Reflexões Sobre o Corpo Estranho e a Política de Morte na Terra Indígena Yanomami

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/epp.2023.80194

Palavras-chave:

necropolítica, unheimlich, yanomami, psicanálise

Resumo

Este artigo tem como objetivo analisar a relação entre os conceitos de necropolítica, proposto por Achille Mbembe, e de unheimlich, desenvolvido por Sigmund Freud. Por meio dessa possibilidade de intersecção, coloca-se em análise a situação enfrentada pelos Yanomami no norte do Brasil, na qual diversos indígenas tiveram suas terras invadidas e seus direitos violados, levando-os a uma grave crise sanitária. A presença de uma lógica de gestão necropolítica, na qual corpos que não interessam ao Estado são deixados à margem, coloca em risco populações que não são incluídas no discurso hegemônico neoliberal. No encontro deste discurso com o estranho, pode-se inferir que é produzida uma experiência unheimlich, um deparar-se com o que há de mais incômodo e ao mesmo tempo familiar à sociedade. Reconhecer-se na diferença que há no outro cria um escape pela via da eliminação, faz-se desse corpo o inimigo e, assim, cria-se o respaldo para tirá-lo de cena. Desse modo, esta investigação destaca a necessidade de repensarmos as vias existentes para lidar com a diferença, isto porque, construir uma sociedade em detrimento de determinados grupos que a compõem é destruir também a si mesma.

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Publicado

11-12-2023

Como Citar

Andrade, T., & Rodrigues, A. (2023). Reflexões Sobre o Corpo Estranho e a Política de Morte na Terra Indígena Yanomami. Estudos E Pesquisas Em Psicologia, 23(4), 1365–1383. https://doi.org/10.12957/epp.2023.80194

Edição

Seção

Dossiê Psicanálise e Política: a insistência do real