REVIVER O PASSADO, SENTIR O PRESENTE E IMAGINAR O FUTURO: DESANGULAMENTOS AUTOETNOGRÁFICOS

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/pr.2025.89502

Palavras-chave:

Autoetnografia. Linguística Aplicada. Decolonialidade

Resumo

Neste texto, retomo discussões teórico-metodológicas realizadas anteriormente com o fim de refletir sobre a autoetnografia nos dias de hoje, almejando aquecer e contrubuir para as discussões sobre o tema. Optei por apresentar um texto com nuances autoetnográficas alinhavadas com pressupostos téorico-filosóficos para encorpar os argumentos sobre o fazer autoetnográfico. Inicio a empreitada entralaçando minha relação com a metodologia de pesquisa em questão e algumas críticas propagadas por veículos de imprensa sobre o tema. Em seguida, tento exercitar um “filosofar” sobre o movimento autoetnográfico, priorizando aquilo que entendo como algo a priori das invetigações ancoradas na metodologia autoetnográfica. Avanço a discussão com conceitos e ou definições que podem dar suporte para que outros pesquisadores possam construir suas próprias definições sobre a metodologia de pesquisa autoetnográfica e, em seguida, proponho reflexões sobre o uso da primeira pessoa do singular em trabalhos científicos na área de Letras. Na sequência, recorro aos atravessamentos pelos quais podemos pensar a autoetnografia no contexto brasileiro por meio de pensamentos decoloniais e problematizações contemporâneas na área de Linguística Aplicada. Antes de finalizar, busco traçar um panorama atualizado das pesquisas autoetnográficas realizadas em universidade brasileiras e, também, reflexões sobre o movimento autoetnográfico em nosso país, salientando o papel das mulheres no fazer científico. Por fim, trago ponderações sobre o que e como foi realizado neste texto e proponho um exercício de reflexão para os leitores.

Biografia do Autor

Fabrício Tetsuya Parreira Ono, UFMS

Graduado em Letras- Português/Inglês, Mestre em Estudos Linguístico pela UNESP/IBILCE, Doutor em Letras pela USP. Professor do curso de Letras - Português/Inglês e do Programa de Pós-Graduação em Letras da UFMS, campus de Três Lagoas. Atualmente, suas pesquisas estão focadas na formação de professores pelo viés autoetnográfico, internacionalização do ensino superior, sociedade e redes sociais pela perspectiva decolonial.

Referências

ADAMS, Tony. Autoethnography, performance, and personal experience: contemplating the limits of artificial intelligence. Text and Performance Quarterly, 2025. https://doi.org/10.1080/10462937.2024.2449078

ADAMS, Tony; HERMANN, Andrew. Expanding Our Autoethnographic Future. Journal of Autoethnography, Vol. 1, Number 1, pp. 1–8,2020. https://doi.org/10.1525/joae.2020.1.1.1

Adams, Tony; ELLIS, Carolyn; JONES, Stacy Holman. Autoethnography. In The International Encyclopedia of Communication Research Methods, edited by J. Matthes, C. S. Davis, and R. F. Potter, 1–11. New York, NY: John Wiley & Sons, Inc. https://doi.org/10.1002/9781118901731.iecrm0011

ADAMS, Tony; JONES, Stacy Holman; ELLIS, Carolyn. Autoethnography. Nova York: Oxford University Press, 2015.

AGRA, Christiane Batinga. Formação com Professores de Língua Inglesa e Decolonialidade: Reflexões de uma Docente Pesquisadora em um Estudo Autoetnográfico. 2023. 130 p.Tese (Doutorado em Linguística e Literatura) – Universidade Federal de Alagoas. Faculdade de Letras. Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística. Maceió 2021.

AZOULAY, Ariella A. 2024. História potencial: Desaprender o imperialismo. São Paulo: Ubu Editora.BBC

BASONI, Isabel C. G; Espelho, espelho meu, que professora sou eu? reflexos e refrações sobre a formação do professor de língua portuguesa e os novos letramentos em um estudo autoetnográfico. Tese de doutorado. Universidade Federal do Espírito Santo, 2022.

