Da COEDU/MAST às Redes Sociais on-line: caminhos e experiências com o Facebook e Instagram MAST-Educação
Autoria: Carolina Braga Seda; Frieda Maria Marti; Patrícia Figueiró Spinelli
Qual a origem da constelação de Cetus? Por que a Lua tem manchas em sua superfície? Tem Astronomia em reality shows? Essas e outras perguntas foram temas de ações educativas museais online realizadas pela Coordenação de Educação em Ciências (COEDU) do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) nas redes sociais digitais Facebook e Instagram MAST Educação.
No entanto, antes de iniciarmos os relatos de nossas experiências, julgamos importante voltar um pouco no tempo para compreender como a COEDU passou a estar presente nas redes, tornando-se o segundo setor educativo museal no Brasil a ter uma rede social própria.
Durante a pandemia da Covid-19, diversos setores da sociedade se viram obrigados a adaptar seus cotidianos ao contexto de isolamento social que se impunha como medida de saúde pública. Não foi diferente com os museus, cujas atividades foram profundamente atravessadas pelos desafios do tão conhecido home office: condições precarizadas de trabalho no ambiente doméstico, constante mistura entre as esferas laboral e privada, múltiplas plataformas e ferramentas demandantes de conhecimentos especializados, entre outras questões relevantes.
Educadores museais, assim como outros profissionais destas instituições, precisaram criar novos caminhos e repensar os usos dos canais de comunicação disponíveis para fortalecer a proximidade com seus respectivos públicos, ainda que por meio das telas, aplicativos e softwares. A atenção se voltava majoritariamente para as redes sociais digitais, onde novas abordagens foram traçadas para promover ações educativas a partir de perspectivas dialógicas. Cabe destacar que um dossiê sobre as ações educativas museais realizadas durante a pandemia de COVID-19 foi organizado e publicado pela REDOC e pode ser acessado aqui.
Nesse momento, o MAST já possuía perfis em redes sociais como o Twitter, Instagram, o Facebook e o Youtube, todos geridos pelo Serviço de Comunicação Social (SECOM) do museu. Em abril de 2020 esses perfis deram lugar a outras ações provenientes das demais coordenações do MAST, uma importante estratégia para dar continuidade às atividades do Museu como um todo junto aos seus públicos, gerando novos desdobramentos ao final do primeiro semestre.
Profissionais da COEDU perceberam a necessidade de criar um perfil próprio para realizar as ações educativas, desenvolvidas naquele momento tão particular. A necessidade de maior autonomia para uso das tecnologias digitais em rede para a realização de mediação das ações propostas, além do espaço restrito devido ao grande volume de postagens com caráter de comunicação institucional já hospedadas nesses perfis, levaram à criação da página MAST Educação no Facebook gerenciada pela COEDU, em setembro de 2020 (Matos et al., 2022).
Após uma série de publicações contendo apresentações da equipe de profissionais que faziam parte da COEDU à época, outras publicações foram realizadas no Facebook a partir de imagens do acervo histórico, instrumentos emblemáticos como a Luneta 21, datas comemorativas, e fotografias retratando os cotidianos dos educadores e pesquisadores da COEDU.
Inicialmente, as publicações no Facebook se organizavam a partir de textos relativamente longos e algumas imagens que ilustravam o assunto proposto. Outras abordagens traziam memes e perguntas disparadoras para fomentar o diálogo. Os seguidores, em contrapartida, compartilharam ideias, conhecimentos e emoções por meio de reações às publicações e comentários.
Além das tradicionais publicações no feed do Facebook, as lives e Webinários da página MAST Educação obtiveram grande destaque no período pandêmico, permitindo também observações remotas do céu em parceria com o projeto "Céu em sua Casa" do Observatório Nacional e cursos de identificação do céu, por meio do software Stellarium, além de conversas sobre temas importantes como acessibilidade e inclusão. Visitas mediadas ao museu geograficamente localizado e outras ações educativas foram conduzidas e compartilhadas em formato de vídeo, permitindo que a COEDU continuasse presente nos cotidianos de seus públicos ao longo de quase todo o período de isolamento social.
Mesmo após o fim do isolamento e o retorno das atividades presenciais no Museu, as ações educativas realizadas nas redes sociais digitais continuaram sob o gerenciamento da COEDU, dadas as grandes contribuições e impactos positivos destas circunstâncias para a relação entre o setor educativo e os públicos do MAST. Tanto que a consolidação do Programa de Educação Museal Online da instituição tornou-se uma meta do Planejamento Diretor do MAST para os anos de 2022-2026.
Entretanto, as interações no Facebook se tornaram cada vez mais escassas, um provável reflexo do declínio no engajamento orgânico da plataforma registrado nos relatórios da Meta. Surgia uma demanda por uma nova rede social para a realização das ações educativas.
