A NARRATIVA-ESCREVIVÊNCIA COMO POSSIBILIDADE DE RESISTÊNCIA POLÍTICA

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.12957/periferia.2023.73399

Palabras clave:

Literatura, Escrevivências, Experiência.

Resumen

O presente artigo compartilha a minha assunção por caminhos teóricos-metodológicos enquanto pesquisadora que opta em sua dissertação de mestrado por se afastar dos modos tradicionais e positivistas e/ou hegemônicos de se fazer pesquisa em que o conhecimento para ser legitimado precisa ser medido, quantificado e validado por uma ciência moderna contemporânea, racista e hegemônica que exclui negros do processo de produção do conhecimento (ROSA, BRITO; PINHEIRO, 2020). Aproximo-me, assim de modos de pesquisar que acolham uma pesquisa escrita em primeira pessoa, onde minha escrita esteja articulada com as experiências vividas por mim enquanto mulher negra e professora de educação infantil no território de favela. Para isso, utilizo-me das escrevivências (EVARISTO, 2020) como instrumento metodológico e como possibilidade de narrar o vivido (LIMA; GERALDI; GERALDI, 2015), evocando experiências cotidianas em um discurso que é enunciado de dentro da minha própria realidade. No texto, defendo a literatura como possibilidade de potencializar a construção das identidades, o fortalecimento e a valorização do pertencimento negro em que narrativas promovem o encantamento e a descoberta da beleza de ser negro e a denúncia da condição subalterna que a sociedade insiste em nos colocar enquanto mulher e negra, em especial no ambiente acadêmico, em que nossas vozes são sistematicamente silenciadas e o conhecimento advindo da experiência é refutado sistematicamente. 

Biografía del autor/a

Queiti Cristina Pereira SILVA, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Cursando Mestrado em Educação no Programa de Pós Graduação da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro -UNIRIO; membra do Grupo de Pesquisa Práticas Educativas e Formação de Professores, Pós-graduada em Alfabetização, Leitura e Escrita pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ; Pós-graduada em Educação de Jovens e Adultos na Diversidade e Inclusão Social, da Universidade Federal Fluminense – UFF, concluído em 2016; Pedagoga com Licenciatura Plena e Bacharelado em Pedagogia pela Universidade Veiga de Almeida - UVA concluído em 2014. Desenvolve estudos na área de Educação Infantil com ênfase em: Leitura literária, Escrita e Leitura, Práticas Antirracistas.

 

Carmen Silva Sanches, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Centro de Ciências Humanas e Sociais, Escola de Educação.

Possui graduação em Pedadogia pela Universidade Federal Fluminense (1979), Mestrado em Educação pela Universidade Federal Fluminense (1994), Doutorado em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (2003) e Pós-Doutorado na Universidad de Buenos Aires e Flacso/Argentina (2011/2012). Professora Titular da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)/Escola de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEdu). Professora Convidada do Curso de Pós-Graduação "Maestría en Pedagogías Críticas y Problemáticas Socioeducativas", sede Tilcara, de la Universidad de Buenos Aires (UBA). Pesquisadora vinculada ao Grupo de Pesquisa: Práticas Educativas e Formação de Professores (GPPF) e ao Núcleo de Estudos e Pesquisa: Práticas Educativas, Escola e Cotidiano (NEPPEC)/UNIRIO. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Alfabetização, atuando principalmente nos seguintes temas: cotidiano escolar, alfabetizacão, educação infantil e formação docente. Coordenou, no período de 2014-2018, o sub-projeto de Pedagogia/Educação Infantil vinculado ao Projeto Institucional do PIBID/UNIRIO. Participa e co-coordena a Rede de Formação Docente: Narrativas e Experiências (Rede Formad/UNIRIO/Brasil), rede enredada a Red de Formación Docente y Narrativa (Argentina), Red de Lenguaje (Red Latinoamericana para la mejoria de enseñanza en Lenguaje) e a outras redes de formação docente na América Latina.

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Publicado

2023-07-26

Cómo citar

SILVA, Q. C. P., & Sanches, C. S. (2023). A NARRATIVA-ESCREVIVÊNCIA COMO POSSIBILIDADE DE RESISTÊNCIA POLÍTICA. Periferia, 15, e73399. https://doi.org/10.12957/periferia.2023.73399

Número

Sección

Dossier