BEZERRA, Selma Silva. Um estudo autoetnográfico em aulas de língua inglesa no ensino médio: reflexões sobre (de)colonialidades, prática docente e letramento crítico. 2019. 194 f. Tese (Doutorado em Linguística) – Faculdade de Letras, Programa de Pós Graduação em Lingüística e Literatura, Universidade Federal de Alagoas, Maceió, 2019.

BOCHNER, Arthur P. Putting meanings into Motion: Autoethnograpy’s Existential Calling. In: JONES, Stacy; ADAMS, Tony E; ELLIS, Carolyn. Handbook of Autoethnography (orgs.). Wallnut Creek, CA: Left Coast Press, 2013.

CARMAGNANI, Anna Maria G. A escrita como recusa da imobilidade: o autor e a política da criação de si. In: ECKERT-HOFF, Beatriz; CORACINI, Maria José (org.). Escrit(ur)a de si e alteridade no espaço papel-tela. Campinas, SP: Mercado das Letras, 2010. P. 67-76

CUSICANQUI, Silvia Rivera. Sociología de la Imagen: miradas ch'ixi desde la historia andina. Buenos Aires: Tinta Limón, 2015

DELEUZE, Gilles. ¿Que és un dispositivo? In: Michel Foucault, filósofo.

Barcelona: Gedisa, 1990, pp. 155-161. Tradução de Wanderson Flor do Nascimento.

DOSSE, François. O Império do sentido: a humanização das Ciências Humanas. Bauru, SP: EDUSC, 2003

FADINI, KARINA ANTONIA. Autoetnografia e processos de subjetificação em educação linguística: (trans)formações de uma professora de inglês. Orientador: Prof. Dr. Daniel de Mello Ferraz. 2020. 265 p. Tese (Doutora em Linguística) – UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO, Vitória, ES, 2020.

FERRARI, Luciana; ONO, Fabrício T. P. (orgs). Pensando o mundo a partir da deficiência: narrativas de dentro pra fora. São Paulo: Pimenta Cultural, 2024.

Ferraz, Daniel de Mello; ONO, Fabrício T. P. Discursos, Letramentos e Formação com Professores em tempos de Influenciadores Digitais. In: Micheline Mattedi Tomazi e Ariel Sessa. (Org.). Discursos Contemporâneos: Saúde, Educação, Política E Interseccionalidades. 01ed.Campinas: Pontes, 2023, v. 01, p. 61-84.

FREIRE, Paulo. A Educação na Cidade. São Paulo: Cortez, 1991.

GALE, Ken; WYTT, Jonathan. Autoethnography and Activism: Movement, Intensity, and Potential. Qualitative Inquiry, 25(6), 566-568, 2018. https://doi.org/10.1177/1077800418800754

HAN, Byung-Chul. Sociedade do cansaço. Giachini, Enio Paulo. 2. 2017. Vozes, Petrópolis: 128

JAMES, Bridle. A nova idade das trevas: a tecnologia e o fim do futuro. Tradução de Érico Assis. São Paulo: Todavia, 2019.

JESUS, Carolina Maria.Quarto de despejo: diário de uma favelada. 10. ed. - São Paulo : Ática, 2014.

KEHL, Maria Rita. Bovarismo Brasileiro. São Paulo: Editora Boitempo, 2018.

LEANDER, Kevin; BOLDT, Gale, G. Rereading “A Pedagogy of Multiliteracies”: Bodies, Texts, and Emergence. Journal of Literacy Research, 45(1), 22-46., 2023. https://doi.org/10.1177/1086296X12468587

LEVINAS, Emanuel. Violência do rosto. São Paulo: Edições Loyola, 2014.

MAGALHÃES, Joyce Rodrigues da Silva. Práticas decoloniais na formação inicial de professores de inglês: reflexões autoetnográficas de uma professora-formadora. 2024. 267 f. Tese (Doutorado em Linguística) – Universidade Federal de Alagoas. Programa de Pós-Graduação em Linguística e Literatura. Maceió, 2023.

MERLO, Marianna C. R. Autoetnografia, Infâncias e Decolinialidades em (Trans)formação. Tese de doutorado. Universidade Federal do Espírito Santo, 2022.

