ALIANÇAS INTERGERACIONAIS NO COMBATE ÀS CENSURAS CISHETEROPATRIARCAIS

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/periferia.2024.83221

Palavras-chave:

Infâncias, Velhices, Literatura Infantojuvenil, Censuras, Jéssica Love

Resumo

No presente escrito, as obras de literatura infantil Julián é uma sereia e Julián no casamento da autora Jessica Love são mobilizadas como tecnologias político-artístico e metodológicas que nos ajudam a imaginar mundos, infâncias e práticas educativas que apontem no sentido da inventividade, da liberdade e da alteridade. As categorias infância e velhice, por meio das personagens criadas pela autora, nos guiam no desenho das argumentações que apontam para a criação de rotas que desestabilizem essas estruturas normativas. Problematizamos, ao longo do texto, os movimentos recentes de censuras a livros infantis e infantojuvenis no contexto nacional e internacional, buscando compreender como acontecem esses movimentos, quais as influências e quais os principais argumentos utilizados por grupos que empreendem essas ações censitórias para justificá-las. Em um segundo momento, nossos esforços se direcionam para a defesa de processos educativos que não visem a manutenção da norma e sim o fomento à liberdade de escolhas e a garantia do acesso a informações entendidos como um direito. As discussões empreendidas nos permitem concluir que há um apagamento dos corpos e das perspectivas de meninas, meninos e menines no que diz respeito às suas experimentações, brincadeiras e acesso às informações. Proteger as infâncias é a grande preocupação de agentes educacionais e os silêncios e vigilâncias inscrevem-se nos fazeres e pensares cotidianos das instituições educativas.

Biografia do Autor

Késia dos Anjos Rocha, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Pós-doutoranda no ProPEd UERJ, Bolsita FAPERJ (Edital/2023. Pós-doutorado Nota 10). Doutora em Educação pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Mestra em Educação pela UNESP/Marília/SP. Graduada em História pela UNESP/Assis/SP. 

Érika Cecília Soares Oliveira, Universidade Federal Fluminense

Graduação em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), Mestrado em Educação para a Ciência (UNESP) e Doutorado em Psicologia (UNESP). Atualmente é professora Adjunta no Departamento de Fundamentos Pedagógicos (FEUFF) trabalhando com temas como feminismos, políticas de escrita, gênero e psicologia da educação. 

Referências

ALVAREZ, Sonia E. Protesto: provocações teóricas a partir dos feminismos. Polis, Santiago, v. 21, n. 61, p. 128-153, 2022. Disponível em https://www.scielo.cl/scielo.php?pid=S0718-65682022000100128&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em 14 jun. 2023.

BILÓ, Gabriela; OLIVEIRA, Thaísa. Fotos da Folha indicam possível pichadora do ‘perdeu, mané’ na estátua da justiça do STF. Folha de São Paulo, São Paulo, 24 jan. 2023, Política. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2023/01/fotos-indicam-possivel-pichadora-do-perdeu-mane-na-estatua-da-justica-do-stf.shtml. Acesso em 20 mar. 2024.

BURMAN, Erica. Criança como método como um recurso para interrogar crises, antagonismos e agências. Estudos e Pesquisas em Psicologia, vol. especial, p. 1-8, 2022. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/revispsi/article/view/71743. Acesso em: 25 mar. 2024.

BRITZMAN, Deborah P. ¿Existe una pedagogía cuir? O, no leas tan hétero. In: VVAA, Pedagogías Transgresoras II. Santa Fe: Bocavulvaria Ediciones. 2018, p. 7-38.

CAMAZANO, Priscila. Entenda os ataques do 8 de janeiro e seus desdobramentos. Folha de São Paulo, São Paulo, 7 fev. 2023. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2023/02/entenda-os-ataques-golpistas-de-8-de-janeiro-e-seus-desdobramentos.shtml. Acesso 21 fev. 2024.

