ECOLOGIZANDO E DIALOGIZANDO SABERES DECOLONIAIS, PÓS-HUMANISTAS E INDÍGENAS PARA SE (RE)PENSAR A LINGUAGEM
DOI:
https://doi.org/10.12957/periferia.2023.72661Palavras-chave:
Decolonialidade, Pós-humanismo, Onto-epistemologias indígenas, Linguagem.Resumo
Após o contexto de pandemia que vivemos, fomos impelidas(os), quiçá forçadamente, a refletir sobre em que pé se encontra nossa relação com o planeta e a natureza, de forma geral. É urgente, portanto, pensar em modos de vida alternativos aos anteriormente vividos/impostos. A decolonialidade, por um lado, urge que examinemos os efeitos e ranços coloniais sobre os corpos e saberes não brancos/europeus, em especial os latinos, negros e indígenas, a fim de retirá-los da subalternidade e resgatá-los para uma posição de legitimidade. O pós-humanismo, por outro, questiona mais a fundo o que significa “ser humano”, entendendo essa figura como imersa em uma complexa rede de relações com entidades não-humanas. Ambos os projetos se cruzam, segundo Sousa e Pessoa (2019), na medida que enxergam nas onto-epistemologias indígenas vias para se imaginar uma convivência mais justa entre entidades humanas e não-humanas. Respaldada pela ideia de ecologia dos saberes (SANTOS, 2007) e diálogos interepistêmicos (NASCIMENTO, 2017), a proposta deste texto é “ecologizar/dialogizar” elaborações de autoras(es) que se debruçam sobre a decolonialidade, o pós-humanismo e as onto-epistemologias e cosmologias indígenas, a fim de refletir sobre uma (nova) concepção de linguagem.
Referências
ALVES, José Eustáquio Diniz. Antropoceno: a era do colapso ambiental. Disponível em: https://cee.fiocruz.br/?q=node/1106. Acesso em: 20 jan. 2023.
APPLEBY, Roslyn; PENNYCOOK, Alastair. Swimming with sharks, ecological feminism and posthuman language politics. Critical Inquiry in Language Studies, v. 14, n. 2-3, p. 239-261, 2017. Disponível em:
https://doi.org/10.1080/15427587.2017.1279545. Acesso em: 20 jan. 2023.
BALLESTRIN, Luciana Maria de Aragão. Modernidade/Colonialidade sem “Imperialidade”? O Elo Perdido do Giro Decolonial. DADOS – Revista de Ciências Sociais, v. 60, n. 2, p. 505-540, 2017. Disponível em:
https://doi.org/10.1590/001152582017127. Acesso em: 20 jan. 2023.
BARAD, Karen. Posthumanist performativity: Toward and understanding of how matter comes to matter. Signs: Journal of Women in Culture and Society, v. 28, n. 3, p. 801-831, 2003. Disponível em:
https://doi.org/10.1086/345321. Acesso em: 20 jan. 2023.
BORELLI, Julma Dalva Vilarinho Pereira; SILVESTRE, Viviane Pires Viana; PESSOA, Rosane Rocha. Towards a Decolonial Language Teacher
Education. Revista Brasileira de Linguística Aplicada, v. 20, n. 2, p. 301-324, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1984-6398202015468. Acesso em: 20 jan. 2023.
CANAGARAJAH, Suresh. Materializing ‘competence’: perspectives from international STEM scholars. The Modern Language Journal, v. 102, n. 2, p. 268-291, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1111/modl.12464. Acesso
em: 20 jan. 2023.
FERRANDO, Francesca. Posthumanism, Transhumanism, Antihumanism, Metahumanism, and New Materialisms: differences and relations. Existenz, vol. 8, n. 2, p. 26-32, 2013. Disponível em :
https://existenz.us/volumes/Vol.8-2Ferrando.pdf. Acesso em: 20 jan. 2023.
IPAXI ‘AWYGA TAPIRAPÉ, Gilson. Takãra: centro epistemológico e sistema de comunicação cósmica para a vitalidade cultural do mundo Apyãwa. 140 f.
Dissertação, Mestrado em Letras e Linguística. Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2020. Disponível em: https://repositorio.bc.ufg.br/tede/handle/tede/11124. Acesso em: 20 jan.
KOPENAWA, David; ALBERT, Bruce. A queda do céu: palavras de um xamã yanomami. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
KRENAK, Ailton. O amanhã não está à venda. São Paulo: Companhia das Letras, 2020.