MULIK, Katia Bruginski. Letramentos (auto) críticos no ensino de língua inglesa no ensino médio: uma pesquisa autoetnográfica. 2021. Tese (Doutorado em Estudos Lingüísticos e Literários em Inglês) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2021. doi:10.11606/T.8.2021.tde-31012022-211124. Acesso em: 2025-01-31.

ONO, Fabrício Tetsuya Parreira. A formação do formador de professores: uma pesquisa autoetnográfica na área de língua inglesa. 2017. Tese (Doutorado em Estudos Lingüísticos e Literários em Inglês) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017. doi:10.11606/T.8.2017.tde-12052017-153239. Acesso em: 2025-01-31.

PATHAK, Archana. Musings on Postcolonial Autoethnography. In: JONES, Stacy; ADAMS, Tony E; ELLIS, Carolyn. Handbook of Autoethnography (orgs.). 1ª edição. Wallnut Creek, CA: Left Coast Press, 2013.

PENNYCOOK, Alstarir. Uma lingüística aplicada transgressiva. In: MOITA LOPES, L. P. (org.). Por uma lingüística aplicada indisciplinar. São Paulo: Parábola, 2006. p. 67-84.

PEREZ, Rodrigo. Sobre relações entre movimentos sociais de esquerda e universidades públicas. Revista Fórum, 2024. Disponivel em: https://revistaforum.com.br/opiniao/2024/10/4/sobre-relaes-entre-movimentos-sociais-de-esquerda-universidades-publicas-por-rodrigo-perez-166809.html. Acesso em 31 de janeiro de 2025.

PICKLES, Matt. 'Selfie acadêmica': Os pesquisadores que usam a si mesmos como base de estudos. BBC News Brasil, 2017. Disponível em https://www.bbc.com/portuguese/geral-40006132 Acesso em 31 de janeiro de 2025.

QUIJANO, Anibal. Colonialidad y modernidad/racionalidad. En Los conquistados. 1492 y la población indígena de las América. In: BONILLA, Heraclio (compilador). Quito: Tercer Mundo-Libri Mundi Editors, 1992. p. 447.

RANCIÈRE, J. O desentendimento. São Paulo: Editora 34, 1996

SOUZA, Lynn Mario T. M. de; Multiliteracies & Transcultural Education. In: GARCIA, Ofelia; FLORES, Nelson; SPOTTI, Massimiliano. The Oxford Handbook of Language and Society. Oxford University Press, 2016

SOUZA, Lynn Mario T. M. de; DUBOC, Ana Paula M. De-universalizing the decolonial: between parentheses and falling skies. Gragoatá, 26(56), 876-911, 2021.https://doi.org/10.22409/gragoata.v26i56.51599

Souza, Lynn Mario M. de, MARTINEZ, Juliana. Z; DINIZ DE FIGUEIREDO, Eduardo. H. (2019). "EU SÓ POSSO ME RESPONSABILIZAR PELAS MINHAS LEITURAS, NÃO PELAS TEORIAS QUE EU CITO": entrevista com Lynn Mario Trindade Menezes de Souza (USP). Revista X, 14(5), 05–21, 2019. https://doi.org/10.5380/rvx.v14i5.69230

TSING, Anna. Viver nas ruínas: paisagens multiespécies no Antropoceno. Brasília: IEB Mil Folhas, 2019

ŽIŽEK, Slavoj. O sujeito incômodo: o centro ausente da ontologia política.Tradução: Luigi Barichello. São Paulo: Editora: Boitempo, 2016

Downloads

Publicado

2025-05-15

Como Citar

Ono, F. T. P. (2025). REVIVER O PASSADO, SENTIR O PRESENTE E IMAGINAR O FUTURO: DESANGULAMENTOS AUTOETNOGRÁFICOS. Pensares Em Revista, 33(33), 228–253. https://doi.org/10.12957/pr.2025.89502

Edição

Seção

DOSSIÊ 33: A AUTOETNOGRAFIA NA LINGUÍSTICA APLICADA: RUPTURAS, DESLOCAMENTOS E TRAJETÓRIAS/ DOSSIER 33: AUTOETHNOGRAPHY IN APPLIED LINGUISTICS: RUPTURES, DISPLACEMENTS AND TRAJECTORIES