CORPO SUA AUTOBIOGRAFIA. Direção: Cibele Appes e Renata Carvalho. (41m 17). 2020. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=nEx6s7b4a9U. Acesso: 10 fev. 2024.

DEBERT, Guita Grin. Pressupostos da reflexão antropológica sobre a velhice. In: DEBERT, G. G. (org.). Antropologia e Envelhecimento. Textos Didáticos n.13, Campinas, IFCH/ UNICAMP, 1998, p.7-27.

DOLL, Johannes; RAMOS, Anne C.; BUAES, Caroline S. Apresentação: Educação e envelhecimento. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 40, n. 1, p. 9-15, jan./mar. 2015. Disponível em: https://doi.org/10.1590/2175-623652407. Acesso em 27 fev. 2024.

FREITAS, Adriana V. S.; SOUSA, Carla. 20 obras com a temática do envelhecimento e da velhice para serem usadas em práticas de biblioterapia e mediação de leitura literária. Revista ACB. Florianópolis, v. 28, n. 1, p. 1-20, jan./dez. 2023. Disponível em: https://revista.acbsc.org.br/racb/article/view/1919. Acesso em: 27 fev. 2024.

KOBABE, Maia. Jovens queer precisam de histórias queer. Revista Quatro Cinco Um. 01 out. 2022. Disponível em: https://quatrocincoum.com.br/artigos/identidades/jovens-queer-precisam-de-historias-queer/. Acesso em 24 mar. 2024.

LIEBEL, Manfred. Colonialismo y la colonización de la infancia. In ______. Infancias dignas, o cómo descolonizarse. Editorial El Colectivo: Buenos Aires, Bajo Tierra Ediciones: México, 2019.

LOVE, Jessica. Julián é uma sereia. Trad. Bruna Beber. São Paulo: Boitatá, 2021.

LOVE, Jessica. Julián no casamento. Trad. Daniela Gutfreund. São Paulo: Boitatá, 2023.

HALBERSTAM, Jack. A arte queer do fracasso. Trad. Bhuvi Libanio. Recife: Cepe, 2020.

MELO, Eduardo R. Direito e norma no campo da sexualidade na infância e na adolescência. Cadernos de Subjetividade, n. 12, p. 98-107, 2010.

MOLINERO, Bruno. Estamos encurralados pela censura à literatura infantil, diz escritora colombiana. Folha de São Paulo, São Paulo, 18 mai. 2023, Era outra vez.

MORUZZI, Andrea.; ABRAMOWICZ, Anete. Pode a criança falar? Sobre feminismos subalternos, infâncias e educação infantil. Revista Teias, v. 24, n. especial, p. 71-82, 2023.

NUNES, Beatriz Bloise Pereira; POCAHY, Fernando Altair. Velhice e longevidade nos cotidianos da educação: rastreando (im)possibilidades nas (micro)políticas de currículo. PerCursos, Florianópolis, v. 24, e0119, 2023. Disponível em: https://doi.org/10.5965/198472462420230119

OLIVEIRA, Érika C. S. Histórias para descolonizar o pensamento. Psicol. Soc., Belo Horizonte, v. 29, 2017. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1807-0310/2017v29163117. Acesso em: 15 mar. 2024.

OLIVEIRA, Érika C. S.; ROCHA, Késia dos A. Análise de discursos neoconservadores provocados a partir do lançamento da obra A princesa e a costureira. In: MATTIOLI, Olga C.; ARAÚJO, Maria de Fátima (Orgs). Gênero, violência e psicologia: um percurso pelas políticas públicas. Curitiba: CRV, 2017.

OLIVEIRA, Érika C. S.; ROCHA, Késia dos A. Infância é coisa, coisa? Proteger as infâncias para a manutenção do cisheteropatriarcado. Revista Mosaico, v. 16, p. 118-132, 2023. Disponível em: https://doi.org/10.18224/mos.v16i3.12592. Acesso em: 20 mar. 2024.