Em dezembro de 2023, depois de ampla avaliação entre os profissionais da COEDU com os profissionais do SECOM e direção do Museu, foi decida a criação do perfil no Instagram @masteducacao, buscando um novo ponto de conexão com os públicos do MAST. Neste espaço temos conquistado progressos nas ações propostas, expandindo o diálogo gradualmente. Nosso objetivo é gerar conversas e promover debates, produzindo conhecimentos de forma coletiva junto aos nossos públicos nas redes sociais digitais. Trata-se de uma perspectiva alinhada à Educação Museal Online, conceito forjado por Marti (2021) a partir de sua pesquisa de Doutorado que buscava investigar a Educação Museal na/com a Cibercultura.
A primeira ação educativa veiculada no Instagram abordou a temperatura no planeta Vênus, traçando uma comparação com o efeito estufa terrestre para levantar reflexões acerca do aquecimento global e das mudanças climáticas. Por meio dos comentários, seguidores compartilharam suas opiniões, conhecimentos e percepções, abordando o Ciclo de Milankovitch e as altas temperaturas na cidade do Rio de Janeiro/RJ, por exemplo, bem como o calor experimentado devido à sensação térmica local.
Figura 1: Publicações no Instagram MAST Educação
Fonte: autoras
Outras publicações abordam os instrumentos científicos do acervo do MAST, destacando-se as ações sobre o Higrômetro de Cabelo e o Teodolito. O primeiro despertou muita curiosidade a respeito de seu mecanismo, enquanto o segundo foi identificado por seguidores como parte de seus cotidianos, por estar presente em obras públicas e ser facilmente encontrado nas ruas. De maneiras distintas, tanto a peculiaridade de um objeto quanto a familiaridade de outro parecem ter sido importantes para iniciar as conversas.
Em comparação ao perfil do Facebook, as ações no Instagram têm sido mais marcadas pela participação dos seguidores nos comentários. No entanto, por ser um perfil de criação recente, ainda existem estratégias e propostas a serem testadas para compreender nossos públicos nesta rede. Você já conhece as redes do MAST Educação? Venha conhecer e conversar conosco sobre Astronomia e ciências afins!
Referências:
MARTI, Frieda Maria. A Educação Museal Online: uma ciberpesquisa-formação na/com a seção de assistência ao ensino (SAE) do Museu Nacional-UFRJ. Tese (Doutorado) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Faculdade de Educação, 2021, 298f. Disponível em: http://www.proped.pro.br/teses/teses_pdf/2011_2-905-DO.pdf
MATOS, Claudia Sá Rego et al. Instrumentos Científicos Históricos do MAST e Mediação Online: um relato de experiência das ações de Educação Museal em contexto pandêmico. Revista Docência e Cibercultura v. 6, n. 4, p. 214-233, 2022.
Sobre a autoria:
Carolina Braga Seda é mestranda no programa de Pós-Graduação em Divulgação da Ciência, Tecnologia e Saúde (PPGDC) da Casa de Oswaldo Cruz (COC - FIOCRUZ, RJ). Bolsista DTI no Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) até abril 2024. Professora de Ciências e Biologia, Licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).Técnica em Biotecnologia pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ).
Frieda Maria Marti é Doutora em Educação pelo PROPED/UERJ, mestre em Zoologia (Ornitologia) pelo Museu Nacional/UFRJ, e licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Especialista em Further Education Teaching pelo Kirklees College, UK, e pós-graduada em Adult Education e E-learning and Multimedia pela Huddersfield University, UK. Educadora Museal e Pesquisadora PCI (Programa de Capacitação Institucional do CNPq) junto à Coordenação de Educação em Ciências do Museu de Astronomia e Ciências Afins (COEDU/MAST).
Patrícia Figueiró Spinelli é graduada em Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS, 2004), mestre em Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS, 2007) e doutora em Astrofísica pela Ludwig-Maximilians-Universität e International Max Planck Research School on Astrophysics (LMU, IMPRS, 2011). Atualmente é pesquisadora titular do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST, desde 2013), coordenadora adjunta externa do curso de Pós-graduação Lato Sensu em Divulgação e Popularização da Ciência (ESPDPC, desde 2014) e professora do Mestrado em Divulgação da Ciência, da Tecnologia e da Saúde (PPGDCST, desde 2016), ambos da Fiocruz/MAST/Jardim Botânico/Casa da Ciência/CECIERJ. É também a coordenadora brasileira do Portuguese Language Expertise Centre of Astronomy for Development da União Internacional de Astronomia (PLOAD-IAU desde 2015). Integra a Rede Primeira Infância em Museus, coletivo que reúne instituições museais e de ensino (PIMu, desde 2022) e a Rede Mulheres em STEM-Rio de Janeiro (MSTEM-RJ, desde 2020).
Como citar este artigo:
SEDA, Carolina Braga; MARTI, Frieda Maria; SPINELLI, Patrícia Figueiró. Da COEDU/MAST às Redes Sociais on-line: caminhos e experiências com o Facebook e Instagram MAST-Educação. Notícias, Revista Docência e Cibercultura, maio de 2024, online. ISSN: 2594-9004. Disponível em: < >. Acesso em: DD mês. AAAA.
Editores/as Seção Notícias:
Frieda Maria Marti, Felipe Carvalho, Edméa Santos, Marcos Vinícius Dias de Menezes e Mariano Pimentel