ANÁLISE COGNITIVA DA CONSTRUÇÃO “# SÓ QUE NÃO” / Cognitive analysis of the “# só que não” construction
DOI:
https://doi.org/10.12957/pr.2020.52677Palavras-chave:
Linguística Cognitiva, Mesclagem Conceptual, Gramática de Construções, Ironia, Linguagem Virtual.Resumo
Neste artigo, analisamos a construção “#SóQueNão”, empregada como recurso irônico em interações estabelecidas por meio de postagens escritas na muito utilizada rede social Facebook, gênero digital multimodal. Na rede social em questão, podemos notar grande frequência de uso da construção tema de nosso trabalho, principalmente sob a forma das hashtags “#SóQueNão” ou “#SQN”. Tomamos por base pressupostos teóricos ancorados na Linguística Cognitiva, sobretudo, a Gramática de Construções, de Goldberg (1995) e a Mesclagem Conceptual, de Fauconnier e Turner (2002). Busca-se mostrar que as extensões de sentido veiculadoras da ironia – entendida segundo Coulson (2001; 2005) – são fornecidas pragmaticamente, a partir do contexto de uso dessa expressão. A ironia é um recurso linguístico muito utilizado nos mais variados textos da modalidade escrita e oral. Acrescenta‑se, ainda, que ao utilizar tal recurso, o escritor/falante intenta dizer ao leitor/ouvinte o contrário do que diz, contradizendo ou mesmo invectivando, de algum modo, a si próprio ou ao outro. A análise revelou que “#SóQueNão”, além de marcar discursivamente o efeito de ironia, desempenha, nas porções textuais em que figura, o papel de gatilho para oposição das ideias apresentadas. Verficamos, também, que a real compreensão dos efeitos de sentido da construção “#SóQueNão” apenas se torna possível dentro de um dado contexto de uso, o que reitera, desse modo, a importância do cenário comunicativo.
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