ALIANÇAS INTERGERACIONAIS NO COMBATE ÀS CENSURAS CISHETEROPATRIARCAIS
DOI:
https://doi.org/10.12957/periferia.2024.83221Palavras-chave:
Infâncias, Velhices, Literatura Infantojuvenil, Censuras, Jéssica LoveResumo
No presente escrito, as obras de literatura infantil Julián é uma sereia e Julián no casamento da autora Jessica Love são mobilizadas como tecnologias político-artístico e metodológicas que nos ajudam a imaginar mundos, infâncias e práticas educativas que apontem no sentido da inventividade, da liberdade e da alteridade. As categorias infância e velhice, por meio das personagens criadas pela autora, nos guiam no desenho das argumentações que apontam para a criação de rotas que desestabilizem essas estruturas normativas. Problematizamos, ao longo do texto, os movimentos recentes de censuras a livros infantis e infantojuvenis no contexto nacional e internacional, buscando compreender como acontecem esses movimentos, quais as influências e quais os principais argumentos utilizados por grupos que empreendem essas ações censitórias para justificá-las. Em um segundo momento, nossos esforços se direcionam para a defesa de processos educativos que não visem a manutenção da norma e sim o fomento à liberdade de escolhas e a garantia do acesso a informações entendidos como um direito. As discussões empreendidas nos permitem concluir que há um apagamento dos corpos e das perspectivas de meninas, meninos e menines no que diz respeito às suas experimentações, brincadeiras e acesso às informações. Proteger as infâncias é a grande preocupação de agentes educacionais e os silêncios e vigilâncias inscrevem-se nos fazeres e pensares cotidianos das instituições educativas.
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