O GLOBO. Flórida estende ao ensino médio proibição de discussões sobre questões de gênero e orientação sexual. 19 abr. 2023. Disponível em: https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2023/04/florida-estende-ate-o-ensino-medio-proibicao-de-discussoes-sobre-questoes-de-genero-e-orientacao-sexual.ghtml. Acesso em 20 mar. 2024.

Por que livros ainda são censurados. Entrevistada: Sandra Reimão. Entrevistadoras/es: Magê Flores, Gabriela Mayer e Gustavo Simon. 2 de fev. 2024. Podcast. Disponível em: https://open.spotify.com/episode/2ONFDuIbPgQov3zaY6fJlA?go=1&sp_cid=a7ad7d72988679faaaf5e2a93f256cab&utm_source=embed_player_p&utm_medium=desktop&nd=1&dlsi=3f8767bee4044cd9. Acesso em: 24 mar. 2024.

POCAHY, Fernando A. Gênero, sexualidade e envelhecimento: miradas pós-críticas em educação. In: PAIVA, J. (Org.). Aprendizados ao longo da vida: sujeitos, políticas e processos educativos [online]. Rio de Janeiro: EDUERJ, 2019, p. 189-203.

PRECIADO, Paul B. Testo Junkie: sexo, drogas e biopolítica na era farmacopornográfica São Paulo: n-1 Edições, 2018.

PRECIADO, Paul B. Entrevista. [12 abr. 2019]. Entrevistador: Canal Betevé. Entrevista a Paul B. Preciado: “Soy um dissidente del sistema sexo-gênero. YouTube. (18:12). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Aa-RiOuYiE4. Acesso: 20 fev. 2024.

PRECIADO, Paul. B. Um apartamento em Urano: crônicas da travessia. Rio de Janeiro: Zahar, 2020.

PRECIADO. Paul. B. Eu sou o monstro que vos fala: relatório para uma academia de psicanalistas. Tradução: Sara Wagner York. Revisão da Tradução: Carolina Torres. Revista A Palavra Solta. 2020b. Disponível em: https://www.revistaapalavrasolta.com/post/eu-sou-o-monstro-que-vos-fala. Acesso em: 07 jun. 2021.

PRECIADO, Paul B. Dysphoria mundi: o som do mundo desmoronando. Rio de Janeiro: Zahar, 2023.

RAMOS, Anne Carolina. Os avós na literatura infantil: perspectivas gerontológica e educacionais. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 40, n. 1, p. 191-225, jan./mar. 2015. Disponível em: https://doi.org/10.1590/2175-623645343. Acesso em: 20 fev. 2024.

ROCHA, Késia A. ManiFesta por uma Educação sem Juízo: artivismos das dissidências sexuais e de gêneros, censuras e educação. 215p.Tese, Doutorado em Educação, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão/SE, 2023. Disponível em: https://ri.ufs.br/jspui/handle/riufs/18091. Acesso em: 10 mar. 2024.

REIMÃO, S.; NERY, J. E.; MAUÉS, F. Tentativas de censura a livros nos primeiros dois anos do governo Bolsonaro 2019-2020. Literatura e Autoritarismo, [S. l.], n. 40, p. 5–18, 2023. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/LA/article/view/66347. Acesso em: 24 mar. 2024.

SANGLARD, F.N.; ORLANDINI, M.G.; OLIVEIRA, B.S. Censura à arte como sintoma do autoritarismo brasileiro. Latin American Research Review, n. 59, p. 160–184, 2024.

YARZA, C. La sobre-infantilización de la infancia: un problema para todos. Revista Teias, v. 19, n. 52, p. 150-157, 2018. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/revistateias/article/view/30534. Acesso em 23 mar. 2024.

Downloads

Publicado

30.08.2024

Como Citar

Rocha, K. dos A., & Oliveira, Érika C. S. (2024). ALIANÇAS INTERGERACIONAIS NO COMBATE ÀS CENSURAS CISHETEROPATRIARCAIS . Periferia, 16(1), e83221. https://doi.org/10.12957/periferia.2024.83221

Edição

Seção

Dossiê