasília: UNESCO, 2010.

PEREIRA, Luciano da Silva. Trajetória de vida, Estratégias de Resistência e Protagonismo de Professoras Quilombolas da Comunidade de Chumbo/Poconé/MT. 209f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto de Educação, Cuiabá, 2017.

PIMENTEL. Fernando Guimarães. Política Curricular no Curso de História da UERJ/Maracanã: processos de mudança e embates na comunidade universitária. 154f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Departamento de Educação, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO/PPGDu), Rio de Janeiro, 2016. Disponível em: < http://www.unirio.br/ppgedu/DissertaoPPGEduFERNANDOGUIMARESPIMENTEL.pdf>. Acesso em: 10 de fev. de 2022.

RATTS, Alex. Eu Sou Atlântica: sobre a trajetória de vida de Beatriz Nascimento. São Paulo: Instituto Kuanza – Formação, Intervenção e Pesquisa em Educação, Raça, Gênero e Juventude. Imprensa Oficial, 2006.

RATTS, Alex. Encruzilhadas por todo percurso: individualidade e coletividade no movimento negro de base acadêmica. In: PEREIRA, Amauri Mendes; SILVA, Joselina da. (Org.). Movimento Negro Brasileiro: escritos sobre os sentidos de democracia e justiça social no Brasil. Belo Horizonte: Nandyala Livros e Serviços Ltda, v. 1, p. 81-108, 2009.

REIS, João José. Escravos e Coiteiros no Quilombo do Oitizeiro – Bahia 1806. In: REIS, João José (Org.). Liberdade por um fio: história dos Quilombos no Brasil. São Paulo: Companhia

das letras. 1996.

REIS, João José. A Morte é uma Festa: ritos fúnebres e revolta popular no Brasil do século XIX. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

SILVA, Givânia Maria da; SILVA, Nádia Maria Cardoso da. Caderno Educação Escolar Quilombola Brasília: Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais. Coleção Cadernos de Projetos Educação e práticas comunitárias: educação indígena, quilombola, do campo e de fronteira nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, 2020. Disponível em: < file:///D:/DOCUMENTOS%20PARA%20O%20ESTADO%20DA%20BAHIA%20-%20REDATORA%20BOLSISTA/educacao_escolar_quilombola.pdf>. Acesso em: 10 de fev. de 2022.

SILVA, Ricardo Tadeu Caíres. Memórias do Tráfico Ilegal de Escravos Nas Ações de Liberdade: BAHIA, 1885-1888. Revista Afro-Ásia, nº35, p. 37-82, 2007.

SISS, Ahyas. Afro-brasileiros, cotas e ação afirmativa: razões históricas. Niterói/RJ: Quartet – PENESB. 2003.

THOMSON, Alistar. Recompondo a Memória: questões sobre a relação entre História Oral e as memórias. Projeto História. São Paulo. nº. 15. Abr., p. 51-84, 1997.

VANSINA, Jan. A tradição oral e sua metodologia. In: KI-ZERBO, Joseph (org.). História Geral da África I: Metodologia e Pré-história na África. 2. ed. Brasília: UNESCO, 2010.

Downloads

Publicado

05-09-2022

Como Citar

RODRIGUES FERNANDES, Mille Caroline; PEREIRA, Luciano da Silva. VIRADA CURRICULAR NO MATO GROSSO E NA BAHIA: ALTERNATIVAS PEDAGÓGICAS COM OS KILOMBOS NOSSA SENHORA APARECIDA DO CHUMBO E DE BOITARACA. Revista Interinstitucional Artes de Educar, [S. l.], v. 8, n. 2, p. 383–405, 2022. DOI: 10.12957/riae.2022.66469. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/riae/article/view/66469. Acesso em: 7 maio. 2024.

Edição

Seção

DOSSIÊ: OUTRAS EDUCAÇÕES: SABERES E CONHECIMENTOS DAS POPULAÇÕES RACIALIZADAS EM CONTEXTOS DE RE-EXISTÊNCIA