KUBY, Candace R.; CHRIST, Rebecca C. The matter we teach with matters: Teaching with theory, theorizing with (textbook) bodies. Qualitative Inquiry, v. 26, n. 1, p. 71-80, 2020. Disponível em:
https://doi.org/10.1177/1077800419874826. Acesso em: 20 jan. 2023.
LATOUR, Bruno. Pandora's hope: essays on the reality of science studies. Cambridge e London: Harvard University Press, 1999.
MEHINAKU, Mutua. TETSUALÜ: pluralismo de línguas e pessoas no Alto Xingu. 221 f. Dissertação, Mestrado em Antropologia Social. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010. Disponível em: https://etnolinguistica.wdfiles.com/local--files/tese:mehinaku- 2010/mehinaku_2010.pdf. Acesso em: 20 jan. 2023.
MIGNOLO, Walter D. Colonialidade: o lado mais escuro da modernidade. Tradução de Marco Oliveira. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 32, n.
, p. 1-18, 2017. Disponível em: https://doi.org/10.17666/329402/2017.
Acesso em: 20 jan. 2023.
MIGNOLO, Walter. D. Coronavirus: el Estado y los signos de um cambio de época. Disponível em: https://www.lavaca.org/notas/coronavirus-el-estado- y-los-signos-de-un-cambio-de-epoca/. Acesso em: 20 jan. 2023.
MIGNOLO, Walter. D. Histórias Locais/Projetos Globais: colonialidade, saberes subalternos e pensamento liminar. Tradução de Solange Ribeiro de Oliveira. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003.
NASCIMENTO, André Marques do. A queda do céu: elementos para a descentralização epistemológica dos estudos da linguagem desde visões indígenas. In: ZOLIN-VESZ, Fernando (Org.). Linguagens e descolonialidades: práticas linguageiras e produção de (des)colonialidade no mundo contemporâneo. Campinas: Pontes, 2017. p. 55-78.
NYN. Juão. Tybyra: uma tragédia indígena brasileira. São Paulo: Selo do Burro, 2020.
OLIVEIRA, Elismênnia Aparecida; PINTO, Joana Plaza. Linguajamentos e contrahegemonias epistêmicas sobre linguagem em produções escritas indígenas. Linguagem em (Dis)curso, v. 11, n. 2, p. 311-335, 2011. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1518-76322011000200006. Acesso em: 20 jan. 2023.
PENNYCOOK, Alastair. Posthumanist applied linguistics. Oxford e New York: Routledge, 2018.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, Edgardo (Org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Buenos Aires: Conselho Latino-americano de Ciências Sociais – CLACSO, 2005. p. 107-130.
SANTOS, Boaventura de Sousa. A cruel pedagogia do vírus. São Paulo: Boitempo, 2020.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Renovar a teoria crítica e reinventar a emancipação social. São Paulo: Boitempo, 2007.
SAUSSURE, Ferdinand de. Course in general linguistics. Tradução de Wade Baskin. New York: Columbia University Press, 2011.
SOUSA, Laryssa Paulino de Queiroz; PESSOA, Rosane Rocha. Humans, nonhuman others, matter and language: a discussion from posthumanist and decolonial perspectives. Trabalhos em Linguística Aplicada, v. 58, n. 2, p.
-543, 2019. Disponível em:
https://doi.org/10.1590/010318135373715822019. Acesso em: 20 jan. 2023.
TODD, Zoe. An indigenous feminist’s take on the ontological turn: ‘ontology’ is just another word for colonialism. Journal of Historical Sociology, v. 29, n. 1, p. 4-22, 2016. Disponível em: https://doi.org/10.1111/johs.12124. Acesso
em: 20 jan. 2023.
VERONELLI, Gabriela Alejandra. Sobre a colonialidade da linguagem. Tradução de Silvana Daitch. Revista X, v. 16, n. 1, p. 71-80, 2021. Disponível em: http://dx.doi.org/10.5380/rvx.v16i1.78169. Acesso em: 20 jan. 2023.
WALSH, Catherine E. Interculturalidade crítica e pedagogia decolonial: in- surgir, re-existir e re-viver. In: CANDAU, Vera Maria Ferrão (Org.). Educação intercultural na América Latina: entre concepções, tensões e propostas. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2009. p. 12-43.
WALSH, Catherine E. Interculturalidad, colonialidad y educación. Revista Educación y Pedagogía, v. XIX, n. 48, p. 25-35, 2007. Disponível em: https://flacsoandes.edu.ec/sites/default/files/agora/files/1265909654.interc ulturalidad colonialidad_y_educacion_0.pdf. Acesso em: 20 jan. 2023.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License que permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).